QUADRAGÉSIMO QUINTO

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N A R R A Ç Ã O R E N E S M E E

Eu corria parecendo assustada, mas aquele com certeza não era o mais rápido que eu conseguia correr. Minhas pernas pareciam se entrelaçar num nó enquanto eu corria e aquilo de algum modo não me chateava, eu sorria com olhos arregalados, estava assustada... mas aparentemente também estava feliz. Corro dentre as árvores até conseguir alcançar uma grande clareira repleta de flores primaveris, o aroma doce pairava pelo ambiente inteiro. De repente sinto algo agarrar a barra da minha calça puxando-a e fazendo-me tropeçar, caindo no chão e embolando sobre a relva, espalhando risadas por toda a floresta. Uma criatura minúscula escala o meu corpo estirado sobre a grama e deita na minha barriga, abraçando-me enquanto olhava-me sorridente.

" Te prendi mamãe, você é uma ladra muito má!" O menininho fala enquanto tenta puxar os meus braços para mais perto de si. Ele gargalha agarrando-me com ainda mais forças.

" Ok, eu me rendo policial!" Sussurro dramaticamente parecendo estar machucada.

" Te machuquei mamãe? M-me desculpe, essa não era a minha intensão." Ele gagueja enquanto me solta, se afastando e sentando entre minhas pernas, abraçando a si mesmo parecendo chateado.

" Não me machucou querido, está tudo bem." Digo sentando-me e passando os meus braços ao seu redor, reconfortando-o.

" Tobby! Tobby sai daí, o papai está quase me alcançando." Uma garotinha com a mesma estatura do garoto corre para longe das grandes árvores, se aproximando de nós na clareira.

" Nem pensar Sarah! Eu já prendi a mamãe, sou um policial competente, agora o papai vai te pegar e nós vamos ganhar." O menino diz cruzando os braços com força e liberando um biquinho fofo.

" Me prendeu é?" Levanto-me com agilidade. Ele olha para trás assustado e percebe que agora eu estava longe do seu aperto, ele havia perdido sua ladra.

Corro aproximando-me da pequena menina e agarro a sua mão firmemente, puxando-a para longe daquele lugar.

" Ah, qual é Tobby. Você não pegou a mamãe?" Escuto a voz de Jacob mais perto do que o esperado, ele devia ter chegado na clareira.

" Shh, faça silêncio elas podem nos ouvir." O garotinho responde. A menina gargalha baixinho e olha-me, apertando a minha mão em resposta.

Nós corremos até que sinto já estarmos longe o suficiente de casa e acho melhor não ficar tão longe. Percebo que estávamos próximas às fronteiras onde os lobos costumavam fazer as rondas e então escondo a menininha em um tronco oco e enorme, enfiando-me atrás de uma árvore como disfarce.

" Aqui está você!" O garoto aparece como uma sombra e puxa a menina de dentro do tronco, virando-a de costas e abraçando-se a ela para não deixá-la fugir.

" Mamãe!" Ela sussurra manhosa com um beicinho no final. Coloco o meu dedo em frente a boca pedindo-lhe silêncio para que Jacob não descubra a minha localização. Ando mais três árvores a frente e escondo-me novamente, ficando de olho nos pequenos que brincavam com uma lagarta próximo ao tronco em que se encontraram.

" Não pode se esconder de mim." Ele sussurra com a voz próxima e logo puxa os meus braços com agilidade, pondo-os acima da minha cabeça com os punhos grudados na árvore. Sua boca vai até o meu pescoço e gemo com a pele fervente.

-  𝐑 𝐄 𝐍 𝐀 𝐒 𝐂 𝐄 𝐑  -  A  SAGA CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora