- 𝐑 𝐄 𝐍 𝐀 𝐒 𝐂 𝐄 𝐑 - A SAGA CREPÚSCULO

QUINQUAGÉSIMO QUINTO

N A R R A Ç Ã O J A C O B

Sinto o seu peso no meu ombro enquanto ela parece dormir calmamente e escuto passos vindos da frente da casa. O cheiro característico dos Cullen ultrapassa as minhas vias nasais e relaxo os músculos sabendo que foram apenas eles que chegaram da caçada. O corpo magro de Edward aparece na porta fazendo com que eu acene com a cabeça sinalizando-lhe que estava tudo bem e logo ele se vira, indo embora rapidamente. A noite escura remexe o meu interior por lembrar que a matilha fazia a ronda sem mim neste exato momento. Mas o que mais eu poderia fazer? Largar uma Renesmee com a barriga duas vezes maior que o seu corpo inteiro e a saúde fragilizada não seria sequer uma hipótese e os lobos sabiam disso. Eu era atencioso e procurava sempre honrar com as minhas obrigações como alfa, no entanto não podia simplesmente deixá-la aqui e correr atrás dos garotos apenas por uma ronda noturna, os novatos do bando que ainda não entendiam muito sobre o imprinting e sobre as obrigações dos lobos – não só com a alcateia, mas também com a própria família e valores – com toda certeza me consideravam incompetente por tal ação. Monitorava os pensamentos de cada um dos líderes dos grupos, onde eles me informavam tudo o que se passava de estranho e inclusive os pensamentos curiosos dos novatos.

Hoje parecia uma daquelas poucas madrugadas calmas. Tudo estava quieto e tranquilo, exceto o 'bip' das máquinas que ajudavam Renesmee na sua jornada. Apesar de começar a desenvolver um sentimento pelo ser que crescia dentro dela, ainda assim achava absurdo o fato dela querer dar a vida por algo que nem conhecia.
Era Setembro e as folhas começavam a cair com o início do Outono, Renesmee já tinha um ano e onze meses de gravidez e Carlisle previa que o seu parto seria por volta de Janeiro com os seus dois anos e três meses, mas duvidávamos que ela resistisse até lá. Com a chegada da nova estação as minhas entranhas me avisavam constantemente que o Inverno seria severo, o que tornava um desafio ainda maior a continuidade da vida da minha amada que não conseguia nem passar uma tarde sem suas meias grossas. Se ela não morresse no parto, mesmo que enfiássemos o maior aquecedor do mundo e eu me agarrasse a ela a sua saúde mais frágil que a de um humano a levaria embora, o que me fazia levantar questionamentos a mim mesmo como: se os seus 'poderes vampíricos' haviam voltado para ela durante a nossa lua de mel, por qual motivo a sua saúde não era perfeita agora? Se ela morresse no parto como uma meia vampira, por que o veneno não se espalharia e ela não se tornaria uma vampira completa? E se Renesmee não morresse no parto, ela se tornaria uma vampira completa, uma meia vampira como sempre foi ou apenas uma humana fraca como havia se tornado depois da poção dos Volturi? Era um inferno ter que lidar com Renesmee e a sua natureza pouco estudada, ela parecia como uma grande caixinha de surpresas que poderia explodir pétalas de rosas na sua cara ou matéria tóxica como uma Chernobyl ambulante. Meias vampiras são, sem dúvidas, extremamente estranhas.

" É, quem diria chefe Jacob." A voz baixa de Bella ecoa no quarto, tirando-me dos meus devaneios.

O seu corpo magro permanecia encostado na porta, na sua cara um olhar debochado combinando com os braços cruzados em frente ao peito. Ela parecia ligeiramente alta e mesmo depois de todos esses anos ainda era estranho observá-la usando botas – ou qualquer outro tipo de sapato alto – de salto. A imortalidade lhe caiu como uma luva para assumir o gosto peculiar de Alice para as roupas, a mesma Alice que sempre insistia para a cada estação mudar o closet de todos e desde o casamento eu também estava incluído. No meu caso pelo menos ela usava o seu senso de moda na medida certa. As roupas eram confortáveis e de tecidos não muito quentes, favorecendo o meu conforto e a temperatura elevada do meu corpo. Ela era boa no que fazia.

" E o que você quer dizer com isso é..." Eu a incentivo a falar com um sorriso sacana.

" Que para alguém que não queria essa criança dá pra sentir o seu instinto protetor de dentro da floresta." Ela desencosta da porta e entra no quarto, aproximando-se de nós dois e admirando a filha nos meus braços que dormia tranquilamente numa posição quase que fetal. " Vocês parecem felizes de novo." Bella observa.