VIGÉSIMO QUINTO

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O meu pai trava o carro e coloca a chave no bolso dentro do smoking, vindo para o meu lado para me acompanhar. Os meus nervos acabariam comigo se eu não me casasse logo e eu não aguentava mais a sensação quente atrás do meu pescoço, parecia que minha cabeça iria ser arremessada para fora a qualquer momento.

Ando calada ao lado dele observando tudo ao meu redor. Eu não havia vindo ver nada da decoração ou do ambiente do baile depois da cerimônia, Jacob planejou a decoração sozinho de acordo com o que eu tinha lhe dito anteriormente. Meus pais o ajudaram com tudo e tia Alice provavelmente se envolveu sem eu saber, mas ele não quis que eu me preocupasse com detalhes em relação a isso, então disse que seria uma surpresa para mim, e realmente me surpreendeu já que eu nunca achei que Jacob teria tanto bom gosto.
A entrada era toda em um tecido branco, fino e transparente que era envolvido em grandes pilastras de madeira escura fincadas ao chão.
Nós nos dirigimos até a minha mãe, que me dá um beijo na testa e se dirige até as outras madrinhas do casamento para dar início à cerimônia. Eu esperava atrás de uma das grandes cortinas brancas enquanto as madrinhas e os padrinhos entravam.
O meu corpo entra em choque e eu não consigo dar sequer um passo para chegar ao tapete vermelho de entrada. Olho para o meu pai que acena um positivo com a cabeça e gesticula com a boca um "tudo bem esperar um pouco, tudo aqui será no seu tempo".
Eu olho para frente novamente, para o grande tapete. Até agora nenhum convidado havia me visto e eu pensava se fugir seria uma solução. Eu o amava e queria de verdade passar uma vida com ele, mas o meu medo de avançar e todos os sonhos que eu tive nos últimos dias se realizarem e tornarem o que deveria ser o melhor momento da minha vida o pior era o que me impedia.
Meu pai acaricia a minha mão tentando me dar algum conforto e mostrar que estaria ao meu lado em qualquer decisão. Eu pisco várias vezes como se fosse alguma forma esquisita de tomar coragem e como um impulso dou o primeiro passo em direção ao meu casamento. O tapete vermelho se aproxima dos meus pés e eu aperto o braço do meu pai. Meu olhar acompanha o chão e escuto a música suave que tocava ao fundo para a minha entrada. Chegamos ao grande tapete que me levaria até o meu amado e eu não tenho coragem de levantar o olhar. Meu pai anda devagar acompanhando o ritmo da música e sinto que várias pessoas me olham, fazendo a minha pele queimar e as minhas bochechas esquentarem. Penso em como seria estranho uma noiva entrar de cabeça baixa, como pareceria que eu estou sendo forçada a fazer aquilo e tomo coragem de olhar ao meu redor. Finalmente levanto a cabeça e posso ver todos aqueles que algum dia participaram da minha curta vida, aqueles que sempre estiveram do meu lado em momentos importantes e me apoiaram quando precisei, sejam eles família, amigos ou matilha. De longe consigo ver Senan e Zafrina, –que por algum milagre vestiam roupas formais e estavam muito bonitas sem os traços de tinta no rosto e sim com uma maquiagem leve– Kate e Alister, Tânia e Eliezar, Nahuel e sua tia Huilen, vô Charlie e Sue, vó Reneé e Phill e mais alguns meninos da reserva com acompanhantes.
Apertei o braço de papai e o trouxe para mais perto do meu corpo, seu frio me tomou. Nós caminhávamos devagar por um corredor entre as cadeiras, por cima do tapete que se estendia até o altar e eu tentava sorrir de volta para todos aqueles que olhavam para mim. Dos dois lados grandes arranjos de flores vermelhas e brancas, pequenas lâmpadas de LED estavam impostas por todo o ambiente e dentro dos arranjos de flores; ornamentavam deixando tudo ainda mais perfeito. Cadeiras de madeira escura com estofado branco deixavam os convidados mais confortáveis. A brisa da praia tornava o ambiente mais leve e reconfortante, ao fundo o sol começava a se esconder por trás do mar. O altar era repleto de rosas, luzes e em cada lado do arco de flores estavam os padrinhos. O meu alívio é enorme em ver um simples cerimonialista e não os representantes do clã capa preta, um peso é tirado do meu corpo.
Eu finalmente consigo vê-lo. Seu olhar encontra o meu e eu sorrio. Ele estava simplesmente incrível, mas parecia tão nervoso quanto eu. Seu corpo era coberto por um terno cinza escuro com uma pequena rosa falsa branca pendurada na frente. Sua camisa de dentro era branca, combinando com a gravata que tinha pequenas listras cinza. Seu cabelo estava penteado para o lado e aparentava estar com gel. Sua pele e seus olhos eram iluminados e o faziam parecer ainda mais atraente. Seu rosto angelical me convidava a ficar mais próxima dele a cada momento e sua boca parecia ainda mais irresistível que o normal.
Meu pai parece perceber que eu não estou mais hesitante e anda um pouco mais rápido, levando-me no embalo da música enquanto eu só consigo olhar para o Jacob. Em poucos segundos estamos próximos e o meu pai o abraça antes de se aproximar de mim, dar-me um beijo na testa e entregar a minha mão a ele.

-  𝐑 𝐄 𝐍 𝐀 𝐒 𝐂 𝐄 𝐑  -  A  SAGA CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora