1. Drunk nights

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❝  — I might regret this when tomorrow comes ❞
───⊱❦⊰───

A música alta reverbera por meus ossos enquanto caminho desorientado. Perdi meu copo em algum dos corredores imundos e não consigo ver nada além de um borrão de adolescentes se entrelaçando nas paredes, nos cantos e nos sofás. Isso foi um gemido? Está parecendo um puteiro. Esfrego meu rosto e dou um suspiro.

Não devia ter confiado naquela louca. "Será uma festa só para os mais chegados". Aham. A minha festa de "despedida" ao melhor estilo: putaria fresquinha. Estão servidos? 

Halsey está cantando em um palco improvisado feito da mesa da sala de jantar e uma cadeira. Isso era para ser uma dança sexy? Dou um riso baixo quando vejo seu corpo sinuoso acenar para mim em um convite. "Passo", murmuro enquanto tateio os móveis em busco de apoio.

Eu preciso de ar. Amanhã estarei voltando... Como vou pegar um avião neste estado? Não que eu realmente me importe com sobriedade. Não. Estou longe desse perfil principesco do bom garotinho faz muuito tempo. Mas... 

- Hey! JK!!!

Ahhh. Ela me seguiu. Sinto seus braços se envolvendo ao redor do meu pescoço. Sua voz estranhamente harmoniosa mesmo totalmente bêbada. Sinto o aroma doce de seu perfume e da loção hidradante costumeira. Dias atrás a minha pele exalava esse mesmo perfume.

Dou leves tapinhas nos braços dela e me desenlaço do abraço. Cambaleio em direção a parede na qual me encosto. Encarando Halsey consigo ver claramente... O tom neon dos seus cabelos recém tingidos e nada mais. Sua voz parece distante. Oscilo entre estar acordado e sonhando acordado. Vejo uma garota voar por trás dela, pisco confuso, então não consigo focar em nada porque tudo está girando. Vejo sombras disformes, luzes fluorescentes, sorrisos e olhares lascivos. 

Halsey me dá um golpe de leve no ombro, "one punch para acordar os idiotas", sorrio levemente em resposta. Eu sei o que ela quer. Também sei o que a garota ao meu lado quer. E sei que existe uma fila de garotas, e garotos, esperando dividir a cama com a anfitriã nesta noite. Não tenho nada a perder. Exceto, talvez, um avião.

Não vale o risco. E não quero partir depois de algo assim. Sinto que poderia ser algo inacabado. Mesmo que não exista nada de fato entre nós. Somos apenas bons amigos. Bons amigos que sabem curtir uma noitada apesar da...

Ah. Ela é uma noona, eu sempre esqueço disso.

Ela já tem seus vinte e dois anos. Enquanto eu ainda mal completei dezessete. Meu passe livre para as noitadas bem acompanhadas veio com meus quinze anos. Antes disso... Eu tinha noitadas mal acompanhado. E foi numa dessas que tive minha primeira transa. Não faço ideia de com quem tenha sido. 

Ela está entrelaçando seus braços em minha cintura. Seu sorriso felino desliza para a loira ao meu lado.

Ah. Sinto as mãos da loira deslizarem por meu peito, num convite muito sugestivo. Respiro fundo tentando silenciar aquele mar de sons incompreensíveis e ignoro o calor que emana dos toques das duas. Sem me preocupar com uma despedida adequada me desenlaço de suas garras e sigo para a varanda.

Ignoro também os olhares famintos, outros de ódio, enquanto sigo até o cercado emoldurado que limita aquele piso de pecado do silencioso jardim (e da queda mortal) abaixo. Apoio os braços enquanto fecho os olhos. Respiro fundo, então começo a cantarolar uma melodia que venho compondo desde os dez anos. 

Jamais consegui terminá-la. Sequer pensar em um nome ou uma letra. Ela nasceu de um sentimento único que não consegui nomear. Surgiu em uma das salas de piano na escola que frequentei na Alemanha.

Fall in the love's drug [KTH+JJK] Onde histórias criam vida. Descubra agora