Fall in the love's drug [KTH+JJK]

Outro: Euphoria

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Taehyung gemeu do meu lado, espreguiçando-se ao levantar. Devo ter cochilado porque a sala de prática está vazia exceto por nós dois. Ele balbucia algo então vai até o canto da sala, puxando o teclado e dedilhando algumas notas. Me estico no chão, decidindo se vale a pena cochilar mais um pouco quando a sala é preenchida por aquela melodia nostálgica.

A princípio eu mantenho os olhos fechados, saboreando a voz profunda de Taehyung enquanto as palavras escorrem como gotas de chuva. Ali sinto aquela porta se abrindo, daquela outra sala, mais vívida do que qualquer memória. Então estou naquela sala de música na Alemanha, assistindo aquele vídeo diversas vezes enquanto a música daquele garotinho do interior de Busan preenchia o mundo de luz e calor.

Me sobressalto, levantando aos tropeços. Vou até Taehyung gaguejando e gesticulando como um fanboy surtado diante de seu idol.

- Tae... Taehyung... Isso... Essa música! - Ele contrai as sobrancelhas, os dedos parados sobre as teclas. - De quem é?

- Ah. Nunca te contei? É minha. Foi a primeira que escrevi... Acho que eu tinha uns dez ou onze anos quando a toquei num concurso pela escola...

- De Busan.

Ele contrai os lábios naquele formato fofo de quando fica surpreso, logo abrindo um largo sorriso.

- Waaah... Como sabia? Meu Jungkookie nunca deixa de me surpreender.

Taehyung estendeu a mão na tentativa de me fazer um carinho no queixo, fazendo aquele barulhinho bobo que faz quando me trata como uma criança. Mas o impedi quando o puxei pela cintura, selando nossos lábios antes que eu me desfizesse em choro e riso feito o idiota apaixonado que sou. Ele me surpreende, todos os dias me dando um novo motivo para amá-lo ainda mais.

Embora pego de surpresa, Taehyung não demorou para tornar aquele beijo intenso o suficiente para me arrancar o fôlego. Ele separou nossos lábios com um suspiro rouco, acariciando meu rosto para recolher as lágrimas.

- Ei, o que foi? - Roçou os lábios sobre a cicatriz em minha bochecha, pousou um beijinho e voltou a me encarar. - Amo quando meu Jungkookie me beija do nada mas... por quê está chorando?

- A música... Busan... Na Alemanha... é só que... - Eu não conseguia parar de rir de nervoso enquanto mais lágrimas escorriam, me afastei limpando o rosto tentando dizer algo que fizesse sentido.

Respirei fundo, indo até o teclado, lutando contra o tremor nos dedos antes de tocar aquelas notas em que estive trabalhando por todos aqueles anos.

Aquela melodia incompleta e sem nome, inspirada por aquela apresentação que marcou o início do meu sonho.

Eu amava música. Mas foi naquela sala, vendo aquele vídeo de Taehyung... Foi ali que descobri que tipo de música eu queria fazer. Então fechei os olhos deixando que aquelas notas fluíssem pelos meus dedos, e as palavras simplesmente vieram.

"Você é o sol que ressurgiu na minha vida
Uma reencarnação dos meus sonhos de infância
Eu não sei o que são essas emoções
Eu ainda estou sonhando?"

Meu coração transbordava, se desfazendo em luz e brilho e calor. O mundo se expandia, infinito como o céu, e meu corpo perdia os limites, tornando-se um com o mundo.

"Meu entorno está ficando cada vez mais transparente"

Eu não sabia como descrever aquilo, e nem precisava. Eu senti que ali, aquela coisa sem nome tomava forma e ganhava vida própria.

Aquilo era o mundo. Era o céu. O infinito. Era luz e brilho. Era sol e aconchego. Era história e promessa. Passado, presente e futuro.

Aquilo era eu. Era "nós"...

- Take my hands now, you're the cause of my euphoria...

Eu podia sentir aquela onda de luz e calor ecoando pelo meu corpo, sussurrando aquela mesma frase várias vezes enquanto meus olhos fixavam-se naquele que me trouxe até ali, daquele que me salvou muito antes de sequer saber meu nome. Muito antes de nos encontrarmos.

Meu destino tinha um novo nome.

- Euphoria. Você é a causa da minha euforia, Kim Taehyung. - Murmurei com a voz rouca. - Desde aquela apresentação estive trabalhando nisso, mas nunca consegui concluir, não conseguia recuperar o que senti naquela dia. Eu sequer sabia o que era... mas agora ficou tudo tão claro... Era você... Era isso... Nós...

O vi cambalear um passo na minha direção, os olhos tão molhados quanto os meus, vi sua boca trêmula murmurar meu nome, então ele levou as mãos ao meu rosto e pousou sua testa na minha, suspirando em meio ao riso e as lágrimas.

- Jeon Jungkook, você é simplesmente... Perfeito.

Eu coloquei minhas mãos sobre as dele, suspirando em meio ao meu próprio surto bobo.

- Era você. - Repeti com a voz falhando devido ao choro e ao riso. - Sempre foi. Meus olhos sempre estiveram em você, Taehyung.

Ele soltou um riso baixo, então deslizou os lábios pousando um beijo sobre minhas pálpebras fechadas, depois sobre a cicatriz, na outra bochecha e finalmente nos lábios.

Cada beijo foi devoto, suave, com um carinho que me fazia sentir pisar sobre as nuvens. Então Taehyung deslizou os dedos, acariciando meu rosto antes de me segurar pelo queixo. Abri meus olhos e encontrei os dele fixos, brilhantes como uma galáxia.

- Achei que tinha sido o primeiro... - Deu um sorriso bobo antes de reassumir a seriedade. - Mas tudo bem, porque desde muito tempo atrás, meus olhos estão sempre em você, Jungkook.

Cada passo, escolha e desvio nos levou até ali. Fosse uma das sádicas maneiras dos deuses nos guiarem de volta para nós mesmos ou o presente de alguma entidade benigna apiedada de nossa miséria... Aquele era um destino pelo qual valeu a pena derramar cada gota de suor, sangue e lágrima.

Porque eu não estava mais preso num poço com as asas quebradas. Nem estava sendo obrigado a almejar um céu distante.

Porque eu tinha ali do meu lado tudo o que eu precisava. Pessoas que se tornariam minhas asas, minhas pernas e braços. Que estenderiam a mão sempre que eu precisasse.

Porque meus olhos fitavam um oceano de possibilidades, e aquele segurando minha mão olhava na mesma direção.

Não somos perfeitos. Jamais seremos. Mas não tememos o futuro, não tememos a escuridão.

Não teremos medo de seguir em frente, nem dos erros que possamos cometer.

Juntos, somos a luz um do outro. Desde muito antes, mesmo muito depois.

❝ Even if the sandy ocean floor splits in two
Even if someone shakes this world
Never let go of my hand
... Take my hands now
You're the cause of my euphoria ❞

──❦──
End.