Boa leitura! ❤️Ruby Lucas
A gente realmente nunca sabe o que pode acontecer, ou nunca paramos para imaginar as surpresas que a vida nos reserva. Há oito anos atrás, eu estava ao lado de Emma dividindo a dor com a loira, após receber a notícia que um de seus bebês havia morrido durante o parto e agora, cá estamos nós, três meses depois, após descobrir que a outra criança está viva e melhor ainda, agora pode conviver abertamente com Arthur. Ok, no começo, quando Regina e Henry apareceram, tudo parecia muita coincidência e assim como Emma, eu desconfiei um pouco das intenções da morena. Mas após uma conversa entre as duas, parece que tudo foi resolvido e agora, me nomearam madrinha de Henry e de quebra, acabei também criando uma amizade com Regina.
E como agora, sou madrinha não só de um, mas de dois pirralhos maravilhosos, minha maior missão é mimar esses dois o máximo que posso. Não posso ter filhos e por isso, acho que criei com Arthur uma conexão como se ele fosse um verdadeiro filho pra mim e agora, chegou Henry e aos poucos também estamos construindo uma bela relação.
Nesse tempo de aproximação, já participei de alguns encontros com os meninos, seja apenas com Emma, ou apenas com Regina ou até quando saíamos todos juntos, como estamos agora, enquanto Henry e Arthur se divertem na sala jogando videogame, nós estamos na cozinha da casa de Regina, conversando coisas aleatórias, enquanto bebemos cerveja e Emma cozinha.
— Swan, não é querendo me fazer de curiosa, mas acho que você prometeu me contar uma certa história do seu passado... — Regina diz, chamando a atenção de Emma. — se quiser, é claro, não quero parecer invasiva.
— Ah, é verdade. — a loira vira, se escorando na pia. — É uma longa história, mas vou resumir... quando eu tinha quinze anos, conheci Lilith, bem lá no início do ensino médio, e sabe como somos quando jovens, né? Aconteceu tudo muito rápido, uma paixão daquelas avassaladoras, começamos a namorar e todos os dias ela jurava ser apaixonada por mim, me prometeu mundos e fundos... ela tinha o sonho de ser modelo, e após alguns meses juntas, recebeu a proposta para trabalhar no Brasil, enfim, não pensou nem duas vezes, fez as malas e foi embora, tendo a audácia de me avisar só depois que já estava lá. — dá de ombros.— Demorei algum tempo pra superar isso, me senti meio que usada, sei lá... depois dela, o único relacionamento mais sério que tive foi com Neal...
— E-eu não sabia que você era bi. — Regina diz após alguns segundos. — Quer dizer, uma puta sacanagem dessa Lilith, não fui com a cara dela desde o momento em que ela entrou lá no Granny’s.
— E tem algum problema pra você em eu ser bissexual, Regina? — Emma pergunta enquanto volta ao que estava fazendo.
— Claro que não né, Swan? Que pergunta boba! Eu só fiquei surpresa em saber... não sei se já disse, mas Zelena, minha irmã mais velha, também é... e aí gente, falando nela, eu estou com tanta saudade dela... dos meus pais. — apoia o rosto nas mãos.
— É muito ruim mesmo ficar longe da família... — digo. — mas essas sua situação vai passar, esse idiota do seu ex marido vai tomar jeito e talvez você possa até voltar a sua vida de antes.
— Sim... — dá de ombros. — mas enfim, sem bad, sem tristeza. — a morena sorri, se levantando e indo em direção ao fogão. — E aí, Swan, esse jantar sai logo ou não sai? — tenta pegar uma batata frita, mas leva um leve tapa na mão.
— Faça o favor de tirar essa mão cheia dedos daqui. — Emma se vira, encarando a morena.
— Em, e agora, o que você está pensando em fazer em relação às Lilith? — pergunto, enquanto pego mais uma garrafa de cerveja. — Você sabe que ela tá doidinha por um flashback, né? — sorrio maliciosa, e a loira rola os olhos.
Seguro uma risada pela reação de Emma, mas não consigo passar por despercebida pela reação de Regina. A morena encara um ponto qualquer, com uma expressão tediosa.
— Eu não vou fazer nada. — Emma diz, chamando minha atenção novamente. — Lilith Page pisou na bola e já e passado, não sei nem o que ela veio fazer em Storybrooke...
— Ah, mas até eu que sei pouco da história, posso imaginar o que ela quer por aqui, né Swan? — Regina diz, e Emma apenas dá de ombros e volta ao que estava fazendo.
Antes que eu diga alguma coisa, somos interrompidas pelo toque da campainha e logo em seguida, Henry e Arthur chegam correndo na cozinha. Quem precisa de campainha com esses dois mesmo? Regina se levanta e segue os dois, indo até a porta, voltando alguns minutos depois com um lindo buquê de rosas nas mãos. E pode ser loucura da minha cabeça, mas no mesmo instante, vejo a expressão de Emma fechar e a loira fica séria, olhando para o nada.
— Hm, Regina Mills recebendo flores? — brinco, e a morena retira um cartão do meio das flores. — De quem são?
— São do Graham...
Eu já disse que Emma estava com uma cara péssima, né? Pois então agora, multipliquem isso umas dez vezes e imaginem uma loira com a expressão extremamente fechada, e eu só queria saber porquê. Após alguns segundos, Regina sai da sala, alegando estar indo colocar o buquê na água, nesse breve espaço de tempo, Emma termina de servir o jantar e quando a morena volto, não consigo evitar a pergunta.
— Regina, você e Graham estão tendo algo? — vejo Emma se jogar em uma das cadeiras, com uma cerveja em mãos.
— Não, claro que não... eu mesma já disse a ele que nós somos apenas amigos... mas não temos nada. — a morena encara diretamente a loira que permanece com o olhar perdido.
— Ninguém manda buquê de flores para outra pessoa, assim, atoa, né? — Swan diz após um certo silêncio.
— É, talvez Graham esteja mesmo se esforçando pra me conquistar, e pode ser também que aos poucos esteja conseguindo. — Regina diz, se sentando também.
Ótimo, agora ficamos as três num silêncio daqueles bem chatos. São quase vinte anos de amizade com Emma e posso dizer que a conheço muito bem, do mesmo modo que a loira me conhece mais que eu mesma, mas antes, eu assumo estar com uma certa dúvida em relação a essas atitudes de Emma se tratando de Regina. Nesse tempo todo da minha amizade com a loira, nós já tivemos vários casos amorosos, principalmente eu e nunca, repito, nunca vi Emma demonstrar ciúmes da minha amizade como está demonstrando de Regina. E todas essas reações de Swan, ainda mais após Regina começar a sair com Graham, só tem me levado a um pensamento: Emma Swan está sentindo algo por Regina e isso é mais que amizade. Quer dizer, até minutos atrás, eram apenas desconfianças, mas agora, com a chegada desse buquê e ainda mais depois do que Regina disse, eu não posso ter mais certeza de que esses ciúmes de Emma tem a pontinha de algo mais forte que uma simples amizade.
Vejo Emma se levantar e seguir rumo a sala, e então, Regina me olha com uma expressão que beira ao arrependimento.
— Eu não queria falar assim com ela... mas poxa, desde que comecei a sair com Graham, todo dia é uma provocação. — a morena dá de ombros, se afundando na cadeira.
— Você ainda vai se acostumar com a implicância da Swan... — sorrio. — vou lá falar com ela.
Regina assente e eu me levanto indo em direção a sala, encontrando Emma sentada entre os dois meninos, se divertindo em uma rodada de videogame. Fico alguns segundos perdida na cena, me sentindo verdadeiramente feliz pela minha amiga. Tantos anos sofrendo a morte de um filho e agora, tem os dois ao seu lado. Eu juro nunca ter visto Swan com um sorriso tão grande nos lábios.
Regina
O que seria a noite das meninas, perdeu completamente a graça depois que recebi aquelas flores, Emma mudou de humor completamente e não tivemos mais clima para nada. Eu pensei em me desculpar, já que fui um pouco grossa com ela, mas toda vez que tentava tocar no assunto, ela simplesmente se esquivava e as vezes até respondia ríspida, o que fez com que ela e Ruby fossem até embora mais cedo. Até na hora do tchau ela se despediu de longe e mal olhou na minha cara. Juro que as vezes eu queria entrar na mente da Emma para saber o que se passa nessa cabeça dura. Dessa vez eu não vou atrás dela, eu estou com minha consciência tranquila e sei que não fiz nada de errado, porém eu vou me afastar do Graham, pra ver se realmente o problema é ele.
Sou tirada de meus devaneios com a entrada de Arthur e Henry na cozinha, onde terminava de lavar a louça.
— Mamãe podemos comer mais sorvete? — me olharam com cara de cachorro pidão, e Arthur ainda sinalizava com a mão um espaço mínimo entre o dedo polegar e indicador que era só um pouquinho. Como negar algo pra esses meninos?
— Tá bom, mas depois vocês vão direto escovar os dentes e cama. — os dois assentiram e eu fui até o congelador pra pegar o pote de sorvete, Arthur se aproximou de mim e disse.
— Tia, você e a mamãe brigaram?
— Não, meu amor.
— A mamãe parecia brava quando foi embora.
— Não foi nada demais, é que as vezes os adultos são complicados, mais está tudo bem, não se preocupe. — disse entregando a taça e colher para ele.
Realmente os adultos são complicados, balancei a cabeça tentando espantar esses pensamentos e fui para sala, ficar com os meninos.
Emma Swan.
Sai da casa da Regina acompanhada de Ruby, que me pediu uma carona, entramos no carro em silêncio e eu sustentava uma carranca que nem eu sabia o porquê. Ruby parecia inquieta e eu tinha certeza que ela queria fazer alguma pergunta, mas não esperava que ela fosse tão direta.
— Emma, você está afim da Regina?
Pisei no freio, parando o carro bruscamente, fazendo com que nossos corpos fossem jogados pra frente, só não foi mais grave porque usávamos o sinto. Ela me olhou assustada.
— Ei Emma calma, eu só te fiz uma pergunta.
— De onde você tirou isso Ruby? Você só pode estar ficando maluca!? Eu afim da Regina? Ah me poupe!! Eu não posso estar afim dela, ou posso? — a última frase saiu quase como um sussurro, perguntado mais para mim do que para ela.
— Se antes eu tinha dúvidas Emma, depois desse show, eu tenho certeza!
— Certeza do que? A Regina e eu somos amigas, somente isso e eu jamais vi ela de outra forma.
— Aham, amigas sei... — Ruby disse com um sorriso irônico nós lábios.— Emma, você pode mentir pra Regina e até mesmo pra você, só que eu te conheço melhor do que ninguém, e dou a minha cara a tapa se você não tiver gostando dela.
Fiquei algum tempo em silêncio tentado absorver tudo aquilo que Ruby tinha dito, e depois voltei a dirigir, liguei o rádio afim de me livrar daquele silêncio constrangedor, assim que parei na porta em frente a sua casa, Ruby disse.
— Se realmente você está gostando dela, como eu sei que está, fala logo, porque se você continuar com essas atitudes vai acabar perdendo a Regina, e nem amizade vão ter mais. — me deu um beijo na bochecha e saiu, a vejo entrando em seu portão e volto a dirigir para casa, com meus pensamentos mais bagunçados do que nunca.
(. . .)
Logo pela manhã recebo uma ligação de Regina que resolvo não atender, depois da conversa com Ruby não estou preparada para conversar com ela. Como não atendi a chamada, logo ela me manda uma mensagem, com o que provavelmente seria o conteúdo da ligação. Regina perguntou se Henry poderia ficar mais um pouco e que o traria depois do almoço. Apenas respondi que sim, logo em seguida bloqueando o telefone, e tentando entender porque estava com tanto medo de falar com ela. E por fim, no fundo tenho de assumir que, acho que Ruby me fez enxergar o que eu não queria.
(...)
Ouço o meu celular tocar dentro da gaveta, e ao pegá-lo vejo a foto de Ruby brilhando na tela. Pondero se devo atender ou não, desde que tivemos aquela conversa, todas as vezes que nos falamos ela insiste em jogar na minha cara que eu estou apaixonada por Regina. E pior, ela acha que eu simplesmente devo dizer a ela como se eu tivesse dando um bom dia. Eu amo minha amiga, mas as vezes ela passa dos limites. O telefone para de tocar então deduzo que ela tenha desistido.
Volto a atenção para os relatórios que estão sobre minha mesa, e como tenho feito nos últimos dias ocupo a minha mente o máximo possível. Depois de três batidas na porta, vejo Ruby colocando o rosto timidamente pela fresta da mesma, aceno com a cabeça para que ela entre.
— Oi Emma. — Beija minha bochecha. Senta na cadeira em frente a minha mesa, e fica me encarando por alguns segundos. Já imaginando o que viria a seguir, corto o silêncio.
— O que foi dessa vez?
— Nada, não posso mais visitar a minha melhor amiga? Tive que fazer isso já que você não atende as minhas ligações. — disse fazendo bico.
— Eu estava ocupada, e não ouvi o telefone tocar. Desculpa. — a morena me olha desconfiada, mas logo dá de ombros e desconversa.
Então, entrando numa conversa boa e eu estava até achando estranho ela não falar nada sobre a Regina até o momento. E foi só pensar, que Ruby iniciou o assunto que eu simplesmente queria fugir.
— Ah, mais uma coisa antes de ir embora. Até quando você vai ficar sem falar com a Regina?
Estava demorando.
Eu não estou sem falar com Regina, só não tá dando pra falar muito porque ando muito ocupada. — dou de ombros, me encolhendo na cadeira.
— Emma essa cidade vive as moscas, nada acontece aqui, eu sei muito bem que você tá ignorando ela, porque está com medo.
— Chega Ruby! — disse um pouco mais alto, e ela me olha surpresa. — Não aguento mais você toda hora ficar insistindo na mesma história. Quantas vezes eu vou ter que te falar que eu não gosto da Regina!? — quando termino de falar me espanto ao ver Regina de pé na porta, olhando para nós com uma expressão séria, e antes que eu pudesse dizer alguma coisa ela sai andando.
Tento chama-la mas sem sucesso, olho para Ruby a minha frente, que até o momento estava muda.
— Satisfeita, Lucas?? — bato na mesa com a mão espalmada.
— Eu vou falar com ela... — caminha para a porta, mas eu a chamo.
— Você não vai falar nada Ruby! — digo ríspida. — Você já criou confusão demais. Vou esfriar minha cabeça e depois eu tento falar com ela. — Ruby apenas afirma com a cabeça, me olha com uma expressão culpada. — Só basta saber como... — me jogo na cadeira novamente, deixando meu corpo afundar o máximo possível.
Droga Swan! A situação já não estava lá a melhor coisa, agora ainda vem essa...Espero que tenham gostado. Até o próximo capitulo. 😘
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Amor Em Dobro - SWANQUEEN- CONCLUÍDA
RomanceÀs vezes não temos noção das surpresas que a vida pode nos revelar. Num dia, tudo pode virar e bagunçar nossa rotina de uma maneira que nunca chegamos a imaginar. E foi isso que aconteceu quando Emma descobriu que seu filho, que julgava estar morto...