Capítulo 17

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E chegamos, agora sim, ao último capítulo 🤧 esperamos que tenham uma ótima leitura, e se derretam de amores tanto quanto nós.

nos encontramos nas notas na embaixo. bye! ❤

Emma Swan.

Um mês depois...

Pela décima vez em poucos minutos pego meu celular para olhar que horas são e um suspiro impaciente sai de meus lábios ao ver que ainda está longe do dia amanhecer. São três da madrugada e, apesar de me sentir exausta, ainda não preguei o olho. E pelo visto, vou continuar assim pelo resto da noite.
É sempre assim. Ano após ano, quando chega essa data eu me perco em mim mesma, e nas lembranças que esse dia me causa e acabo ficando esse trapo. Hoje, fazem exatos doze anos que minha mãe se foi, e assim, são exatos doze anos em que dia após dia eu sinto um vazio enorme dentro de mim, uma dor que, apesar de que eu não fale muito, me castiga de uma maneira que eu não sei nem explicar. Tudo isso, por culpa de um bêbado inconsequente que a tirou de nós e sequer pagou por isso.
Eu não costumo comentar muito sobre isso, a morte da minha mãe é sim um fato muito doloroso que eu procuro externar menos vezes possível, pois a cada vez que toco no assunto, ou simplesmente me lembro, é uma dor, uma angústia devastadora como se tudo tivesse acontecido ontem mesmo. Mas enfim, eu tinha de treze para quatorze anos quando tudo aconteceu, Mary Margareth havia ido fazer uma viagem a trabalho, e ficou por dois dias em Boston, o que já foi o suficiente para fazer seu chicletinho, vulgo Emma Swan morrer de saudades. Quando ela me ligou, dizendo que estava vindo para casa, arrumei tudo é fiquei a sua espera, pronta para ouvir suas novidades e contar as minhas também. Era sempre assim, além de mãe, Mary sempre foi minha melhor amiga.
Mas o que era para ser uma espera de pouco mais de duas horas, começou a demorar muito e se tornou angustiante e extremamente dolorosa quando o telefone tocou, e eu atendi. Queriam falar com um adulto, meu pai, que aquela altura já havia ligado inúmeras vezes para minha mãe, correu até mim e conversou com o homem de voz grossa por alguns segundos. Daí em diante, tudo parece ter acontecido em câmera lenta. O telefone sendo colocado no gancho, os olhos de David Nolan cheios de água e os passos rápidos para me abraçar. De início, eu fiquei confusa, mas quando meu pai se desesperou, eu entendi que algo de e grave, muito grave havia acontecido.
Na luz do dia, haviam dois bêbados apostando corrida em plena rodovia, dirigindo em alta velocidade como se ali, não houvessem mais vidas que importasse além daquela diversão idiota. Em uma ultrapassagem de um dos homens, o choque foi certeiro com o carro de minha mãe que rodou algumas vezes e bateu em uma árvore no acostamento. Tentaram reanimá-la, mas nenhum esforço foi o suficiente para a trazer de volta. Fui de casa ao hospital de Boston  em completo silêncio, pedindo mentalmente que Deus não deixasse que nada de pior acontecesse, mas não adiantou, poucos minutos depois que chegamos tivemos a triste notícia de que nada pôde ser feito. E além de perder minha mãe, ali naquela sala de espera do hospital eu tive de ver meu pai desmoronando ao receber a notícia de que havia perdido o amor de sua vida. Sem dúvidas, foi um dos dias mais tristes da minha vida.
Depois disso, ficamos apenas eu e papai e devo dizer que David nunca, nunca mesmo deixou a peteca cair. Claro, dava para ver o quanto tudo isso o entristeceu, mas em momento nenhum ele se deixou abater. Sempre foi um pai maravilhoso, mas depois disso cuidou de mim pelo resto da minha adolescência e cuida até hoje da melhor forma possível. E quanto a isso, eu sou extremamente grata, e hoje, já adulta, tento retribuir de alguma forma todo esforço que ele teve em me amparar e sempre querer o meu melhor.
Encarando fixamente o teto, sinto meus olhos arderem por causa das lágrimas e depois de muito tentar segurá-las, me entrego ao choro. Me encolho sob os cobertores e é assim me permito ficar, até em algum momento da madrugada ser rendida pelo cansaço e acabar pegando no sono sem ao menos perceber. Acordo um tempo depois, com a sensação de estar sendo observada e ao abrir os olhos num sobressalto, a primeira imagem que vejo é Arthur parado ao lado da minha cama.
— Seu despertador tocou e você não acordou... mesmo dormindo você parece triste. — se senta ao meu lado. — Eu ouvi você conversando com o vovô ontem e sei que hoje está fazendo doze anos que a vovó morreu e por isso você se sente chateada. — me encara por alguns segundos.
— Está tudo bem, garoto... — dou um sorriso de canto, me ajeitando na cama. — é só meio difícil ainda... mesmo após tanto tempo. — balanço a cabeça negativamente. — Venha, vou preparar nosso café, não quero que se atrase para o colégio.
Me levanto num pulo, mas ao dar a volta na cama, sou interrompida por Arthur me abraçando de maneira apertada. Não sei como eu ainda me surpreendo com as ações desse meu garoto. Ele sempre, sempre se mostrou tão sensível, tão esperto e eu não sei nem explicar a força que esses olhinhos verdes sempre me passaram.
— Sabe... depois que o papai morreu, eu fiquei muito triste. — o garoto me puxa para que eu me sente na cama. — mas depois, eu entendi que aconteceu, porque foi o melhor pra ele... ele tava sofrendo, com dor e quando tudo aconteceu, eu vi que ele iria descansar. — ouvir Arthur dizer aquilo, me causou um nó na garganta. — Mas a vovó Mary morreu de acidente... e eu acho que isso só aconteceu, porquê era a hora certa. — dá de ombros. — eu tenho certeza que ela não gosta de ver você assim, triste sempre que chega essa data. — sorri de canto, levando uma das mãos ao meu rosto.
Sem conseguir dizer nenhuma palavra, apenas puxo meu menino para mais um abraço. Sinto algumas lágrimas banhando meu rosto, mas essas, por sentir as palavras de um garoto de oito anos me tocando de uma maneira que eu nem sei explicar. Por fim, após um longo suspiro, me desfaço do abraço e deixo um beijo em sua testa.
— Continue sendo sempre assim, ok? Enxergando as coisas dessa maneira, sendo esse garoto sensível... — ele concorda. — Eu te amo.
— Também te amo, mamãe. — deixa um beijo em minha bochecha.
Vejo meu menino sair do quarto e me levanto, seguindo primeiramente rumo ao banheiro. Lavo meu rosto e fico alguns segundos encarando meu reflexo no espelho, evidentes os efeitos de uma noite quase toda em claro. Os minutos seguintes passam voando enquanto ajudo Henry a se arrumar, preparo nosso café e me arrumo também. Saímos de casa com um pequeno atraso, mas ainda conseguimos chegar no colégio antes que o portão se feche.
— Vai lá, garoto! Se comporta, boa aula. — deixo um beijo em seus cabelos.
Ele corre e após mais uma troca de sorrisos ultrapassa o portão. Já eu, volto para o carro e sigo rumo a delegacia. Querendo ou não, mais um dia de trabalho me espera.
(. . .)
A manhã passou arrastada enquanto eu me afundava em trabalho. Numa certa altura, após repassar alguns relatórios, e receber algumas ocorrências, eu já sentia minha cabeça latejar, provavelmente devido ao sono. Fecho os olhos, massageando minhas têmporas e deixo meu corpo relaxar sobre a cadeira, me permitindo ficar assim por incontáveis minutos.
— Xerife? — uma voz masculina ecoa no ambiente, me fazendo abrir os olhos num sobressalto. — Desculpa te assustar... — é Graham, o homem sorri de canto, adentrando minha sala.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não... é só que você não parece bem. Fiquei um pouco... preocupado. — sorrio também, me ajeitando na cadeira. — Bom, você me contou outro dia, e eu me lembrei do provável motivo de você estar assim. Eu também já perdi minha mãe, e realmente, por mais que o tempo passe, é uma dor que não passa... ela só se atenua. — suspira.
— Obrigado pela preocupação, Graham. — ele acena, dando mais alguns passos em direção a minha mesa.
— Por que você não tira o resto do dia? Digo, já está na hora do almoço, você está visivelmente cansada, aposto que não dormiu a noite... — dá de ombros. — eu consigo levar as coisas por aqui.
Depois que eu e Regina embarcamos nesse relacionamento, e ela me fez perceber que meu ciúmes de Graham era inútil, eu voltei a ter uma boa relação com meu colega de trabalho e agora, nos falamos até mais que antes. Até porque, um dia em uma conversa aleatória com ele, na presença de Regina, acabei descobrindo que foi Humbert quem deu o primeiro toque a morena sobre o que a mesma estava sentindo. E quanto a isso, sou extremamente grata a ela.
— Não precisa, está tudo bem... só preciso de um café e consigo vencer esse dia.
Me levanto da minha cadeira, mas antes que diga mais alguma coisa, através da parede de vidro da minha sala, vejo Regina se aproximando. Havíamos nos falado algumas vezes essa manhã, mas a morena não havia comentado que viria até aqui. A mulher para próxima a porta, cumprimenta Graham e volta seu olhar à mim.
— Bom, eu aposto que sua namorada vai concordar comigo. — Graham dá de ombros.
— Em que?
— Emma tirar a tarde por hoje...
— Pois eu vim com a mesma ideia em mente. — Regina sorri, se aproximando. — Vamos Xerife, você não é de ferro e não está em um dia bom.
— Viu? — o homem solta um risinho, e eu suspiro.
— Ok, ok... mas eu estou bem, poderia muito bem trabalhar o resto do dia.
— Com a cabeça voando? Não mesmo, venha, vamos almoçar e depois ficaremos quietinhas o resto do dia.
Levanto as mãos em sinal de rendição, e vejo Regina dar uma piscadinha para Graham e logo em seguida, trocarem um sorriso. Nos despedimos do homem e em poucos segundos estamos do lado de fora da delegacia, indo em direção ao meu carro. E é impossível ficar em silêncio, ou de baixo astral ao lado de Regina, e durante nosso percurso até o Granny's, não é muito difícil que a morena arranque alguns sorrisos meus. É sempre assim, nós sempre tiramos os melhores sorrisos uma da outra e isso não é novidade para ninguém. 
— Rubs e Zel vão almoçar com a gente. — Regina diz, quando paro o carro na porta do restaurante. — Depois, podemos fazer o que você quiser... ou simplesmente não fazermos nada. — minha namorada sorri, repousando sua mão em minha perna.
— E o seu trabalho?
— Ruby é sua melhor amiga, te conhece mais que qualquer pessoa... ela sabe que você precisa do colinho da sua namorada hoje. — sorri, acariciando meu rosto. — Vamos!
Quando adentramos ao restaurante, vejo Zelena e Ruby em uma mesa. As duas acenam, e logo nos aproximamos, tomando nossos lugares também. O almoço transcorre normalmente, com algumas conversas aleatórias e por alguns minutos, minha mente vagueia ao longe, novamente nas mudanças que aconteceram desde a chegada de Regina.
Quando Robin fez tudo aquilo, não demorou muito para que Zelena chegasse a Storybrooke e com isso, foi praticamente questão de dias para que ela e Ruby fossem vistas juntas em todos os cantos por aí. Essas duas são um casal que eu apoio e dei força desde o início. Ruby, minha lobinha sempre foi uma pessoa incrível, e merece alguém a altura de toda sua intensidade e esse alguém, sem dúvidas é Zelena, que também acabou se tornando, além de cunhada, uma grande amiga.
— Agora vai pra casa descansar, porque sua cara tá péssima, amiga. — Ruby diz, me abraçando assim que paramos na porta do restaurante. — Onde estiver, tia Mary não gosta de ver a patinha dela assim. — deixa um beijo em minha testa. — Vai lá, que eu aposto que essa sua namorada vai te mimar horrores hoje.
Nos despedimos das duas e seguimos novamente para o carro, mas quando chegamos próximas ao automóvel, Regina estende a mão, num sinal para que eu lhe entregue as chaves.
— Relaxa, nós só vamos para a minha casa. — sorri.
— Certo... será que podíamos passar em um lugar antes?
— E onde seria, meu amor?
— Cemitério. — suspiro. — Eu sei que não tem necessidade, que eu posso orar e mentalizar por minha mãe de qualquer lugar, mas é uma tradição, todos os anos eu...
— Claro, baby... — sorri, acariciando meu rosto. — vamos.
Me sento no lado do carona, e seguimos pelo caminho em silêncio, trocando às vezes alguns sorrisos e olhares ternos. O percurso não é muito longo e por isso não demoramos muito a chegar no cemitério, olho para minha namorada que me lança mais um sorriso, e enlaça nossas mãos.
— Vai lá... é um momento seu. — deixa um beijo na minha mão. — Vou te esperar aqui, tá bom?
— Tá bom. — imito seu gesto, deixando um beijo em sua mão ainda entrelaçada a minha.
Desço do carro e me encaminho ao túmulo de minha mãe. Meu coração se aperta. Nem que eu tente, eu não consigo mensurar a falta que ela me faz, o quanto foi difícil me desacostumar com seus carinhos em meus cabelos enquanto conversávamos sobre qualquer coisa, o quanto eu chorei quando precisei apenas de um colo de mãe e eu já não a tinha mais ali.
— A senhora não tem noção da falta que me faz, mamãe. Não tem um dia que eu não pense em como as coisas seriam se você tivesse aqui... mas também, não há um dia que eu não sinta sua presença, mesmo que nos momentos mais simples da minha rotina. — suspiro. — Acho que a senhora tem visto o quanto as coisas mudaram, e o quanto isso tem me deixado feliz... eu não sei nem explicar a sensação de ter meus dois filhos pertinho de mim... e ainda tem Regina. Céus, eu amo tanto aquela mulher! — sorrio. — Mas eu sei que de algum lugar, a senhora tem presenciado tudo isso, e torcido muito por mim. — seco algumas lágrimas que molhavam meu rosto.
Em silêncio, olhando a foto em seu túmulo, faço uma oração. Como eu já disse, sei muito bem que poderia fazer tudo isso da minha casa, ou de qualquer outro lugar, mas mesmo assim, todos os anos eu venho, é uma tradição minha, um momento meu e enquanto puder, eu o farei.
— Te amo! — passo a mão pela foto, deixando escapar mais algumas lágrimas.
Mais alguns minutos, e eu refaço meu percurso saindo do local e encontro Regina escorada em meu carro, parece meio perdida em seus próprios pensamentos, encarando um ponto fixo em algum lugar do outro lado da rua.
— Ei... — me aproximo, demorando alguns segundos para ganhar sua atenção. — tudo bem?
— Sim. Você sabe, eu saio do ar às vezes. — sorri. — E você, está tudo bem?
— Estou sim, meu bem... então, vamos?
A morena concorda, e entramos no carro, seguindo com Regina ainda na direção, o caminho até sua casa. E assim, ficamos juntas pelo resto da tarde, apenas curtindo a companhia uma da outra, ora conversando assuntos aleatórios, ora em silêncio apenas trocando carinhos. Também passei algumas horas conversando com meu pai, enquanto minha namorada fazia cafuné em meus cabelos.
— Como saí mais cedo do trabalho, liberei Belle, tem problema? — Regina pergunta, quando enfim, criamos coragem para levantarmos da cama. — Eu busco os meninos, e poderíamos pedir uma pizza pro jantar...
— Ou, eu posso cozinhar para os meus amores. — me aproximo, a abraçando pela cintura. A morena apenas concorda, me abraçando pelo pescoço. — Obrigada... por tirar o dia comigo, por ficar do meu lado, por ser essa namorada perfeita. — trocamos um selinho.
— Não precisa agradecer, baby. Eu sempre, sempre vou estar com você, seja em momentos assim, mais dolorosos, mas principalmente nos momentos felizes.
Acho que não poderia ser mais grata por ter encontrado alguém como Regina, por ter encontrado em uma só mulher uma amiga, companheira, amante, namorada e sem dúvidas, a pessoa que eu quero amar pelo resto dos meus dias.
(. . .)
Dois meses depois.
Depois de uma semana corrida e cansativa, finalmente chegou o sábado, mas diferente do que faço todo fim de semana, hoje não vou poder aproveitar a cama até mais tarde. E por que? Porque finalmente chegou o dia que Arthur e Henry mais esperavam, e vêm nos falando sobre isso, e fazendo planos há semanas. O aniversário dos nossos garotos. Regina e eu decidimos fazer a comemoração de forma conjunta, claro, de forma alguma poderia ser diferente e como era de se esperar, os meninos vibraram quando contamos e demos a eles, a chance de escolher o tema.
Depois de muita conversa, até algumas discussões e um ficando emburrado com o outro por alguns minutos, decidiram que o tem a da festa seria no universo de Harry Potter. Ótimo, tema escolhido, eu e Regina corremos atrás de cada parte da organização da festa, algumas vezes contando com a ajuda de Ruby e Zelena. Durante pouco mais de três semanas, ficamos nessa correria, até chegar hoje e já termos tudo quase cem por cento pronto.
Além da festa, eu também tenho me dividido em preparar o meu presente para meus dois meninos. Após tanto pensar no que poderia dar para eles, algo que realmente fizesse a diferença e fizesse aqueles olhinhos brilharem, decidi montar um quarto, não só para Arthur, mas para os dois. Já que todas as vezes em que Henry dormia aqui, tinha que dividir a cama com Arthur e também, porque eu tenho planos de ter meus dois filhos pertinho de mim para sempre. Então, escolhi um terceiro quarto que há na casa, um pouco maior que o de Arthur e iniciei meus planos.
Inventei uma reforma de emergência na minha casa, e por isso, eu e Arthur estamos dormindo na casa de Regina há três dias. Não, eu não contei nem para minha namorada e aliás, tenho um outro plano para colocar em prática hoje a noite. Eu tenho me perdido tanto nos meus momentos com Regina, quando estamos juntas conversando qualquer besteira, cozinhando ou fazendo nada, que eu, sinceramente, já sinto que não posso mais viver sem isso, sem essa mulher do meu lado, sem o seu amor, sem seu jeito mal humorado pela manhã, sem sua mania de me assustar quando estou concentrada em algo... enfim, e como já não é novidade para quando eu não estou na casa dela, ela está na minha casa e levando isso em consideração, decidi convidar Regina e Henry para morarem comigo e Arthur.
Quando tive essa ideia, fiquei com um pouco de medo de estar sendo precipitada. Nós duas já fomos casadas, ela ainda teve mais problemas que eu e isso me fez ter um certo receio. Mas depois de um momento nosso ontem, quando estávamos a sós, na varanda de sua casa, deitadas olhando as estrelas e eu pude refletir o brilho da lua em seus olhos, eu tive a plena certeza de que o que eu mais que na vida é dormir e acordar ao lado daquela mulher, sem ter que me preocupar em que momento teremos de nos despedir. Então, vou deixar para conversar com Regina a noite, e enquanto isso, torço para que o universo conspire ao meu favor e ela aceite meu pedido.
Olho no relógio ao lado da cama, e são pouco mais de sete da manhã, ouço o barulho do chuveiro e isso indica que Regina está no banho. Me levanto, indo até o quarto de Henry e vejo que os dois ainda dormem e com isso, me aproveito para um momento a sós com minha namorada. Volto para o quarto, logo ultrapassando a porta do banheiro que estava entreaberta.
Antes de ser notada por Regina, ainda tenho a chance de admirar e contemplar a obra dos deuses que essa mulher é. Sorrio, quando ela se vira e dá um gritinho de susto ao me ver escorada na porta do box.
— Não queria te assustar... mas queria muito ser convidada para esse banho. — a morena morde os lábios, sorrindo de forma provocante.
— Sinta-se mais que convidada. — me chama com o dedo indicador, e em segundos, estou embaixo do chuveiro com ela.
Depois de um banho animado e repleto de carícias, eu e Regina saímos do banheiro e fomos preparar o café da manhã. Antes do almoço, teríamos de terminar de organizar algumas coisas e pela tarde, checar os últimos detalhes da decoração no lugar da festa, que será em um espaço que alugamos.
Enquanto termino de arrumar a mesa para o café, ouço passos e ao levantar os olhos, vejo os dois garotos parados próximos a entrada da cozinha, parecem ainda estar acordando.
— Bom dia, meus amores! — é Regina quem diz, se aproximando dos dois e abrindo os braços de maneira animada. — Parabéns! Feliz aniversário, meus meninos, saiba que eu desejo tudo de melhor pra vocês e amo vocês dois imensa e igualmente.
Ela deixa um beijo na testa de Henry e logo em seguida, repete o gesto com Arthur. Também me aproximo, abraçando um por um e logo em seguida me abaixo segurando as mãos dos dois.
— Vocês não sabem como eu estou feliz de ter vocês dois juntos, e poder comemorar o aniversário dos meus dois meninos unidos dessa maneira. — sorrio, sentindo meus olhos marejarem. — Eu amo muito, muito mesmo vocês dois. Parabéns! — os abraço novamente.
Deixo um beijo na testa de cada um, e me levanto. Regina me olha com um sorriso emocionado no rosto e me lança um beijo no ar. Iniciamos nosso café da manhã, e aos poucos a animação de Arthur e Henry vai crescendo, como nos últimos dias, e nos contagiamos também. Logo a mesa que estava repleta de várias coisas que nossos meninos gostam, vai ficando vazia.
— Agora, vocês vão se arrumar porque precisamos resolver mais algumas coisas e vocês vão ficar com a tia Zel. — eles concordam, e saem da mesa.
Pouco depois das dez, saímos de casa e antes de irmos para deixá-los com Zelena, decidi revelar meu presente para os meninos.
— Podemos passar na minha casa? É rapidinho, preciso pegar algumas coisas que preparei e deixei lá.
De forma animada, seguimos nosso caminho e lógico, a todo momento os garotos fazem planos de como será a comemoração, e eu e Regina trocamos alguns sorrisos ao ouvir a conversa empolgada dos dois.
— Ei pirralhos, venham me ajudar! — digo, assim que paro o carro em frente de casa. — Amor, vem também?
Regina concorda ao passo que os meninos já estão saltando para fora do carro. Destranco a porta, logo em seguida girando a maçaneta.
— O que a gente tem que pegar, mamãe? — Arthur pergunta, parando no meio da sala.
— Bom, agora que estamos aqui... — paro também, encarando os três. — na verdade, eu não tenho que pegar nada. Trouxe vocês aqui, porque aqui está o presente que eu quero dar para vocês dois.
Eles me olham de forma ansiosa, e até Regina parece meio surpresa. Aceno para que eles me sigam, e vou andando rumo ao corredor dos quartos, parando na frente da última porta que havia uma pequena placa escrita com o descrito:
“Aqui dormem dois heróis.”
Regina me olha como se já tivesse entendido, e me lança um sorriso genuíno, seus olhos também brilham ao ver a animação dos nossos pequenos.
— Então, Arthur e Henry, esse é o meu presente pra vocês. — dou espaço para que se aproximem da porta.
Juntos eles colocam as mãos sobre a maçaneta, e giram a mesma, abrindo a porta. A reação de Henry tapando a boca e Arthur encarando fascinado cada canto do cômodo, faz um sorriso radiante rasgar meu rosto. A decoração do quarto é toda trabalhada no tema de super-heróis. Desde os papéis de parede, o tapete, os enfeites nas estantes e até um espaço para os garotos fazerem lição de casa, tudo foi pensado com muito carinho e especialmente para eles.
Sinto Regina me abraçar pelas costas e enlaçar nossas mãos. Ficamos juntas, admirando a animação dos nossos garotos. Eles escolhem suas camas, brincam com alguns bonecos que fazem parte da decoração e percorrem cada cantinho do local, parecem ter gostado bastante. O que me deixa extremamente feliz.
— Eles amaram. — Regina diz, e eu me viro, chocando meu olhar com um sorriso gigante em seus lábios. — Se lá no início, quando eu te conheci e soube de toda a história, eu fiquei com medo de perder Henry pra você... hoje eu só posso agradecer por ter te encontrado, e por você me dar a oportunidade de crescer tanto e evoluir ao seu lado e trazer Arthur para minha vida também.
Eu sempre me perco ao ouvir Regina assumir seus sentimentos, tudo sai de uma maneira tão natural, mas que me encanta e me emociona de um jeito que não sei explicar. Somos interrompidas quando os dois garotos me abraçam, um de cada lado.
— Obrigada, mãe! — Henry diz.
— Obrigada, mamãe! — Arthur sorri, me mostrando uma de suas “janelinhas" nos dentes da frente.
Recebo um beijo de cada lado da bochecha e mais um abraço apertado. E novamente eu digo que não poderia estar mais feliz, mais completa e mais grata por tudo que eu tenho recebido na minha vida.
(. . .)
Depois de um dia corrido, era hora de arrumar os aniversariantes, o que não foi muito difícil, já que ambos estavam extremamente ansiosos para a festa. Depois de ajudá-los a se vestirem com as fantasias no tema da festa, no caso, os dois vestidos como Harry, foi hora das duas mães babonas entrarem em cena, tirando dezenas de fotos dos garotos.
— Mamãe, depois a gente tira mais fotos... vamos! — Henry corre até o sofá, pegando sua varinha.
— Certo, vou só pegar minha bolsa e a gente já vai.
E devo dizer que minha morena está um espetáculo a parte, se equilibrando perfeitamente em cima de um scarpin preto e tento seu corpo delineado por um vestido preto chegando na metade de suas chochas. Segundos depois de sumir de meu campo de visão, ela volta e então, seguimos rumo ao nosso destino da noite.
Quando chegamos, já haviam alguns convidados e entre eles, os pais de Regina, que haviam chegado na cidade há algumas horas. Eles parabenizam os meninos, os abraçando ser maneira carinhosa e logo em seguida cumprimentam a filha e a mim também.
— Vocês estão radiantes, meninas. — Cora diz, segurando nossas mãos. — Fico muito feliz de ver minha Regina assim...
— Obrigada por cuidar dela e de Henry, Emma. — é seu pai quem diz, acariciando levemente o rosto de Regina.
— Não precisam agradecer, eu amo a filha de vocês e ter ela, junto de Henry na minha vida é um presente tão maravilhoso que eu nem sei explicar. — digo sincera.
Regina aperta minha mão, e trocamos um sorriso. Ao longe, vejo Arthur e Henry já se divertindo nos brinquedos presentes no local. Logo Ruby e Zelena também chegam, nos cumprimentam e logo vão atrás dos meninos, na tentativa de cumprimentá-los também.
Enquanto Regina conversa com mais alguns convidados, me disperso e também encontro alguns conhecidos. Logo meu pai também chega, ele me cumprimenta com um abraço apertado e um beijo na testa.
— Estou tão feliz por você estar comemorando o aniversário dos dois assim, juntinhos. — acaricia meu rosto. — E Regina, já fez o convite a ela?
— Ainda não, papai. Estou tão nervosa! — ele segura minhas mãos. — E se ela achar que eu estou apressando as coisas? E se ela não aceitar?
Com o olhar, sigo Regina que conversa com o fotógrafo da festa. E como se fosse, sei lá, algum tipo de mágica, ela se vira e nossos olhares se encontram, e por um milésimo de segundos meu coração se acelera e eu me desmancho num sorriso, tendo a morena espelhando meu gesto. Percebendo minha expressão boba, meu pai olha para trás, e acena para Regina, que após desviar seu olhar do meu, faz o mesmo.
— Acha mesmo que corre o risco dela não aceitar? — David volta seu olhar para mim. — O amor de vocês transborda, e isso é muito lindo.
Abraço meu pai em agradecimento à suas palavras. Mais uma troca de sorrisos, e ele se afasta. Um tempo depois, chamamos todos os convidados para cantarmos o famoso “parabéns pra você” e novamente a sensação de gratidão se faz presente em meu peito, ao estar ali, ao lado de meus dois filhos e também ao lado de Regina. Se nos anos anteriores, comemorando o aniversário de Arthur eu não tinha ideia de que num canto do mundo, meu outro menino estava vivo, também comemorando mais um ano de vida, a partir de agora eu não troco essa união por nada nesse mundo.
Quando o número de convidados já havia diminuído um pouco, ficando em sua maioria as pessoas mais conhecidas, decidi que era a hora de colocar meu plano da noite em prática. Vou até o DJ que comanda a variedade de músicas infantis, e peço o microfone. Sinto meu coração bater tão forte como se ele fosse sair pela minha boca, e minhas mãos suarem de uma forma descomunal.
— Pessoal... — suspiro. — eu queria um minutinho da atenção de vocês. Juro que vou ser o mais breve possível. — sorrio nervosa, dando alguns passos a frente. – Então... eu acho que não tenho palavras o suficiente que expressem o quanto eu estou feliz, nesse momento meu coração está transbordando de tantas coisas boas que eu estou sentindo. A maioria de vocês que está aqui agora, sabem da minha história desde o início, e alguns mais íntimos, viram de perto a minha dor... mas enfim, sem tristeza. Hoje, depois de oito anos eu tenho a chance de ter meus dois garotos ao meu lado, e para completar a minha felicidade, eu conheci Regina. Somos aquela velha história de logo de cara o santo não bater, mas aos poucos eu fui domando a fera e hoje, posso dizer que ela é a mulher da minha vida. — procuro pelo olhar de Regina, que sorri, me mandando um beijo. — Regina, de alguma forma, eu já divido meus dias com você, mas parece que ainda me falta algo, principalmente quando temos que nos despedir. Já temos o quarto de Henry junto com Arthur, e agora eu quero saber se você aceita que o meu quarto, seja nosso, se você aceita dividir os espaços no armário, dividir a rotina, as compras... tudo. Amor, você é Henry, aceitam vir morar comigo e Arthur?
O sorriso de Regina se alarga, rasgando seu rosto e comigo acontece o mesmo. Rapidamente ela se aproxima, me abraçando de maneira apertada, me fazendo aspirar seu perfume e o cheiro de seus cabelos. Por fim, ela desfaz o contato, e me encara.
— Você não faz ideia do quanto eu quero isso, Emma. Ter você, aliás, vocês sem ter de pensar na hora da despedida, é o que eu mais desejo. — me abraça novamente. — Eu te amo.
Aplausos ecoam pelo ambiente, Henry e Arthur se juntam ao nosso abraço, fechando um ciclo e dando início a outro, que com certeza, será ainda melhor que esse passado. Por incontáveis vezes nessa noite eu me senti grata por estar vivendo isso tudo, mas agora, a sensação que eu sinto é inexplicável em palavras, e eu só consigo me sentir abençoada por ser digna de todo esse amor.
Antes, eu acreditava em sorte, mas hoje eu acredito em destino. Ultimamente, tenho pensado muito que cada um tem o seu caminho a seguir, para encontrar o seu tão esperado “final feliz" e agora, mais do que nunca, eu tenho a absoluta certeza de que tudo o que eu já passei, foi para me trazer até aqui, exatamente onde estou. Tudo estava escrito para chegarmos a esse fim, que na verdade é apenas o começo de uma nova e feliz vida.

                                            FIM.

Hey amores, é com muito carinho e pesar no coração que eu e a incrível HeeyMallu chegamos ao fim desta história.
Quero agradecê-la do fundo do meu coração por ter embarcado nessa ideia comigo, aguentar todas as minhas dúvidas e surtos, sobre o enredo e desenvolvimento e por tornar-se uma amiga tão especial.
(Te adoro ❤️)
Também agradeço a todos vocês pelos votos e comentários, saibam que fazem a grande diferença.
Confesso que foi difícil escrever esse fim, pois queríamos que saísse perfeito assim como tínhamos em mente.
Então espero que tenham agradado o coração de vocês.

Até uma próxima.

Amor Em Dobro - SWANQUEEN- CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora