Capítulo 16

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hey, hey! demoramos, mas cá estamos nós e agora sim com o finalzinho dessa nossa história. o capítulo ficou um pouquinho extenso, e então, para não ficar com uma leitura muito cansativa, decidimos dividí-lo.

tudo foi feito com muito carinho para vocês, esperamos que gostem! ❤

boa leitura, see you later. mwah!


Regina Mills.

— Calma Zelena, vai dar tudo certo.
— E se ela não aceitar? E se ela não gostar de mim da mesma forma que eu gosto dela, a ponto de aceitar namorar comigo? — minha irmã apertava os nós dos dedos e caminhava de um lado pra outro, enquanto eu terminava de arrumar alguns detalhes sobre a mesa de Ruby.
— Só cego não vê o quanto vocês duas se gostam Zel, vai dar tudo certo. — fiz ela parar pousando minhas mãos em seu ombros e a abracei em seguida tentando passar segurança. É engraçado ver Zelena tão nervosa por alguma coisa do tipo, ela nunca se entregou a ninguém dessa forma.
Há alguns dias quando ela me segredou que queria pedir Ruby em namoro, eu dei total apoio, pois está na cara que as duas são perfeitas uma pra outra, então Emma e eu a ajudamos a preparar essa pequena surpresa hoje. Enquanto Emma levou Ruby para tomar um café, Zelena e eu estamos preparando a sala onde será feito o pedido. Alguns balões em formato de coração, uma garrafa de champanhe no gelo e a aliança que Zelena  escolheu com a ajudas dos meninos, tudo estava perfeito e eu tenho certeza que será impossível Ruby não aceitar.
Bom, plano colocado em prática. Quando recebi a mensagem de Emma dizendo que as duas já estavam voltando, sai da sala de Ruby deixando uma Zelena super nervosa para trás e voltei para a minha mesa. Assim que Ruby passou pela porta, continuei com minha cara de paisagem como se nada tivesse acontecido.
— Oi Gina... você tem alguma notícia da sua irmã? Tô tentando falar com ela o dia inteiro... nem minhas mensagens ela responde.
— Bom, eu falei com ela de manhã só, depois não tive mais notícias também... será que está tudo bem? — perguntei  tentando soar preocupada, e vi a expressão desapontada dela.
— Vou continuar tentando falar com ela, mas se você souber de algo, me avisa, por favor.
— Pode deixar. — sorrio, concordando.
Assim que Ruby caminhou para sua sala, eu peguei minha coisas e saí, afinal faltava pouco pro meu expediente acabar e eu queria dar essa privacidade para elas. Como foi combinado Emma estava me esperando do lado de fora, e assim seguimos para minha casa.
Ruby Lucas.
Eu estava chateada com aquela situação, Zelena estava sumida por uns dias e parecia estar me ignorando, ou sempre que conversávamos tinha a sensação da minha namorada estar aérea, com a cabeça voando. E sempre que eu perguntava o que era, a ruiva colocava a culpa no cansaço. Mas eu a conheço, tem algo acontecendo e essa desculpa não me convenceu.
— Droga! — falo para mim mesma, enquanto abro a porta, pensando no que podia ter feito de errado para Zelena se afastar de mim.
Entro na minha sala de cabeça baixa, e a primeira coisa que me chamou a atenção, foi o perfume da minha ruiva que parecia bem forte como se ela tivesse acabado de chegar ou sair. De forma instintiva levanto minha cabeça imediatamente passando meus olhos pelo local, e posso ver a figura ruiva me encarando de uma forma até meio nervosa. Logo vi também a pequena decoração sobre a minha mesa, alguns balões em formato de coração, uma garrafa de champanhe, e uma plaquinha ao lado de uma foto nossa que dizia “Quer namorar comigo?”. Minha boca se abriu num perfeito O, e no primeiro momento minha reação foi ir até ele e abraça-la, sem dizer nada, apenas ficamos por um tempo que eu nem sei dizer, presas numa bolha só nossa. Depois de alguns minutos, Zelena se afastou o suficiente para encarar meu rosto.
— E então?
Sua mão esquerda apontou para a plaquinha, onde estava a pergunta e então respondi da forma mais animada que pude.
— SIM! SIM! SIM! — dizia enquanto enchia seu rosto de beijos estalados, acho que em toda a minha vida, eu nunca tinha me sentindo tão feliz. E quando eu achava que não podia ficar melhor, ela tirou do bolso uma caixinha vermelha de veludo e abriu, revelando um lindo par de alianças de compromisso, eram de prata e no meio tinha uma pequena pedra de Rubi.
— Assim que vi essas alianças eu me lembrei de você... essa pedra tem o seu nome, e com a ajuda dos nossos pirralhos eu tive certeza que só podiam ser essas. Muito obrigada Rubs, por tudo de bom que você trouxe para a minha vida, e saiba que você não vai se livrar de mim tão cedo. — algumas lágrimas teimosas banhavam meu rosto, e uma felicidade enorme me invadiu, ficamos ali por um bom tempo. Brindamos com o champanhe e trocamos caricias que, com certeza, estávamos precisando. Aquele momento com Zelena foi mágico, como sua presença desde que ela chegou em minha vida.
Regina Mills.
Seis meses depois.
Há exatos seis meses, eu estava ouvindo Zelena, sentada sobre a minha mesa de trabalho, surtando pois Ruby havia aceitado seu pedido de namoro. E claro, eu fiquei muito, mas muito feliz pela minha irmã e também por Ruby, que após todo nosso tempo de convivência, acabou se tornando uma grande amiga. E ah, gente... se vocês pudessem ver como essas duas desmioladas combinam e formam um casal tão lindo. E eu não sei nem diferenciar quem tem os olhos mais brilhantes e o sorriso mais bobo.
E agora, com as duas morando praticamente juntas, Zelena resolveu dar um passo a frente nessa relação. Seis meses de namoro, para alguns, muito cedo para se pensar em casamento, mas ao ver a empolgação da ruivas, não pude deixar de apoiar sua decisão e claro, ajudá-la a preparar algo que fosse extremamente especial para as duas.
Faz mais ou menos quarenta minutos que Zelena me ligou, dizendo que havia feito o pedido e que as novidades eram ótimas. E céus, até por telefone era possível sentir sua animação, o que quis dizer que, realmente as coisas haviam dado certo. O que me deixou ainda mais contente, pois eu desejo para minha irmã as coisas mais lindas desse mundo e se sozinha suas conquistas são magníficas, ao lado de Ruby, eu sei que as coisas só melhoram.
(. . .)
Durante toda a minha vida, nunca tinha visto a minha irmã tão feliz como hoje, mais especificamente agora, nesse exato minuto em que Zelena chegou aqui em casa radiante gritando aos quatro ventos que Ruby havia aceitado seu pedido de casamento.
— Que ótimo Zel! Eu fico tão feliz por vocês... — comemorei, abraçando minha irmã.
— Eu também, sis. Você não imagina o quanto... céus, há um tempo atrás eu não imaginava essa mudança na minha vida. Zelena dizia enquanto tentava parar de sorrir, o que era quase impossível, e logo trocou o assunto, me deixando constrangida.— Mas e você e Emma? Quando vão parar de enrolar?
— O que? Nós não estamos enrolando, Zelena! Nossa vida está ótima assim, e sei que quando chegar a hora certa vai acontecer... a única afobada aqui é você. — implico e a ruiva dá de ombros, me mostrando a língua. — Mas me conta, já escolheu a cor do casamento? E as madrinhas? Aliás, é  claro que eu vou ser sua madrinha,  né? — pergunto, mudando o foco do assunto de novo.
Minha relação com Emma está excelente, mas não tenho plena certeza se estamos prontas pra dividir o mesmo teto e todas as responsabilidades de um casamento. Quer dizer, nós praticamente já fazemos isso, só que não tem aquela formalidade, um dia na minha casa, no outro dia na dela... e comi dizem que em “time que está ganhando não se meche” é melhor continuarmos assim. De uma coisa tenho uma certeza eu amo aquela loira, e com certeza almejo um futuro ao seu lado, porém nunca chegamos a conversar sobre isso, e as vezes chego a pensar que Emma tem receio em me propor tal passo, ainda mais depois de todo o inferno que vivi ao lado do Robin. Mas também sei que quando tiver que acontecer, vai acontecer.
— Ah Gina, Ruby e eu ainda não decidimos nada... sem contar que ainda vai demorar um tempo pra oficializar.
Continuamos a conversar mais algumas trivialidades, com Zelena transbordando felicidade pelos poros, até que a porta de casa é aberta, por dois garotos ofegantes e com suas bochechas vermelhas.
— Meninos, o que eu já falei sobre correr dentro de casa? — os repreendo.
— Desculpa, mamãe... — encarei os garotos para ter certeza que não havia confundido, mas não, quem me chamou de mamãe foi Arthur.
Logo eles foram para o quarto e eu não tive tempo de questionar, talvez ali na força do momento, ele só tivesse se confundido.
Zelena e eu passamos a tarde conversando e fazendo algumas guloseimas e quitandas na cozinha. Quando mais novas nós tínhamos esse costume, fazíamos biscoitos, bolos e tortas, seguindo algumas receitas de nossa mãe, e dando nossos toques especiais.
— E a Emma, já deu notícias? — Zelena me pergunta fazendo vir a tona a saudade que eu estava sentindo.
David não estava sentindo-se muito bem e Emma foi tentar convencer ele a procurar um médico. Já que o pai é tão teimoso quanto ela... até nisso os dois se parecem
— Falei com ela um pouco antes de você chegar, disse que amanhã de manhã eles estarão aqui.
Depois da mesa posta, fui chamar os garotos para o café da tarde.
— Ei, quem aí está com fome? — pergunto e os dois sorriem, se levantando do chão. —  Vão lavar as mãos e depois desçam pra comer. — concordam e seguem rumo ao banheiro.
Menos de 10 segundos depois, quando ainda estou me dirigindo a cozinha, ouço um barulho de vidro quebrando. Corro para ver o que é, e logo que entro no banheiro, vejo Henry com os olhos arregalados e Arthur com um pequeno corte na mão e os olhos cheios de lágrimas.
Assim que eu me aproximo, Arthur jogo seu corpo contra o meu num abraço.
— Mamãe... — sua voz sai abafada por conta do choro.
E eu foquei novamente na palavra, que vinda de Arthur era novidade para mim. Mas logo voltei a dar atenção ao ferimento.
— Fica calmo, meu amor. O que aconteceu? — pergunto analisando o pequeno corte feito por um dos cacos de vidro.
— Foi minha culpa...— Henry disse chorando também.
— Vamos pra fora daqui, aqui tá muito perigoso. — levei os garotos para o meu quarto e depois de mais calmos me contaram que acharam uma bola no meio do corredor e começaram a brincar, quando Henry acertou a mesmo no espelho o deixando em muitos pedaços. — Por isso eu digo que não se pode brincar de bola aqui dentro, foi só um pequeno corte no dedo, mas poderia ter acertado o olho e assim seria mais grave... ah, a mãe de vocês me mataria se isso acontecesse.— suspiro, enquanto termino o curativo no dedo do garoto.
— O que foi, sis? — Zelena aparece na porta do quarto, e se aproxima dos garotos. — Aprontaram né, pirralhos?!
— Foi sem querer... — Arthur diz, fazendo biquinho e abaixando o olhar.
— Não façam mais isso... brincadeiras desse tipo, só lá de fora, ok? — chamo a atenção dos dois e eles concordam. — Agora, lavem as mãos aqui no banheiro do meu quarto e vamos tomar café.
Henry e Arthur concordam e seguem até meu banheiro, e logo em seguida, nos encontramos todos na cozinha ao redor da mesa, desfrutando das mais diversas quitandas que havíamos preparado. E nem preciso dizer o quanto os dois adoraram, já que nem sempre, eu ou Emma temos tempo de fazer todas essas coisas e como hoje é domingo, nada mais justo que agradar meus dois garotos.
É isso. Quase 9 anos amando imensamente Henry, e agora, eu sinto que todo esse sentimento se estende a Arthur... o mais sapeca, o com uma personalidade tão forte, que eu tenho certeza de saber muito bem de quem vem. Mas ao mesmo tempo, disputa com Henry no quanto conseguem ser carinhosos. São incontáveis abraços e beijos durante o dia, o que me leva a crer, que Arthur não acolheu apenas o irmão, mas a mim também.
(. . .)
Após um domingo divertido ao lado de Arthur, Henry e Zelena, quando chegou a noite eu já me sentia exausta. Mas mesmo assim, não troco por nada esses momentos de descontração que acontecem entre nós, principalmente nos fins de semana. E agora, depois do jantar, me perco admirando os dois garotinhos animados com meu celular já mais ou menos quarenta minutos, conversando com Emma.
— E vocês, principalmente o senhor, Arthur Swan, estão se comportando? — a loira pergunta e os dois assentem repetidas vezes, como se ela pudesse ver. — Um passarinho me contou que andaram aprontando hoje... jogando bola dentro de casa.
— Foi sem querer, mamãe. — Henry se pronuncia. – A gente prometeu que não faz mais, não é mesmo Arthur?
— Verdade... a gente desobedeceu a mamãe... quer dizer, a gente desobedeceu a tia Rê, e eu machuquei minha mão. 
É a terceira vez que ouço Arthur me chamar dessa maneira, e não sei se é por força do hábito, pela convivência com Henry, ou seja lá o que for, mas assumo que isso me traz um sentimento tão... bom? Pode ser que em sua inocência de criança, Arthur também tenha visto em mim alguém que possa confiar plenamente, assim como confia em Emma. E isso me deixa extremamente feliz.
— Bom, espero mesmo que não façam mais isso. Poderia ter sido pior. — Emma diz após alguns segundos de silêncio, provavelmente também pensando sobre o que Arthur iria dizer. — Mas aposto que já receberam uma bela bronca por aí.  — mais uma vez, os dois concordam. — Mas agora, já está ficando tarde e amanhã vocês tem aula logo cedo.
— Ah não, mãe Em... a gente quer falar mais com você! — Henry protesta e posso ouvir uma breve risada de Emma.
— Amanhã bem cedinho eu estou aí, ok? Nos vemos antes de você irem para o colégio, combinado?
— Combinado! — dizem em uníssono.
– Certo... então, agora obedeçam a Rê e vão dormir. Até amanhã, amo vocês.
— Também te amo, mamãe. — Arthur diz, entregando o celular para o irmão.
— Também te amo, mamãe Emma. — Henry fala, em seguida, deixando um beijo estralado próximo ao celular. – Até amanhã.
Henry me entrega o celular, e os dois ficam me olhando por alguns segundos em silêncio, até Arthur cochichar algo no ouvido do irmão.
— Ah é verdade, elas são namoradinhas e querem conversar... — estreito os olhos para as pequenas criaturas, ouvindo suas risadas.
— Seus pirralhos curiosos... — ameaço correr atrás dos dois e suas risadas aumentam. — vão escovar os dentes, que em cinco minutos estou no quarto para colocar vocês dois para dormirem.
Arthur e Henry seguem rumo ao banheiro e eu me sento no braço do sofá, ouvindo uma pequena risada de Emma.
— Muito obrigada por ficar com Arthur... — a loira diz, após alguns segundos de silêncio. — aposto que está ficando mal acostumado, duas noites direto aí com vocês.
— Não precisa agradecer, amor. É um prazer ter ele aqui, ainda mais vendo ele e Henry felizes desse jeito. — sorrio. — E seu pai, como está?
— Mesmo que tudo leve a indicar que seja apenas uma gripe, consegui convencer ele a se consultar... você sabe né, pode ser coisa boba, mas eu me preocupo com esse teimoso...
— Está mais do que certa, meu bem. Então, amanhã você vai passar aqui?
— Sim, e pode ficar tranquila que eu levo os meninos pra escola, tá bom?
— Certo, mas não se preocupe, se não der tempo eu levo eles... dirija com cuidado, e eu estou morrendo de saudades.
— Com David Nolan ao meu lado, bem capaz de eu não conseguir ultrapassar 40 km/h. — rimos. — Também estou com saudades, minha morena... são só dois dias, mas você tem me deixado muito mal acostumada.
— Nunca pensei em ser uma namorada grudenta desse jeito. — me levanto, seguindo rumo ao quarto de Henry. — Agora vou dar uma olhada no que aqueles dois rapazes estão aprontando. Boa noite, baby. Dorme bem.
— Você também, te amo. Até amanhã.
— Também te amo, beijos.
Após um suspiro, a chamada é encerrada do outro lado. Conhecendo Emma, e me conhecendo melhor ainda, sei que esses quatro minutos de conversa não foram o suficientes e posso apostar que ficaremos até altas horas trocando mensagens. É sempre assim quando não podemos nos ver, trocamos mensagens até Emma dormir e me deixar falando sozinha.
(. . .)
Como previ, eu e Emma ficamos nos falando até bem tarde e a última vez que me lembro de ter olhado as horas, já se passava de duas da manhã. O que é um ato bem corajoso para alguém que deve acordar às seis da manhã e depois disso tem uma pilha de processos para começar a analisar. Só queria mais cinco minutinhos entre meus cobertores, mais nada.
Suspiro me sentando na beira da cama e esticando meu corpo, sentindo alguns ossos estralarem, me dando uma gostosa sensação de alívio. Depois de dar uma organizada no quarto, sigo para o banheiro, só um banho bem quentinho para espantar essa preguiça que estou sentindo. Não podendo aproveitar mais que vinte minutos do meu banho, visto minhas roupas que já havia separado e em alguns minutos termino de me arrumar e parto para a dura missão de acordar Henry e Arthur. 
— Bom dia, bom dia! — entro no quarto e vejo os dois meninos dormindo na mesma cama. — Hora de acordar, meus amores... — nenhum dos dois se mexe. — vamos, garotos. – me sento na beira da cama. — Sem manha, vamos nos atrasar.
Henry é o primeira a se mexer sob as cobertas, o garoto se encolhe, me permitindo ver apenas seu rosto com um sorriso que me derrete por inteira.
— Tá fazendo frio, mamãe... deixa a gente ficar aqui. — diz baixinho e vejo Arthur concordar, se encolhendo também.
— Nada disso, mocinhos. — digo, cutucando de leve a barriga de Arthur que não segura uma risada. — Vamos lá!
Mesmo que a contragosto os dois se levantam, e é até engraçado vê-los sentados lado a lado, ambos com a carinha amassada pelo sono e os cabelos desgrenhados.
— A mamãe já chegou? — Arthur pergunta após alguns segundos em silêncio, parece ainda estar acordando.
— Ainda não, mas daqui a pouquinho deve estar aqui... — ele concorda. — Agora vão lá escovar os dentes e lavar o rosto, enquanto eu separo o uniforme de vocês, ok? — acenam positivamente e começam a correr rumo ao banheiro. — E sem correria!
Organizo a cama de Henry e em seguida pego o uniforme dos garotos, colocando sobre a cama, logo tendo os dois parados na minha frente novamente. Henry é o primeiro a me puxar, deixando um beijo em minha bochecha e Arthur logo faz o mesmo. Eu disse que esses garotos são um poço de amor e carinho.
— Deixa que a gente sabe se vestir sozinho, mamãe. — Henry diz, indo até a cama, pegando seu uniforme. — Já somos grandes, não é Arthur?
— Sim! Já somos grandes!
— Ok, senhores adultos... — levanto as mãos em rendição. — vou preparar nosso café da manhã, não demorem.
Sigo para a cozinha e começo, claro, fazendo meu café preto e logo em seguida, preparando o café da manhã preferido dos garotos: waffles. Não demora muito para que tudo esteja arrumado sobre a mesa. E quando estou me dirigindo novamente  rumo ao quarto de Henry, afim de apressá-los, sou interrompida pelo toque da campainha. Volto alguns passos, me encaminhando a porta. Sorrio ao olhar pelo olho mágico e ver Emma, acompanhada pelo seu pai, David.
— Oi, meu amor... — ela se aproxima, me envolvendo em um abraço assim que abro a porta. – hm, que saudades desse perfume... de você. — sussurra encaixando seu rosto na curva do meu pescoço.
— Também estava com saudades, baby. — me afasto um pouco para olhar seu rosto e em seguida, deixo um selinho em seus lábios. — Ei David, como vai? — nos cumprimentamos com um abraço rápido.
— Ah, aposto que não seja nada mais que uma gripe boba... — chego para o lado, dando espaço para que eles entrem. — mas conhece essa criatura, sabe o quanto é teimosa, né? — ri.
— É sempre bom estar em dia com a saúde, Sr. Nolan. — ele concorda. — Fizeram boa viagem?
— Sim, a vinte quilômetros por hora, mas chegamos. — Emma diz de forma divertida, olhando para o pai. — E então, cadê os pirralhos?
— Estão lá no quarto do Henry, inclusive, estava indo chamar eles agora. Posso apostar que pararam de se arrumar e estão conversando. — rimos.
Emma concorda e eu vou novamente rumo ao quarto onde os garotos estão. E como poderia imaginar, quando chego próxima a porta, Posso ver os dois sentados sobre a cama, conversando tranquilamente. Mas quando penso em interromper, ouço o assunto em questão, e me calo, apenas prestando atenção na interação das duas crianças.
— Mas você não vai ficar bravo se eu quiser chamar a sua mãe de mamãe? — Arthur pergunta. Nenhum dos dois havia notado minha presença ainda. — E a tia Regina, será que vai deixar?
— Claro que eu não vou ficar bravo, né Arthur!? Nós somos irmãos e... — minha atenção é roubada pela chegada de Emma.
— Amor, eu esqueci de te falar... — interrompo sua fala, colocando meu indicador sobre os lábios, indicando que ela faça silêncio. — está tudo bem?
Apenas aceno positivamente e aponto para dentro do quarto, fazendo a loira também prestar atenção no assunto dos meninos.
— A mamãe Emma cuidava só de você e a mamãe Regina cuidava só de mim, e agora, elas juntas cuidam de nós dois... — sinto Emma me abraçar pela cintura, apoiando o rosto em meu ombro. — E é claro que a minha mãe vai deixar, ela gosta muito de você... elas se gostam muito também, e ficaram felizes depois que se encontraram e nós dois estamos juntos. — suspiro, apertando a mão de Emma. — Eu aposto que ela vai gostar de ser sua mamãe também. 
Ai gente, quem me conhece sabe que, apesar da pose eu sou uma grande manteiga derretida. Mais um suspiro e sinto meus olhos marejarem. Logo tenho a mão de Emma se enlaçando na minha, e em seguida a loira deixando um beijo no meu ombro.
— É pedir muito para que eles nunca percam essa pureza na forma de olhar o mundo? — Emma sussurra, enquanto dá alguns passos para trás, me puxando consigo. — Tudo bem? — me encosto na parede.
— Sim... é só que... — sorrio de canto. — Arthur me chamou de “mamãe” três vezes, entre ontem e hoje... e agora, essa conversa dos dois. — procuro sua mão, a segurando fazendo um leve carinho. — Eu fiquei tão, mas tá o feliz com isso...
— Eu também, Rê... Arthur sempre foi um menino sensível, e pra ele não foi difícil perceber o quanto você gosta dele. — a mulher sorri, emocionada. — Assumo que ele havia tocado nesse assunto outro dia, e eu não soube o que falar, não sabia o que você acharia e qual seria sua reação, então decidi dar mais um tempinho. Só não sabia que estamos tratando de dois mini adultos, que decidem as coisas de uma forma tão simples. — ri.
A pequena lágrima emocionada que estava segurando, rola pelo meu rosto e logo Emma leva a mão ao mesmo, delicadamente a secando.
— Por você... tudo bem, Rê? Digo, você não tem obrigação de...
— É claro que está tudo bem, meu amor. — dou um passo a frente, indo em direção a porta do quarto novamente. — Vai ser uma honra ser chamada de “mamãe” por esse rapaz.
Antes que Emma diga mais alguma coisa, somos interrompidas por olhinhos curiosos nos analisando. Arthur e Henry parados próximos a porta, nos encaram de forma atenta e então, percebo que eles podem ter escutado a última parte da nossa conversa. Nenhum dos dois diz nada, mas depois de alguns segundos, Arthur é o primeiro a me abraçar e instintivamente eu me abaixo, deixando um beijo terno em seus cabelos. No mesmo instante, Henry faz o mesmo e eu repito o gesto em meu pequeno.
E então, percebo que essas coisas não tem nada haver com tempo, e sim com a intensidade na qual acontecem. E agora, mais que nunca, eu tenho a certeza de que o conceito de família, sem dúvidas nenhuma, é onde há amor.
Emma Swan.
Após acompanhar meu pai no médico, tirarmos a certeza de que seu mal estar não passa de uma gripe e tratarmos de comprar os remédios necessários, sigo para a delegacia, afim de começar mais um dia e mais uma semana de trabalho.
Cinco minutos depois adentrar minha sala, Graham bate na porta pedindo licença para entrar.
— Bom dia... de novo, vim te atualizar sobre o fim de semana. Quer dizer, nada demais que não tenhamos resolvido. — diz, colocando algumas pastas sobre minha mesa. — Alguns assaltos, brigas, um cara bêbado destruindo carros com a ajuda de uma máquina de podar jardim...
— Storybrooke e suas loucuras. — rimos. — Os deixe no cantinho do pensamento por um tempo... principalmente esse louco “podador de carros".
— Certo. — suspira. — Eu não sei se você está se lembrando, mas hoje é o último dia do cumprimento de pena do Robin... o alvará de soltura já está pronto, apenas esperando você assinar.
Meu Deus! Com toda correria desses últimos dias, eu havia esquecido disso e nem estava passando pela minha cabeça que hoje Robin será solto. Quer dizer, por mim, esse otário teria que mofar naquela cela, e não sair de lá nem por um decreto. Mas, infelizmente, eu não mando nas leis do mundo, e sou obrigada a dar a liberdade para um babaca que após ser preso por quase matar a mulher, teve sua pena reduzida por “bom comportamento”.
Graham me encara por alguns segundos, esperando minha resposta. E eu, sem muito o que contestar, apenas suspiro, estendendo a mão para pegar o papel.
— Traga ele aqui... — encaro o amontoado de letras no documento, e mesmo já tendo feito aqui dezenas de outras vezes, nesse momento parece tão difícil.
— Ok. — após se virar, vejo Graham sumir pelo corredor que dá acesso às celas.
Respiro fundo por umas três ou quatro vezes. Eu nunca havia passado por um caso que me fizesse misturar o meu profissionalismo com minha vida pessoal e agora que estou me deparando com isso, meus nervos parecem estar à flor da pele. Fecho os olhos e deixo meu corpo relaxar na cadeira, fico assim por um bom tempo, até sentir que estou sendo observada. E quando os abro novamente, tenho Graham parado na minha frente e ao seu lado, com as mãos algemadas, Robin.
Mais um suspiro e tento não deixar o ódio crescer dentro de mim. Em todo esse tempo que Robin esteve preso eu me recusei a chegar perto de sua cela, a encará-lo, pois meu sangue fervia só de pensar em estar perto do homem que fez tanto mal a minha Regina e ao meu garoto. Desvio meu olhar do homem e enfim, assino o papel.
— Eu posso ficar a sós com a xerife? — Robin pergunta após alguns segundos de absoluto silêncio no ambiente. — É rápido, prometo não tomar muito seu tempo.
Graham alterna o olhar entre nós dois, me levanto da cadeira, dando a volta na mesa e me escorando na mesma.
— Pode ir, Graham. — aceno, cruzando meus braços sobre o peito, enquanto meu colega de trabalho me encara, parecendo preocupado. — Pode ir, qualquer coisa eu te chamo.
Ele concorda e sai. Agora, mantenho os olhos fixos no homem a minha frente.
— Já fique sabendo que se vir com mais ameaças ou coisas do tipo, eu não penso duas vezes antes de te deixar mofando dentro daquela cena. — digo, quebrando o silêncio. — E digo tambéml, ao menos pense em encostar um dedo na Regina, ou ao menos chegar perto dela e de Henry, que você não sabe do que eu sou capaz, Robin. Eu movo céus e terra pra te colocar encarcerado num canto bem longe daqui...
— Olha Xerife, eu entendo sua raiva. Entendo que o que eu fiz foi errado e que eu mereci essa pena. Mas dentro daquela cela eu estive pensando por muito tempo, em tudo o que eu fiz. — suspira. — Não vou falar que estou saindo daqui um homem cem por cento melhor, regenerado, mas pelo menos eu percebi o que me fez perder Regina e o quanto eu errei com ela e com Henry.
— Certo, está arrependido. — rolo os olhos. — Mas agora, sinto te informar que é tarde demais para arrependimentos. Você transformou a vida de Regina num inferno, Robin! O que você tinha na cabeça quando agredia Regina daquela maneira? E Henry? Como você acha que ficava a cabeça daquele garoto quando via você batendo na mãe, a xingando de vários nomes e sabe se lá mais o que fazia com ela? — descarrego minha raiva e indignação com palavras já guardadas há um bom tempo. 
— Xerife Swan...
— Eu não terminei. — levanto a mão, o impedindo de me interromper. — Seu erro já começou quando mentiu sobre a adoção de Henry, quando na verdade você o comprou como uma mercadoria! E para seu azar, justo com quem Regina foi esbarrar aqui em Storybrooke? Comigo, a mãe biológica dele. Eu não sei se sinto tanto ódio de você por isso, ou pelo que você causou aos dois ao longo desses anos... — dou um passo a frente, colocando minhas mãos no bolso da calça. — mas o que me deixa mais tranquila e agradecida, é o fato de Henry não ter sido influenciado pelo seu caráter, ele é uma criança amorosa, diferente de você que se mostrou um verdadeiro lixo. Porque pra mim, homem que bate em mulher é isso, um lixo, um covarde que não merece nem ao menos pena!
— Você pode não acreditar, mas eu pensei nisso tudo, em todos os erros e decidi uma coisa... — o encaro, esperando que continue. — eu vou embora de Storybrooke, retomar a minha vida e a minha empresa. E além do mais, eu já não tenho mais Regina e nem Henry, errei feio com os dois e ela não me ama e tenho de assumir que o que eu sentia por ela acabou... ou nunca existiu, não sei. Só sei que quando esse sentimento virou possessão, eu me tornei aquele monstro. — suspira. — Mas antes disso, antes de ir embora, eu queria te pedir um favor.
O encaro e minha sobrancelha arqueada demonstra minha incredulidade. Como ele ainda tem a cara de pau de me pedir algum favor? Vendo a minha reação ele continuou antes que eu respondesse.
— Sei que você pode achar que é tudo mentira, e eu te entendo por isso. — nesse momento ele tentou se movimentar para tirar algo do bolso, mas sem conseguir, me pediu para ajudar. — Eu escrevi essa carta para a Regina, é uma despedida, e eu gostaria muito que você entregasse à ela. Hoje, assim que eu sair daqui vou direto para o aeroporto de Boston e não pretendo voltar tão cedo.
Quando ele disse essas palavras eu até senti um alívio, mas no fundo eu ainda fiquei com uma pulga atrás da orelha. Porém, se ele tentasse algo novamente eu já estaria preparada, peguei a carta e coloquei sobre a minha mesa, depois de alguns minutos o advogado do Robin chegou e ele estava livre. Assim que ele saiu, eu fiz questão de escoltar o carro que ele estava, até a saída da cidade para ter certeza que ele não faria nenhuma gracinha. Voltei para delegacia e fiquei encarando aquela carta por algum tempo e cheguei a pensar se deveria ler. Não. Isso seria uma invasão e, primariamente Regina precisava saber daquilo, é um direito dela. Assim que sair daqui entrego a carta.
Solto um longo suspiro, pensando que com a partida de Robin terei um problema a menos pra me preocupar.
(. . .)
Cheguei na casa da Regina e passava um pouco das oito da noite, alguns relatórios na delegacia me prenderam mais do que o esperado. Assim passei pela porta da sala, encontrei os garotos na sala jogando vídeo game. Os dois logo vieram ao meu encontro.
— Oi mamãe! — os cumprimentei deixando um beijo na testa de cada um, enquanto eles me abraçavam pela cintura. Logo voltaram a atenção para o jogo, e eu me encaminhei até a cozinha.
É engraçado como eu me sinto, por mais que Regina e eu ainda não moramos juntas formalmente, encontrar meus filhos na sala quando chego a noite, e ao entrar na cozinha o cheiro bom de comida, que com certeza minha morena preparou, me remete ao mais perfeito retrato de um lar e é muito gratificante. Bebo um pouco de agua e assim que coloco o copo na pia, volto para a sala e pergunto aos garotos por Regina, já que pelos breves minutos que cheguei, ainda não havia a visto.
— A mamãe Regina disse que ia tomar banho... — é Arthur quem me responde, sorrio da forma como ele se refere a Regina e sigo para a escada.
Chego no quarto e encontro a minha morena apenas de lingerie, passando creme nas pernas, e é impressionante como eu sempre fico deslumbrada com aquela visão. Sorrindo, ela vem ao meu encontro e trocamos um beijo.
— Meu cheiro preferido... — sussurro repousando meu rosto na curva de seu pescoço. — teve um dia bom?
— Sim, meio cansativo, mas bom. – enquanto ouço a morena falar, faço uma trilha de beijos por sua clavícula e por fim, me afasto um pouco para encará-la. — E o seu?
Pondero sobre entregar a carta e decido que será depois do jantar.
— Foi bom, um bocado cansativo também. — suspiro, desviando meu olhar do seu. — Mas nada que um jantar com os amores da minha vida não faça melhorar. — sorrio, e logo ela espelha meu gesto.
— Fiz lasanha. — se separa do abraço. — E modéstia à parte, está uma delícia.
— Tenho certeza que sim. — dou uma picadinha, me sentando na cama.
Assim que ela vestiu-se fomos comer, nossa refeição foi feita em grande harmonia, como tem sido nos últimos dias. E depois fomos para a sala assistir qualquer programa na TV.
Senti que essa era a deixa para que eu entregasse a tal carta de Robin. E mais uma vez, ponderando se esse era o certo ou não, ainda hesitei por alguns minutos. Mas decidi que sim, vou entregar. É o certo a se fazer. Aproveitei um momento de distração dos meninos e a chamei pra conversar.
— Gina, preciso falar com você. Vamos lá no quarto? — ela assentiu e seguimos.
— Aconteceu alguma coisa?— perguntou assim que adentramos o cômodo.
— Sim, eu vou te contar... — ela apenas concordou e então sentamos na cama uma de frente pra outra. — hoje o Robin foi solto... — sua expressão tornou-se preocupada. — bom, eu tive uma conversa bem séria com ele. — então passei a contar tudo o que tinha dito pro Robin e as respostas que ele me deu. — No final de tudo ele me pediu pra te entregar essa carta. — disse enquanto tirava a mesma do bolso da minha jaqueta. — E sinceramente, passou pela minha cabeça se eu devia mesmo te entregar, eu pensei muito e cheguei a conclusão que eu não tinha o direito de esconder isso de você... até cheguei a pensar que não contando sobre a carta eu podia te proteger, porém ele foi uma parte da sua vida e da sua história, e eu não posso mudar isso. E quem sabe depois dessa carta nós possamos finalmente colocar uma pedra em cima desse assunto.
Regina me encarava com os olhos marejados, depois olhou para a carta por algum tempo. Então, eu resolvi deixar ela sozinha.
— Eu vou colocar os meninos na cama, e já volto. — um meneio de cabeça foi a minha resposta.
Deixei um beijo casto em seus lábios e saí. No corredor entre os quartos, paro e me escoro na parede, soltando o ar que eu nem percebi estar prendendo. Eu cheguei na vida de Regina quando Robin já fazia dela um inferno, mas depois de um certo tempo em que eu e a morena pegamos uma certa intimidade e nos tornamos amigas, ela me contou tudo, tudo mesmo e além de muito ódio dessa babaca, eu só desejava ter a conhecido antes, e conseguido a livrar das mãos desse idiota e amenizar o sofrimento que ele causava a ela e Henry.
Eu imagino que mesmo enquanto Robin estava preso, e mesmo agora ao saber que ele vai embora, todas essas lembranças sejam muito dolorosas para Regina. E sinceramente, se eu pudesse, lhe arrancaria isso junto de qualquer sofrimento que isso ainda a cause. Mas como todos sabemos que isso não é possível, cabe a mim, escrever novas memórias, essas claro, boas para a mulher que tanto amo e também para meu garoto.
Volto a andar até a sala, onde Henry e Arthur já dormiam no sofá. Admiro a cena por alguns segundos, mas logo trato de me aproximar e iniciar a falha tentativa de acordá-los.
— Depois que pegam no sono, não tem o que faça acordarem... — rio, pegando Arthur no colo.
Levo Arthur até o quarto e em seguida volto na sala, para pegar Henry. Por fim, após colocar os dois garotos na cama, me sento na beira da mesma e novamente me perco na imagem dos dois garotinhos. Acho que eu esteja meio emotiva, ou de TPM, sei lá e isso me faz pensar mais que o normal. Há um tempo atrás eu não imaginaria essa mudança na minha vida, e imaginaria menos ainda o quanto tudo iria parecer tão confuso no início, mas tão acerto com o passar dos dia as. Primeiro, a morte de Neal, uma morte precoce e que abalou totalmente minhas estruturas. Eu não jurei me fechar para o amor, mas também não poderia imaginar que tudo aconteceria alguns meses depois e de uma forma tão louca. Encontrei meu filho que tinha certeza que estava morto desde o nascimento e ainda fui agraciada com o amor de uma mulher maravilhosa.
Eu não esqueci Neal, e todos os dias peço para que ele esteja em um bom lugar. Mas eu sei também, que ele está feliz por eu ter seguido minha vida, por ter me aproximado de Henry e porque eu simplesmente estou feliz também. Ele era um homem bom e em nenhum momento, nem quando li a verdade naquela carta, consegui sentir ódio. E vai ser sempre assim, vou sempre guardá-lo em meu coração e agradecer imensamente pelos momentos bons que tivemos.
Sou retirada de meus devaneios ao sentir que estou sendo observada e ao olhar para a porta, vejo Regina escorada no batente da mesma. A morena vestida com um hobby preto, me encarava de braços cruzados e um sorriso terno nos lábios. Sorrio também, me levantando e indo de encontro a minha namorada, e em silêncio, a envolvo em um abraço, a apertando levemente em meus braços. Regina corresponde ao contato, e como em todas as vezes em que estamos assim, perco um pouco a noção do tempo. 
— Tudo bem? — pergunto após alguns minutos em silêncio, ainda abraçada a ela.
– Sim... — sinto sua respiração em contato com meu pescoço. — e você? Parecia meio pensativa.
— Está tudo bem. — me afasto um pouco, afim de encarar seu rosto. — Só acabei me perdendo um pouco... estava pensando nas voltas que a vida dá, no quanto tudo é instável e mutável.
— Realmente. — suspira. — Mas sabe o que eu tenho certeza que nunca vai mudar? — pergunta, me encarando de forma profunda e eu apenas nego, focando meu olhar em seu rosto. — O que eu sinto por você, o quanto eu te amo e o quanto eu quero ter você ao meu lado pra sempre.
É impossível não me desmanchar num sorriso ao ouvir essas palavras de Regina. Faço um leve carinho em seu rosto, enquanto deixo um beijo leve em seus lábios. Damos uma última olhada em Arthur e Henry e seguimos para o quarto da morena. Dá para perceber que Regina se sentiu, nem que seja um pouco, tocada com a carta de Robin, mas afinal de contas, quem em seu lugar não se sentiria? Como já disse, posso imaginar quantas lembranças passam em seus pensamentos.
— Em... — sua voz doce me chama, ganhando minha atenção. — você... — faz uma breve pausa. — você quer ler a carta?
— É uma coisa pessoal, Gina... — me sento ao seu lado na cama. — mas se você quiser compartilhar.
Regina me entrega o papel, e por alguns segundos, eu fico apenas olhando o emaranhado de letras. Me ajeito na cama, e após mais uma troca de olhares com a morena, começo a ler.
Regina,
Depois de um longo tempo atrás dessas grades, tive muitas horas vagas para pensar sobre tudo que fiz a você e por isso, início essa carta com um pedido de desculpas. Desculpas por ter sido um monstro na sua vida e principalmente na de Henry. Posso não sair daqui um homem cem por cento melhor, totalmente mudado, mas tanto tempo sozinho com meus pensamentos, pude perceber que eu cometi uma sucessão de erros e fiz coisas que você não merecia.
Prometo ser breve. Eu só quero dizer que ao sair daqui, estarei indo direto para o aeroporto de Boston e de lá, começar uma nova vida. Não sei o que me espera, e sinceramente, não sei quais erros posso cometer daqui para frente, mas você pode ter certeza de que você nunca mais ouvirá nem meu nome.
Eu devo a você e Henry desculpas por tantas coisas, que eu sei não ser necessário listar aqui, nós dois sabemos. Mas desculpas não mudam muita coisa, então, só o que posso fazer é seguir em frente sabendo que paguei pelo que fiz.
Mesmo sendo um monstro, idiota eu sei o quão incrível você é. Eu tinha lá meus momentos de admiração, e é inegável a mulher maravilhosa que você sempre foi. Espero que continue assim, e seja imensamente feliz.
Espero também que um dia, Henry possa me perdoar por todo tumulto que causei em sua pequena mente de criança. Não esconda dele a decisão que tomei, ele é uma criança especial e não merece uma pessoa como eu sendo seu pai. Na verdade, eu nunca fui um bom marido, e nunca fui um bom pai.
Bom, sem mais delongas, quando você estiver lendo essa carta, provavelmente eu estarei longe. Uma nova vida, seja lá como for ela, me espera e eu te desejo sucesso em sua nova vida também.
                          Robin.
Ao terminar de ler, procuro o olhar de Regina e ela me encara de forma tranquila. Como tantas vezes, não precisamos dizer nada para deixar claro que compartilhamos dos mesmos pensamentos. De um modo ou de outro, nós, principalmente Regina, tínhamos medo do que poderia vir a acontecer quando Robin saísse da prisão, e agora eu só peço que tudo o que está escrito aqui seja verdade e esse homem suma para todo o sempre.
— Eu vou conversar com Henry amanhã e depois esquecer esse assunto... apesar de tudo de ruim que Robin me fez, não vou ficar remoendo isso. — dá um sorriso, seguido de um suspiro. — Vida nova.
— Vida nova. — concordo, deixando um beijo em sua testa. — Te amo.
— Eu te amo mais. — escorrega seus dedos pelo contorno do meu rosto.
— Vou tomar um banho... não demoro. — ela concorda.
Mais uma troca de alguns beijos rápidos e após pegar meu pijama, sigo para o banheiro afim de um banho quentinho para terminar esse dia da maior maneira possível, ao lado da mulher que eu amo.
Acho que acabei perdendo um pouco a noção do tempo enquanto estive embaixo do chuveiro, já que quando saí do banho, vi que Regina já dormia. Me perco por alguns segundos, mais uma vez admirando minha namorada, e um sorriso bobo cresce em meu rosto. É inevitável, impossível não sorrir com a imagem de seu rosto sereno, o cabelo levemente bagunçado e um leve biquinho se formando em seus lábios.
Termino de me vestir, escovo meus dentes e nos minutos seguintes, já me encontro ao lado de Regina na cama. Mesmo de olhos fechados, ela se aconchega em mim, como na maioria das vezes, me fazendo de travesseiro. Abraço seu corpo e não demora muito para que eu também comece a sentir os resultados de um dia de trabalho e o sono tomar conta de mim. E assim, acabo dormindo, agradecendo mentalmente, por poder acabar meu dia assim, com Regina Mills em meus braços.

Continua...


E então, gostaram?! esperamos que sim.

logo logo postaremos o próximo, e último capítulo. até lá, amores.

Amor Em Dobro - SWANQUEEN- CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora