Capítulo 5 - O ateliê do mago e a batalha mortal

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Ryushido olha ao redor e se impressiona. A residência de seu professor é pequena, de forma externa, se assemelhando à um casebre; porém, internamente, ela é gigante, como uma mansão: há inúmeras salas, escadarias, livros voando, quadros conversando, com vida própria; um pintor com grande bigode, barba, magro, alto, uma roupa azul e atendendo por Don; uma garota com um olhar tranquilo, porém sinistro; uma casa animada, agitada, tão maluca quanto Nárnia ou Oz: um mundo inteiro em um só lugar.

- Uma magia de distorção espaço-temporal, a qual cria espaço dentro de um espaço fechado!? - diz Ryushido, girando, impressionado.

- É. - diz Luiz, levemente inexpressivo, porém dando uma risada, com vergonha.- Gostou?

- Sim! É incrível! - diz Ryushido, sorrindo, maravilhado pelo local.

- A arte tem vida. Aqui temos a vida "DA ART". - diz Luiz,contente pelo reconhecimento ao seu trabalho.

-Mestre, tem certeza de que não há problema? - questiona Dali.

- Sim, não há. Entendo que a guerra só pode ter um vencedor, mas se possível não quer ter um embate com amantes da arte. Poupemos nossos esforços para os vis.

- Entendido, mestre. - diz Dali, se curvando.

- Por favor, fiquem à vontade. Gostariam de beber alguma coisa, ou comer algo? - diz Luiz, com um tom sereno. Arturia o encara, desconfiada, então Ryushido segura sua mão e dá uma leve apertada, durante alguns segundos, para lhe chamar a  atenção para o que iria falar.

-Não gostaria de abusar da hospitalidade, professor, mas estou realmente faminto. Uma maga tem me perseguido diariamente, isso tem me desgastado.

- Sem problemas, vamos ter uma refeição, então, daí podes me contar o que aconteceu.

Luiz os conduz para uma sala próxima à escadaria principal, com tapete vermelho. Todos sentam à mesa. Com uma batida de palmas, quatro xícaras sorridentes se ajustam, com seus respectivos pires; um bule com vida própria lhes serve um pouco de chá. Um suporte para velas, com três, sorri e se aproxima, subindo na mesa, a qual tem uma grande extensão. Com Luiz sentado na ponta, Dali em um dos lados, Ryushido ao outro e Arturia ao lado de Ryushido. A vela fica no meio de todos, dando um toque especial à mesa.

Um leão ruge, então um ratinho com roupa de chefe de cozinha aponta com sua colher, fazendo com que os demais ratinhos tragam a refeição. O banquete é servido em partes, começando pela sopa. Um prato modesto, porém de muita qualidade. A temperatura entre morna e quente, a textura dos componentes da sopa e o tempero que abrange a cada qual tornam o prato uma obra de arte. A seguir, o ratinho chefe gira a colher e os demais trazem o prato principal: um imenso peru assado. A refeição é apreciada por todos. Sem esquecer a sobremesa, um jovem alto, com seu irmão e um amigo, com cheiro de perfume de 67, trazem o melhor a se ofertar: pudim! Após, um jovem bastante bombado, trajando uma roupa laranja com palavras escritas em mandarim, entrega os guardanapos,  ornamentados com a imagem de uma bandana, para todos se limparem.

Após a refeição, eles discutem sobre o ocorrido. Ryushido conta como Illya, de forma inescrupulosa, assassinou à todos do Bairro Getúlio Vargas, visando fazer valer a regra da guerra, unicamente para matá-lo. Ele narrou com detalhes como foi passar pelas ruas, achar famílias inteiras dizimadas, mulheres e crianças estiradas no chão, avós fatiados em pedaços,  pais de família perfurados em cima dos cadáveres de seus entes queridos, aparentemente mortos enquanto tentavam protegê-los. O pior caso, porém, foi o de um pai de família, morto de joelhos, com os braços esticados, como se tentasse proteger à sua família, decapitado. Na sua frente, sua esposa, possivelmente, com o abdomem perfurado, morta com seu bebê nos braços.  O bebê não apresentava lesões, possivelmente morreu com o choque da batida no chão, ou afogado no sangue da mãe. Tudo isso feito por Illya para que ninguém visse a guerra pelo "santo" graal. Tudo isso para matar Ryushido.

- Isso é revoltante! - diz Luiz, erguendo-se.- Quantas pessoas inocentes morrendo por causa dessa guerra! Deveria envolver apenas a nós, não a essas pessoas!

- Concordo. Sinto como se minhas mãos estivessem manchadas com o sangue dessas famílias.

- Não fique assim, você não teve culpa.

- Mas não pude salvá-los. Se possível, gostaria de ser alguém que salvasse à todos, como os heróis das histórias. - diz Ryushido, olhando para Arturia, discretamente. Ela o percebe e dirige seu olhar ao mesmo, o qual desvia o olhar.

Sua discussão é interrompida por um grande tremor. Utilizando uma magia de transmissão de imagem, ele vê uma jovem, a qual ele reconhece da sala de aula, sentada em uma ave astral,um servo rindo loucamente e um exército de samurais desencarnados batendo na barreira, enquanto aves atrais lançam rajadas de magia.

- Desista enquanto pode, Ryushido. Sua vida é minha, hahahahaha!

Enquanto Ilya ri, a barreira é quebrada. Seus servos, servindo aos seus comandos, como leais serviçais, saciam sua sede de sangue, saudando a morte que há de se apresentar.

Nobunaga,  sabendo que lhe aguarda uma feroz batalha contra seu inimigo, decide liberar de vez sua forma demoníaca: uma casca aparentemente formada de ossos, porém mais resistente; uma energia vermelha que cobre sua pele e flui livremente pelos ossos e forma sua nova expressão facial; asas negras e fortes, as quais podem sustentá-lo no ar e dar um grande impulso e velocidade; trevas, inúmeras trevas que emanam do poderoso daimyo.

- Senhorita Ilya, peço que libere, momentaneamente, o seu feitiço que me impede de perder a sanidade, como  um servo da classe bárbaro.

- Porque, Nobunaga?

- Porque assim poderei atacar aos meus inimigos com toda a memória do meu corpo, sem pensar antes de agir. Creio que haja mais de um servo, então gozar da total insanidade de um bárbaro pode ajudar.

- Certo, eu agora te libertarei. - Diz Ilya, erguendo sua mão, carregada com um círculo mágico feito de mana, fazendo com que surja uma marca na testa de Nobunaga, formando uma espécie de tiara de mana. Ela rompe o lacre, Nobunaga começa a gritar enfurecidamente, quase revirando seus olhos. Seu poder sai de controle, ele abandona a sua sanidade para se tornar um verdadeiro monstro, liberando seu poder de forma extrema, causando uma grande pressão espiritual na área. Chamas de sangue, trevas e ódio emanam do seu ser, o qual marcha lentamente, brandindo sua espada, em direção ao seu destino: a completa extinção do inimigo. Agora, em sua mente, ronda apenas uma palavra: extirpar!

Fate: a grande cruzada da humanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora