Prólogo

320 8 0
                                    

Denver,CO. Terça-feira, 30 de Maio de 2013:

- Adeus Louis, espero que o jantar corra bem!

- Sim, vou rezar para isso! - falou ao sair do autocarro.

A minha casa ficava a três paragens a seguir. Com uma leitura rápida de umas 10 páginas e o tempo passará mais rápido do que o normal.
Assim que o autocarro parou, foi só andar durante 100 metros para chegar a minha casa. Para minha sorte, a porta já se encontrava aberta. 

Assim que entrei, reparei que estava a moldura dos meus pais no chão. Ultimamente, têm discutido imenso, já não é surpresa. O meu pai escondeu à minha mãe que a empresa dele está a ir à falência já há meio ano. Ele sabe que o emprego dela não é um dos melhores, mas mesmo assim só quis omitir. Portanto deve ser só mais um dia de discussões cá em casa.

Infelizmente, a Katrine ainda não tinha chegado a casa. Não gosto de estar em casa sozinha com estes dois a matarem-se.

Eles estavam na sala a gritar. Desta vez eu ouvia choros, mas não fui intervir. Enquanto passava pelo corredor para chegar ao meu quarto só pensava, Espero que eles nunca se separem. Eles têm muitas discussões, mas isso tem a haver com a pressão que ambos carregam por terem que fazer todos os possíveis para que haja comida nos nossos pratos. Eu sei que eles se amam. Eu sinto isso quando a discussão acaba e ouço amo-te e desculpa. Logo a seguir, estamos todos juntos na mesa de jantar. Ou se a discussão for depois do jantar, sei que já estão bem, quando saem os dois do mesmo quarto e tomamos o pequeno-almoço todos os juntos.
Eu sei.

O meu pai era incapaz de deixar a minha mãe.
A minha mãe era incapaz de deixar o meu pai.

Fiquei no quarto acabar o relatório de Biologia sobre os fósseis que tenho estado a fazer há uma semana.

- Ao menos deixa que a Katrine chegue... - choramingou o meu pai.

- Para quê? Para ver esta vergonha! Não! Vai-te embora, não te quero ver mais! - ouvi alguma coisa a partir-se.

O que se passa?

Acabei de dizer que eles eram incapazes de se deixar. O meu coração começara a bater com muita força. Tenho medo de perguntar a razão da discussão e saber que eles se vão separar. Não. Não. Não aceito. O meu pai errou acerca da empresa, mas isso não é razão para um término após 23 anos juntos!
Aflita, saí do quarto apressadamente.

- O que se passa pai? - fui abraçá-lo - Mãe, não faças isto, por favor, perdoa o pai!

- Perdoar o pai?! O teu pai?! Nunca! O que ele fez foi imperdoável! O teu pai conhece-me!

A cara do meu pai estava pior que estragada. Aconteceu alguma coisa para além do fracasso da empresa, eu sinto isso. A minha mãe é maluca, mas não é assim tanto.

- Queres dizer a vergonha de homem que tu és! Falas tu, ou falo eu.

- Não sejas assim Danielle.

- O que é que se passa?! Alguém fala alguma coisa! - gritei para o dois

Algo me diz que eu não vou querer ouvir a resposta.

- Eu traí a tua mãe...

- O quê?! - gritei eu e a minha irmã que acabara de chegar

Isto não está acontecer, o meu herói. Sempre fui tão ligada ao meu pai. Era ele que me ouvia sempre, quando a mãe estava naqueles dias. Pensava que ele era o homem perfeito e agora estou estupefacta. Agora acredito que tudo pode acontecer. Depois desta revelação já acredito que tudo é possível. Tudo mesmo.

- Porquê pai?  - a Katrine falou devagar

- Filha é complicado. - ele não conseguia olhar para os meus olhos

- Eras o meu herói. - lágrimas começam a escorrer

- E vou continuar a ser minha filha, não me faças isto - levantou a cabeça e limpou-me algumas lágrimas

- Não. Os heróis não desiludem os que mais gostam. És uma desilução, não um herói.

Eu estava a sentir a dor dele a ouvir estas coisas, era o que ele necessitava de ouvir. Nunca me tinha sentido tão triste em toda a minha vida. Eu não estava com raiva dele. Eu estava mesmo desapontada. Tudo o que eu acreditava, não passam de mentiras. Não passam de meras mentiras. Será que todo o ser humano é assim quando cresce? Se assim for, quero viver isolada.

Apesar de tudo, lá no fundo, bem lá no fundo, ainda é meu pai. Afinal de contas, contribuíu para a minha existência. Alimentou a minha esperança de Homens bons na Terra e destruíu-me por completo. 

Naquele momento, era incapaz de continuar naquele lugar. Simplesmente caminhei até ao quarto e tranquei-o para não ouvir mais ninguém.

Poucos minutos depois, aquela gritaria toda transformou-se num silêncio nostálgico. Um silêncio de memórias. O silêncio que valia ouro. Consegui ver o meu pai a andar até ao seu carro e a partir sem nada. Apenas com uma carteira. Afogar as mágoas e desabafar com o barman, seria esse o seu destino.

****

Olá meninas(os) - duvido que algum rapaz leia, mas nunca se sabe.
Surgiu-me inspiração do nada e comecei a escrever a história no início desta semana. Por isso, não vou postar o primeiro capítulo ainda. Talvez só em Dezembro. 
Espero que favoritem, comentem e que partilhem a história para que eu possa continuar a escrever :)
xx

Queria avisar que a história não tem famosos. Portanto as personagens são todas criadas por mim.


18 // história originalOnde histórias criam vida. Descubra agora