Todas as versões de você.

EMMA - A CAPITÃ (PARTE II)

— Não consigo nem imaginar o que te traria a minha casa. — Valentina estava de pé na porta de seu quarto e parecia muito irritada. Lembrei da festa e engoli seco.

— Eu quero conversar com você sobre o Tony. — Estava sendo corajosa. E burra.  —Você é amiga dele, certo?!

Ela assentiu e apontou a cadeira pra que eu sentasse.

— Sim. E você era amiga dele. Quando nos duas conversamos, você estava arrependida e confusa. Pretendia pedir desculpas por ter sido uma pessoa horrorosa durante todos estes anos. Conseguiu falar com ele?

— Não. Ele disse alguma coisa?

Ela pensou muito antes de responder:

— Tony pensa em conversar com você a respeito do que aconteceu. É tudo o que eu sei.

— Ele disse isso? — Eu não pude evitar de sentir esperança.

— Disse. — Ela mexeu em um livro aberto que estava na escrivaninha, desinteressada.

— Eu estou com um problema enorme, na verdade. Preciso resolvê-lo antes. — Eu soltei.

— Que problema? — Ela focou a atenção em mim.

— Você. — Respondo.

Valentina se surpreendeu, e fechou os olhos suspirando.

— Eu sou o problema Emma? Porque?

— Não sei se quero me reaproximar do Tony porque estou com ciúmes da relação de vocês ou porque eu realmente me importo com ele. Antes de tudo isso acontecer, eu me afastei ao máximo, e não participei de nada relacionado a vida dele. Não posso me desculpar sinceramente se não souber quais são as minhas motivações. Vou perguntar algo, e espero que você seja sincera. — Fiz uma pausa para tomar coragem. —Você gosta do Tony?

— Sim. — Ela responde. — Gosto.

— Como amiga? Ou você está apaixonada por ele?

— Eu me apaixono por todo mundo Emma. Talvez sim, talvez não. — Ela sentou do meu lado. — Sentimentos não são tão simples.

Bufei.

— A questão não é o que eu sinto. Você se preocupa demais com a opinião dos outros. Eu não sou um obstáculo, a menos que você queira que eu seja. Não me use como desculpa porque você está com medo de ir atrás dele. Não acho que ele se interessaria por nenhuma outra garota além de você. Mas ele não vai esperar pra sempre. — Ela conclui.

Não fico irritada. É só uma constatação do que estava na minha frente. Ela me lembra alguém...

— Não sei se eu sou digna dele. Não depois de tudo. — Respondo e abaixo a cabeça com vergonha.

Valentina era intensa enquanto eu me escondia. Era difícil exibir minhas emoções mais profundas. E eu perdi muito por causa disso.

4 de julho de 2016 – Dia.

Alexander me convidou para ver a queima de fogos do dia da independência. Estávamos tomando sorvete, sentados em um cobertor na grama. Seria o encontro perfeito se o irmão gêmeo dele não pudesse vir...

— E se a gente comprasse cerveja? — Jeffrey estava do meu lado e as vezes seu braço roçava no meu, causando arrepios desagradáveis.

— Nós não temos idade para beber. — Alexander respondeu, enquanto mordia seu sorvete.

— Na Itália podemos.

— Com ressalvas. — Alexander rebateu. — E é por isso que você está proibido de ir desta vez.