JULIAN - O INVISÍVEL (PARTE II)

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Entro no apartamento e deixo as chaves em cima da bancada na cozinha. Tiro os sapatos, e sento no sofá.

— Lar, doce lar. — Digo para mim mesmo.

Retiro a carta da Mira do meu bolso, e desdobro. O perfume de Sândalo do envelope preenche o apartamento e eu sou transportado para casa, ao lado dela. Passo os dedos no papel, sentindo a tinta da caneta e as curvas da caligrafia dela.

Meree Pyaaree [1]Hari,

Meu coração sempre bate mais forte quando ela me chama assim.

Sinto sua falta. Quando você volta para casa?

Estou escrevendo porque estou aflita. Ouvi uma conversa entre os meus pais, e eles planejam me casar daqui há três meses. Não sei o que fazer! Peça ajuda para o seu Pai. Tenho certeza de que ele conseguiria cancelar o casamento se revelasse nossas intenções de nos unirmos. Meus pais adoram você e concordariam com o nosso casamento.

Me responda depressa.

Aapakee Raanee[2],

Mira Baishakh.

Pego o telefone imediatamente, e disco o número de casa.

— Alô?

— Anil? — Eu reconheço a voz do meu irmão. — Hari falando. Preciso falar com o papai imediatamente.

— Olá Hari. — Ele responde. — Ele não está no momento. Quer deixar recado?

Minha mãe toma o telefone:

— Hari, Mera Pyaar[3], você está bem? Está comendo direito?

— Sim, Maa. Eu preciso falar com o Pai.

— Ele está viajando. Fale com Anil, ele vai te explicar tudo. Volte logo, meu menino!

— Sim Maa.

— Então, qual é o recado irmão?

— Peça para o papai ligar para os Baishakh. Peça para ele conversar sobre o meu casamento com a Mira. É urgente.

Anil fica em silêncio, e eu o ouço o som do atrito do lápis contra o papel. Ele responde em seguida:

— Claro, eu aviso ele.

— E você já tem pretendente, Anil?! — Eu pergunto.

— Ainda não. O Pai disse que está procurando a candidata certa e eu estou esperando. Você vem para o meu casamento?

— Claro que sim! Eu estou com saudades de você, e procurando uma desculpa para voltar para casa.

Anil ri.

— Eu vou enviar a passagem de avião assim que souber a data. Até logo irmão!

— Até logo.

Confiava no poder de persuasão do meu Pai e sabia que ele podia interferir. Escrevi um e-mail para tranquilizar Mira, já que não sabia quanto tempo levaria para meu Pai contatar a família dela.

Meree Raanee[3], Mira.

Sei que combinamos que trocaríamos correspondência para conversarmos, mas a urgência fez com que eu preferisse contata-la por aqui.

Meu pai está em viagem, e não consegui falar com ele ainda, mais deixei as especificações da nossa situação com Anil. Confio nele, e sei que vai entregar o recado ao meu Pai o mais rápido possível.

Não se preocupe com nada, e confie em mim. Vamos ficar juntos.

Com amor,

Tumhaara Priy[4], Hari.

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