Cap 2- Por quê?

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Seria mentira se Stiles dissesse que não se sentia muito solitário as vezes, apesar de constantemente ocupado com seu treinamento, ainda lhe sobrava algum tempo o qual ele realmente gostaria de passar em casa com Lorenzo, mas o homem vinha estado ainda mais ocupado ultimamente, as missões aparentemente tinham intervalos menores, pois ele ficava menos dias e voltava pro trabalho mais cedo, além de que quase não atendia seus telefonemas. Entendia que ele estava ocupado, e que não podia lhe dar muitas informações sobre as missões, até porquê ainda não era um agente, ainda estava treinando e nem mesmo sabia se conseguiria se “graduar” e era para sua segurança. Mas o Stilinski se sentia tão excluído da vida do namorado que várias coisas começavam a passar por sua mente, como por exemplo que o homem não gostava mais dele, ou não gostava tanto como Stiles gostava dele. Mas logo empurrava aquela ideia pra longe, afinal de contas o loiro que havia insistido que se mudasse com ele pra L.A, e quando Stiles sugeriu apenas morarem em apartamentos próximos, insistiu dizendo que deveriam morar juntos, pois já namoravam há quase dois anos. Lorenzo definitivamente lhe amava, Stiles se convenceu e botou um sorriso no rosto, enquanto se jogava na cama. Se sentia muito exausto, sempre se sentia assim em noites de lua cheia, mais cansado que o normal, e desde que se mudara para L.A, e o oceano estava a menos de 8km de seu apartamento se sentia estranho e desconfortável. Ficava cansado de mais, carente e as vezes mal humorado e se assustava facilmente, odiava ter que dormir sozinho em noites de lua cheia desde que se mudara pra tão perto do mar.
Seu corpo estava todo dolorido e mole depois do banho, o treino do dia havia sido em campo e exigido muito de si, não era mais o garoto franzino do ensino médio, mas Stilinski não podia dizer que era o maior fã de atividades físicas, porque ele preferia muito mais as papeladas e investigações onde não precisasse correr ou passar por muita adrenalina. Já estava quase adormecendo quando escutou o celular tocando, pensou em apenas ignorar mas continuou tocando por alguns minutos fazendo com que um estressado Stiles esticasse o braço e pegasse o aparelho no criado mudo ao lado da cama, ainda sem abrir os olhos e atendesse sem muita vontade.
– Fala. – Foi curto, pelo toque sabia que era Scott. – tenho Pizza, vinho e alguns dvds. – O homem de queixo torto tinha um tom animado e o castanho pode ouvir uma outra voz no telefone gritando “e sorvete” e teve que rir, pois sabia que era Isaac. – E sorvete, e, estamos entrando no seu apartamento. Então acho bom você levantar essa bunda magra da cama e já ir ligando sua TV.
– Eu estou cansado, Scott, não podemos deixar pra amanhã? É sábado, temos o dia todo, eu estou totalmente livre amanhã, e descansado, rejuvenescido de corpo e alma. Mas agora preciso do meu sono de beleza. – tentou se livrar do compromisso, mas sempre que tinham o sábado de folga, costumavam assistir filmes antigos na casa do Stilinski. Era algo que gostavam de fazer quando adolescentes e estavam tentando voltar com a tradição agora que estavam vivendo perto novamente.
– Nós trouxemos seus favoritos, qual é. Levanta, podemos ver apenas um, prometo. Nós apenas estamos com saudades de você, dude. – Stiles suspirou, sabia que nunca ganharia uma discussão contra o amigo, e talvez fosse bom ter alguém ao seu lado naquela noite.
– Vocês venceram, mas espero que tenham trago uma pizza apenas pra mim, ou eu mando vocês embora. – Stiles disse se virando pra trás vendo ambos os homens já na porta de seu quarto e desligando o telefone sabendo que estavam falando do mesmo cômodo há algum tempo, provavelmente Scott lhe ligou quando já estava em sua sala de estar.
***
A noite havia sido muito agradável apesar de tudo e dormir abraçado aos seus dois melhores amigos depois de beberem vinho de mais e comerem toda a pizza e mais da metade do sorvete durante o segundo filme com certeza era mais agradável do que um sono instável onde acordaria várias vezes daquele mesmo sonho bizarro que constantemente tinha, onde via a lua cheia refletida no mar junto a uma voz dizendo coisas que ele não compreendia, e então algo como uma calda batia na superfície da água fazendo com que acordasse. As vezes tinha esse sonho incontáveis vezes na mesma noite e as vezes aquela curta cena durava horas do seu sono, como se fosse em câmera lenta. Com toda sua experiência com o mundo sobrenatural ele sabia que significava algo, havia até mesmo procurando e tentando ler sobre, mas nada explicava aquilo. Nem mesmo uma cartomante conseguia lhe dizer oque significavam aqueles sonhos. Então apenas se acostumou a eles esperando que um dia fosse entender.
Na manhã seguinte não fez questão de acordar cedo, assim como sabia que os amigos também não acordariam, haviam coisas prontas em sua cozinha para tomarem café da manhã, porquê todos eles eram preguiçosos de mais para cozinhar algo pela manhã. Já era por volta das 11 horas da manhã, quando se reuniram na pequena mesa no centro da cozinha do castanho, cada um com sua xicara de café e uma fatia de bolo de padaria que estava lá desde a amanhã anterior, mas eles não ligavam realmente.
– já faz algum tempo que estive na casa da Cora com as meninas. Eu a convidei para um jantar, mas ainda não marquei. Seria bacana se vocês estivessem livres dessa vez, seria como nos velhos tempos e todos nós ainda estivéssemos em Beacon escutando ordens da Laura e tentando ficar vivos. Se bem que dessa ultima parte eu não sinto tanta falta. – tagarelou o mais novo entre os três rapazes.
– Sim, seria muito bom rever as meninas de novo. Espero que a Ali não se sinta desconfortável. – Isaac se referiu ao fato de que a menina namorou com ambos e agora os dois estavam juntos e nenhum dos dois se consideravam bi, eram tipo, totalmente gays que apenas tentavam namorar garotas quando mais novos porquê era o socialmente imposto, principalmente em uma cidade tão pequena quanto a que viviam. – Mas eu e o Scotty estamos livres todas as sextas à noite, não é amor? – perguntou de maneira carinhosa, adorava apelidinhos fofos e coisas melosas. O Lahey se virou para fitar o namorado, esperando a concordância  que logo veio.
– Não acho que ela vá se importar, ela tem um noivo ou algo assim. Também é um ex cassador pelo que parece e Francês, provavelmente com um sotaque super sexy. – Stiles disse com um sorriso na direção dos amigos. – Mas, de qualquer maneira, tudo bem se eu convida-las pra próxima sexta? Acho que é o único dia que o Lorenzo estará disponível à noite nas próximas três semanas.
– Claro, apenas nos avise a hora, que viremos com a sobremesa. – Scott quem respondeu dessa vez. Todos já haviam terminado de comer e apenas estavam ali agora para jogar papo fora antes de provavelmente resolverem que novamente estavam com fome e sair pra comer em algum lugar.
– Falando no seu namorado, ele anda trabalhando mais que o normal nos últimos meses, não acha? Eu não entendo de FBI, mas ele costumava passar mais tempo com você. – Isaac comentou ganhando um sinal de concordância de Scott e um olhar triste do castanho.
***
Atrasado, Lorenzo estava atrasado. O homem deveria ter chegado no meio da tarde, sobrando assim tempo o suficiente para descansar um pouco antes de receber os amigos de Stiles, mas já passava das sete da noite e o homem nem mesmo atendia o telefone, o que estava matando o castanho de preocupação. Ele não conseguiria receber seus amigos assim, preocupado com o namorado, havia sobrado para Scott e Isaac terminarem de cozinhar porque Stiles tinha tido uma crise de ansiedade há pouco mais de uma hora, e nem mesmo seus remédios e chás especiais tinham lhe acalmado, sabia o quanto o emprego do homem era perigoso, por isso todo atraso de Lorenzo fazia seu coração doer no peito.
Stiles apenas sentiu que podia respirar de novo quando seu celular tocou e viu o nome de Lorenzo ali estampado junto à vários corações, como o homem havia salvo no celular dele quando começaram a sair.
– Sti, bebê? Agora que eu vi todas as suas ligações. Me perdoe eu estou muito cheio de trabalho, não acho que poderei ir pra casa até na segunda. Eu sinto muito por perder o jantar com seus amigos. – Lorenzo parecia apressado do outro lado da linha, a voz parecia cansada e até mesmo um pouco entediada do outro lado, mas o garoto tentou empurrar isso de sua mente, aliviado de mais para se importar com isso.
– Tudo bem, amor. Eu apenas fiquei preocupado, você deveria ter chegado pela tarde e já escureceu e você não dava notícias. Mas você estar bem é tudo que importa. Estou morrendo de saudades, mas te vejo na segunda, certo?
– Sim, eu chego na segunda. Também estou com saudades. Mas eu realmente preciso desligar agora. Espero que tenha um bom jantar, boa noite. – E sem esperar que o castanho dissesse mais alguma coisa ele desligou o telefone.
– Está tudo bem? – Foi Scott que perguntou tirando Stiles de seu transe, ele ainda estava ali parado com o celular no ouvido, como se a chamada não tivesse sido enterrada já há algum tempo.
– Hmm, sim. Lorenzo não vem, teve problemas no trabalho. Só volta na segunda – o garoto olhou cabisbaixo para o melhor amigo.
 Lorenzo estava cada vez mais distante, as ligações se tornavam cada vez mais escassas e o tempo que ele passava em casa era cada vez menor. Tudo bem que ele era um agente de campo e, Stiles fazia seu melhor pra entender que era o trabalho dele e logo o seu também, mas ele se sentia solitário, as vezes mesmo quando estavam juntos continuava se sentindo sozinho, como se o homem já não se importasse mais com ele. O garoto não queria ter todas essas inseguranças, mas ele havia crescido praticamente sozinho, Paige estava ali as vezes, assim como seu pai, mas nada tão próximo, ele tinha Scott, mas era complicado quando eram mais novos, em uma cidade pequena tentando ser heterossexuais nos padrões sociais, sem poder demonstrar “afeto demais”. Era tão estranho sempre sentir como se algo estivesse sempre faltando.
Eles não tiveram muito tempo para conversar, mesmo que Scott quisesse consolar o amigo, sabia como ele vinha se sentindo, e como Stiles as vezes se tornava sensível emocionalmente mas fazia o seu máximo para sorrir, assim como fazia agora ao abrir a porta quando a campainha tocou, indo receber as amigas que estavam todas na porta e, provavelmente haviam se encontrado no saguão do prédio.
– Derek se desculpou por não poder vir, ele tinha um jantar com a família da Braeden. – Cora disse polidamente, o que era estranho pra ela, então o Stilinski soube que provavelmente o Hale não havia sido educado ou cordial ao responder o convite. – Mas ele mandou esse vinho como agradecimento pelo convite. – ele definitivamente não havia feito isso, e como o castanho sabia disso? Bem, ele não sabia realmente, mas pela forma que o homem lhe tratou da última vez que se viram e como a amiga estava alando agora, parecia um pouco claro.
– Tudo bem, dessa vez vai ser como nos velhos tempos, e com Isaac e Scott. Acho que não vai faltar ninguém, não é mesmo? – o castanho como sempre estava sendo um bom anfitrião, exibindo um grande sorriso no rosto, mesmo que estivesse incomodado, ele não conseguia parar de pensar sobre Lorenzo e de combo, agora, a antipatia que Derek Hale aparentemente tinha por ele, mesmo que não tivesse feito nada para o lobo.
Scott ficou preocupado com o amigo, podia ver o quanto seus ombros pareciam tensos durante o jantar, mas não falaria nada agora, não quando todos os amigos conversavam animados relembrando os velhos tempos e deixando Isaac totalmente envergonhado ao elogiar a comida que ele praticamente tinha feito sozinho, já que Stiles estava mal e o McCall era péssimo na cozinha.
***
Derek havia saído um pouco mais cedo do trabalho naquele dia, precisava de um tempo pra relaxar. Cora havia saído em uma viagem de negócios urgente a chamado do pai deles, o que significava que ela não lhe encheria de perguntas por ele, estar malhando há tempo demais. Até porquê Derek não tinha uma resposta pra isso, seu lobo estava ansioso e lamurioso, como se quisesse algo que a parte humana de Derek se recusava a lhe dar, como havia sido na sexta da semana anterior quando se recusara a ir no jantar na casa do garoto, mesmo que seu lobo quisesse muito ir vê-lo, desde então estava assim, já faziam cinco dias e o homem vinha lutando contra si mesmo para não ir atrás do Stilinski. Apesar de que na segunda feira se pegou vagando próximo ao local onde ele sabia ser o centro de treinamento do FBI naquela região, esperando encontrar-se “casualmente” com o castanho, o que não aconteceu.
Quando a campainha tocou, Derek não ouviu, mas ele sentiu o cheiro de dor, amargura, tristeza, solidão e vários sentimentos ruins misturados ao cheiro que não lhe saia da mente há semanas. Ele pensou em não atender, ele realmente pensou em continuar ali, malhando, com a sua música alta. Mas o cheiro de dor, tristeza e desespero pareciam cada vez mais fortes e ele não pode simplesmente ignorar.
Mas nada havia preparado o coração de Derek para ver a figura pequena de Stiles encolhida contra a porta do seu apartamento, chorando a ponto do corpo quase convulsionar.
– Stiles? – Derek chamou, tentando conseguir a atenção do garoto que tinha o rosto escondido nos braços. Quebrando ainda mais seu coração quando viu a face toda manchada de lagrimas do menino e a tristeza em seus olhos, seu lobo praticamente uivava pra que o abraçasse e confortasse. Mas ele não o fez.
– Cora, eu preciso falar com a Cora. 

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