Stiles entrou no clube na frente dos amigos, claro que sim, ansioso como ele era, quase havia carregado a porta junto na hora de entrar. Assim como da última vez que viera, haviam vários grupos de criaturas sobrenaturais, eram quase como panelinhas, eram raros os que se misturavam com outros, com exceção da pista de dança onde ninguém parecia se importar se os outros eram vampiros, fadas ou sátiros. O garoto desviou os olhos dessa vez para o balcão, ele não se lembrava bem de Penny ou de muitos detalhes sobre qualquer coisa daquela noite, mas ele teve certeza que a moça que estava no balcão não era quem ele estava procurando. Frustrado ele olhou pra trás procurando os amigos, que naquele momento haviam acabado de passar pela porta metálica da entrada do clube. Com um olhar silencioso para os amigos Stiles negou com a cabeça, tentando dizer aos amigos que não havia encontrado quem haviam vindo procurar.
Scoot e Isaac andaram até estarem do lado do amigo e ambos colocaram uma mão sobre o ombro do amigo, sabiam que Stiles ficava frustrado quando seus planos não saíam como ele havia imaginado.
– Por que não pergunta pra garota do balcão? Talvez a Penny volte ainda hoje. – Isaac tentou animar o amigo. – Nós acabamos de chegar, talvez ela tenha saído pra um intervalo. Não desanime ainda, Sti. – o tritão assentiu concordando, Isaac estava certo, não tinha motivo pra ficar frustrado ainda.
– Com licença – o castanho chamou a atenção da moça de olhos violenta cintilantes e cabelos verdes presos em uma longa trança. A pele dela era escura e parecia quase brilhar em dourado, ela era muito bonita, Stiles até mesmo precisou de alguns segundos pra voltar a falar. – Eu estou procurando a dona desse clube, Penny. Ela está aqui hoje?
– Ela está te esperando lá dentro. – A garota apontou para uma porta que ficava no andar superior do lado oposto ao que estavam.
– Me esperando? – perguntou confuso, como ela poderia estar esperando, como ela sabia que ele viria.
– Penny sabe de muitas coisas, e sim, eu também posso ler sua mente. – Ela pareceu entediada e logo voltou a servir os clientes que se acumulavam cada vez mais ao redor do balcão. Quando Stiles achou melhor parar de fazer perguntas pra mulher não tão amigável, e começou caminhar rumo as escadas para o andar superior. – Seus cachorros não podem entrar com você, garoto. – Ela gritou e Stiles olhou mais uma vez para trás, vendo que de fato ela estava falando com ele, referindo-se a Isaac e Scott.
– Está tudo bem, eu e Isy esperamos você aqui embaixo. Qualquer coisa é só você gritar. – Scott falou ganhando um sinal de concordância do namorado.
– Tudo bem. Obrigado caras... Eu acho que não vou demorar. Pra todo caso, se eu morrer e ainda puderem salvar meu corpo, eu quero ser cremado. – O garoto brincou e logo começou a se afastar rumo a escadaria. Ele havia brincado com a situação, mas toda a empolgação e ansiedade de antes haviam sumido ele estava um pouco nervoso e até mesmo com medo. Seria apenas uma conversa, ele ficaria bem certo?
***
– Olá, jovem tritão. – A mulher disse antes mesmo que ele pudesse fechar a porta atrás de si.
– Hmm, oi? – Ele disse nervoso. Suas mãos estavam tremendo tanto que mal conseguiu terminar de fechar a porta.
– Não precisa ficar tão nervoso. – Ela sorriu amigável, a beleza daquela mulher era tão mística quando a da garota que estava no balcão do bar anteriormente. Mas os olhos de Penny pareciam muito profundos, aquilo poderia ser um pouco assustador, como se ela pudesse ler não só sua mente, mas sua alma.
– Eu só... Me desculpe. – ele respirou fundo tentando se acalmar, já havia enfrentado criaturas muito piores, não teria medo de alguém que poderia lhe ajudar. – Não queria ser mal educado.
– Eu sei, e não se preocupe, o preço que eu cobro não é nada que vá lhe machucar. - Ela sorriu pra ele indicando a poltrona vinho em frente ao grande sofá o qual ela estava. Todo o cômodo tinha cores vivas, porém escuras, era diferente e até mesmo exótico se ele tentasse descrever.
– E o que seria? – Ele perguntou ainda com um pontinho de medo causado por sua ansiedade.
– Um segredo. – Ela sorriu e deu de ombros.
– pensei que pudesse ler mentes. – Ele arqueou as sobrancelhas em confusão.
– E eu posso, mas é mais ou menos como você, apenas superficialmente. Eu quero saber o segredo mais profundo de sua alma. – Stiles apenas concordou, ele nem mesmo sabia se tinha um segredo tão grande assim. – como alguém com experiência nos negócios, deixarei que saiba tudo que deseja antes.
– Quando vim aqui, com o Alfa Derek Hale, você se lembra? Você disse á ele algumas coisas sobre a minha linhagem, poderia me contar o que sabe? – Ela o encarou seriamente, mas seu rosto ainda era brando e amigável.
– Sobre o livro que está pensando, ele é apenas mais um conto, existem muitas verdades ali, mas nem todas interpretadas da maneira certa. – Ela começou a falar como se buscasse por alguma coisa em suas memórias. – Eu o conheci, seu nome era Marine, eu o conheci poucos meses antes dele dar a Luz, ele teve dois meninos, mas faleceu pouco depois. Serias e tritões amam de verdade uma única pessoa em suas vidas, após a rejeição do homem que ele amava, ele teve dias muito difíceis mas continuou firme pelas vidas que ele carregava. Eu o conheci quando os gêmeos ainda estavam em seu útero, mas diferente de agora, eu ainda era jovem e não conhecia muitas coisas para ajudá-lo. Marine costumava ser o preferido, como um garoto prodígio, era amado por todos e obediente, até as mais travessas sereias quando tinham o pedido de ir a terra concedido, voltavam. Mas ele não voltou, o mar se sentiu muito traído e a conversa que tiveram quando Marine correu até ele ao descobrir a gravidez apenas tornou tudo pior. Foi condenado a viver em terra, sem nunca poder voltar ao seu lar, perdendo também, praticamente todos os seus poderes. – Ela olhou bem nos olhos do castanho antes de continuar. – Era comum tritões dourados gerarem crianças em seus ventres, mas ele não esperava que isso acontecesse quando estava em sua forma humana, algo que em sua casa era visto como algo comum, puro e belo, no mundo humano era visto como uma aberração e antinatural. Como havia sido dito, ele foi rejeitado pelos humanos.
– O que aconteceu com os filhos dele? – Stiles perguntou esquecendo-se que o foco de tudo aquilo era ele e não uma antiga história.
– Eu os criei, um deles encontrou o amor em uma jovem dríade e o outro casou-se com uma humana que havia sido abandonada na floresta e criada por uma ninfa. – ela suspirou como se a memória apesar de feliz fosse dolorosa. Ele sabia disso porquê era assim quando pensava em sua mãe. – Isso corrompeu uma parte da maldição, o mar não sabia que existiam outros seres além dos humanos para acolher os descendentes daquele que desertou e foi condenado a solidão por ele. – ela pausou por alguns segundos – Em todo caso, continuando, pelo que eu sei, os semelhantes de Marine, tritões dourados, apenas tinham filhos entre eles, não queriam dissolver sua linhagem ao estarem com outros tritões ou mesmo sereias. Sendo assim apenas homens costumavam nascer.
– Mas a minha mãe – o garoto começou a dizer mas foi interrompido.
– Eu vou chegar ai. – ela revirou os olhos e o garoto decidiu que era melhor ficar calado e deixa-la continuar.
– Apenas o filho que se casou com uma mulher humana teve filhos, duas meninas e depois disso uma longa linhagem de mulheres veio, era muito raro nascer um homem, então também era raro que algum deles se envolvesse com um homem e gerasse uma criança, apenas um ou dois que eu me lembre. Marine, nas semanas anteriores de sua morte esteve um busca de algo que tivesse um poder tão grande quanto aquele que o havia amaldiçoado, mas só se livrou de uma parte da maldição. – Ela pausou mais uma vez como se não tivesse certeza do que diria a seguir. – Provavelmente foi isso que permitiu seus filhos de ter um destino diferente do dele e a não serem tão afetados pelos poderes da Lua ao estarem longe de onde deveria ser sua casa, o mar.
A fada continuou saciando a curiosidade do jovem de olhos âmbar, que para cada resposta dela tinha outras mil perguntas. Quando a mulher notou que ele faria mais perguntas, ela levantou a mão em sinal para que ele permanecesse quieto.
– O sacrifício dele quebrou uma parte da maldição... Ele não era tão fraco, de morrer apenas pela dor de perder um homem, mas ele não conseguia viver estando tão longe de casa e não queria que seus filhos fossem condenados como ele, mas sua não foi suficiente para quebrar a maldição por completo. – Depois de da morte dele eu passei alguns anos fazendo isso. – A mulher de cabelos vermelhos disse em um tom sério, ficando de pé e caminhando até a grande estante feita se grossos cipós e pegou uma bonita e pequena caixa talhada em madeira. – Isso é tudo que posso fazer para ajuda-lo – ela estendeu a caixa em direção ao garoto que a pegou meio hesitante e confuso, ele olhou da caixa para a fada e novamente para a caixa. – Você pode abri-la.
Dentro dela havia um lindo colar de metal com uma bela pedra de Jade, Stiles apenas ficou ainda mais confuso ao mirar a joia. Não era uma pedra de jade qualquer ali, ela possuía um brilho magico e um tom de verde que lhe lembrava dos olhos de Derek.
– Isso vai amenizar os efeitos da maldição durante a lua cheia. E se durante a lua cheia onde a maré não estará alta, você escolher entrar no mar, não perderá a consciência como perdeu da última vez, no seu aniversário de 19 anos. – Stiles tinha muita vontade de falar, mas ele não tinha palavras e eram tantas informações em sua cabeça que ele preferira apenas se calar e ouvir tudo cuidadosamente. – Eu não posso te dar mais respostas ou redenção pra sua linhagem, mas com isso, se um dia você ou algum desentende seu desejar, pode buscar tentar concertar os erros do passado.
– Por que está me dando isso? – Ele ainda não entendia, ele daria um segredo a ela em troca de algumas informações, mas um objeto mágico como aquele? Ele nunca poderia pagar algo como aquilo.
– Não se preocupe, isso não deveria estar comigo de qualquer jeito. É seu é algo como uma relíquia de família. – ela claramente falava dobre Marine e seus descendentes, ela havia criado aquele colar com sua magia, mas havia o criado para proteger os filhos daquele que um dia foi seu melhor amigo.
– Obrigado. – ele decidiu que agradeceu era o melhor a se fazer.
– Temo que não há mais nada com que eu possa ajudá-lo sobre isso. – Ela o olhou bem com cuidado mais uma vez, Stiles era muito parecido com ele... – Sobre seus planos adicionais pra essa noite. Você sabe que ficará coberto pela culpa e arrependimento. – Penny já havia desviado o olhar novamente quando disse aquilo, mas ela havia lhe acertado em cheio. Ele nunca havia sido do tipo que se sente bem com sexo casual com alguém que provavelmente não voltaria a ver. Sempre havia se afogado em relacionamentos e foram poucas as vezes que ficara com alguém que não estivesse namorando e o pós sexo ou a manhã seguinte sempre eram terríveis pra ele. – Eu te disse certo? Sua espécie ama de verdade apenas uma única vez. E eu acho que já encontrou essa pessoa, mesmo que talvez ainda não saiba
A Imagem de Derek quando ele ainda era um adolescente se passou na mente do tritão, ele se lembrou da carta que havia escrito para se declarar ao lobo, mas aquela imagem veio tão rapidamente quanto se foi. Então ele pensou sobre Lorenzo, costumava pensar que o amava, mas a cada dia que passava tinha mais certeza que seu relacionamento foi movido pela carência e o medo de estar sozinho.
Na verdade, naquele momento de sua vida, independente se aquela fada podia ou não ver sua mente e alma, ele não conseguia ver ninguém em sua vida, não de maneira romântica e por um bom tempo. Novamente ele havia pensado em Derek, mas tinha certeza que era puramente atração sexual e devido ao fato de que ele fora extremamente gentil em um momento que Stiles estava vulnerável. O garoto não conseguiu comentar nada sobre as palavras dela então apenas suspirou.
– Sobre o segredo. – Ele disse se levantando e andando até onde ela estava, a janela do pequeno escritório. Dali eles podiam ver o que acontecia lá embaixo no clube, seus amigos estavam sentados no balcão mas não bebiam nada, pareciam apreensivos e ansiosos.
– É melhor você ir, sua matilha está te esperando. – Ela tinha um ar de mistério a sua volta, diferente de momentos atrás quando ela lhe contava tudo e respondia suas inúmeras perguntas. Como Scott havia dito, fadas eram volúveis e mudavam sua atitude constantemente, aparentemente Penny não era uma exceção. – Não coloque todos nós nem caixas – Ela disse assustando o jovem. – Assim como nem todos os lobos são assassinos sanguinários, são apenas rumores, são apenas as coisas ruins que o vento leva de nós. Ninguém nunca se lembrará de outros por suas qualidades e bons feitos.
– Eu não quis... – ele se calou por um instante sem saber o que dizer. Ela havia sido gentil com ele e ele a estava retribuindo ao pensar de maneira grosseira sobre ela baseado em rumores que ouvira. – me desculpe. – ele suspirou. – E me desculpe também por não ter um grande segredo para dar-lhe como pagamento.
– Mas você tem. – Ela disse se virando para olha-lo uma última vez. – E agora que eu já o possuo, não existe mais motivos para que você continue aqui.
***
– Vem, vamos sair daqui. – O Stilinski chamou os amigos assim que chegou perto do balcão do bar.
– Você está bem? Ela te machucou? – Scott perguntou alarmado farejando o ar, como se procurasse algo de errado nele.
– Sti, o que aconteceu? – Isaac tentou logo em seguida ao ver que o amigo apenas havia negado com a cabeça as perguntas do alfa.
– Nada, eu estou bem. Por que não conversamos lá fora? – Stiles pediu olhando para a janela que a fada estava anteriormente. Ela já não estava mais lá.
– Tudo bem. – Scott disse em voz alta, sendo acompanhado por um suspiro de concordância de Isaac. Os três saíram rapidamente do bar, Lanhey e McCall seguindo um apressado Stilinski.
– Stiles, por que você quis sair de lá assim? Oque aconteceu? – Isaac se aproximou do castanho puxando-o levemente, de maneira que ele olhasse para trás, podendo assim olhar para ele e Scott.
– Eu não sei, eu só senti uma urgência em sair dali, eu não sei por que, foi só uma sensação ruim. – Ele suspirou e olhou para a pequena caixa que ainda estava em suas mãos, fazendo-se notar pelos dois lobisomens apenas agora.
– E isso na sua mão? - Scott perguntou desconfiado. Como lidar daquela pequena matilha, era seu dever protege-los.
– Algo como um amuleto, Penny disse que iria me ajudar, com você sabe, tudo. – Stiles deu de ombros. Ele não sabia se deveria ou não usar aquilo.
– E você confia nela? – Scott perguntou sobre o olhar atento de Isaac que parecia querer fazer a mesma pergunta. Mas Stiles não sabia se confiava na fada. Ele deveria?
– Eu não sei. – Ele respondeu frustrado. Sua mente estava tão cheia de informações e novas perguntas que ele se sentia como se fosse se afogar em seus próprios pensamentos. –Podemos conversar sobre isso amanhã? Por que não vamos a outro lugar? Eu preciso muito beber hoje pra não surtar.
– Podemos ir pra casa e beber lá. – Isaac sugeriu, preocupado com as ideias praquela noite que Stiles havia tido mais cedo.
– Não seja careta, Isy. Façam isso por mim, por favor? – Stiles pediu com expressão de cachorrinho que caiu da mudança, fazendo Isaac murmurar algumas coisas incompreensíveis e concordar.
– Que tal aquele bar? – Stiles perguntou com um grande sorriso olhando para Scott. Era como se ele já tivesse deixado de lado tudo que acontecera com Penny, totalmente focado em seus novos planos.
– Eu não vou te levar naquele tipo de lugar Stiles. – Scott respondeu sério, enquanto o amigo usava a mesma técnica com ele que havia usado no beta anteriormente. – Você nem mesmo é um lobo.
– Por favor, por favor. – o garoto implorava como se ainda fosse uma criança de dez anos. Isaac apenas observava confuso sem saber do que se tratava. – Eu sempre quis saber como era uma dessas lutas que vocês fazem.
– Nós não podemos leva-lo. – Isaac se virou para o namorado quando finalmente entendeu sobre o local que Stiles estava falando.
– Ah qual é, juro que não vou aprontar nada nem irei desaparecer com um lobisomem gostosão ou coisa do tipo. - Stiles fez novamente a expressão de cachorro abandonado. Ganhando um suspiro dos dois lobisomens.
- Apenas dessa vez, Stiles.
***
Quando eles chegaram ao bar, que ficava praticamente fora da cidade, não muito longe de áreas de preservação ambiental, haviam inúmeras pessoas em ambos os lados da estrada, alguns até mesmo seguravam bandeirinhas enquanto gritavam.
– Chegamos um pouco tarde, mas se quiserem ainda podemos ver o final da corrida. – Scott disse empolgado, ele adorava quando haviam corridas, fossem elas de moto ou quando estavam semitransformados, já que não eram todos os lobisomens que conseguiam assumir a forma de lobo completa.
– Bom, eu não estou muito interessado, não sabemos nem quem está correndo, como iríamos torcer pra alguém? – Stiles deu de ombros desinteressado. – por que não entramos? Uma luta é bem mais emocionante que uma corrida.
– Não há lutas nos dias de corrida. – Isaac respondeu, já que Scott parecia muito interessado nas motos que naquele momento passavam por eles em alta velocidade, voltando à entrar na trilha que passava pela floresta. – Com corrida ou sem, eu preciso de um Drink.
– Scott nós vamos entrar, quer alguma coisa? – Stiles perguntou, mesmo sem luta, talvez ainda houvesse algo interessante lá dentro. O castanho nem mesmo acreditava que nunca havia ido em nenhum daqueles lugares para seres sobrenaturais antes, este era ainda melhor que o clube anterior. O ambiente era rodeado por uma luz vermelha e talvez por todos já estarem alterados, não haviam muitas panelinhas, o lugar era enorme, e no momento aparentava estar vazio devido ao grande número de pessoas assistindo a corrida do lado de fora. Havia um ringue posicionado bem no centro do local e diferente do resto do ambiente, luzes azuis ficam sobre ele, era apenas um pouco frustrante que não veriam nenhuma ação ali hoje, mas Talvez outro dia.
No bar, ao invés de uma garota bonita, haviam três homens, o que barman que estava mais próximo deles, possuía uma notável cicatriz no pescoço e braços tão grandes que parecia que logo rasgariam sua camiseta. Stiles olhou para o amigo ao seu lado, em um sinal de que Lanhey deveria pedir as bebidas, já que era a primeira vez do tritão ali e ele não tinha idéia do que pedir.
Não demorou muito para que Isaac abandonasse o castanho sozinho ali no bar, oque já era de se esperar, ele não deixaria Scott dando bobeira sozinho em um bar em pleno sábado, era como dar comida aos peixes, ou como o beta dizia, as piranhas, já que McCall tinha uma enorme habilidade para atrair mulheres sem precisar fazer nada além de sorrir com seu queixo torto... Talvez aquilo fosse seu charme. E aparentemente nenhum dos lobisomens dali pareciam se importar com a presença dele ou apresentar algum perigo, então o beta não ficou muito preocupado em deixar o amigo ali.
O garoto apenas ficou no balcão por um tempo bebendo, e até mesmo havia feito desenvolvido certa “intimidade” com um outro barman, já que o que os atendera primeiro era um pouco assustador. Ele não tinha tanto tempo livre, mas naquele tempo que todos estavam distraídos com a corrida ele podia ter pequenas pausas para conversar com um garoto bonito que nunca havia visto antes e flertar um pouco.
– Você não pode sair daí nem por cinco minutinhos? – Um levemente bêbado Stiles pediu.
– Não agora, mas eu tenho um intervalo daqui a pouco. – O homem respondeu se dando por vencido, Stiles queria muito dançar com ele e talvez arrasta-lo para um banheiro, o que ele totalmente esperava que sim.
– Eu espero que isso seja uma promessa, Nick. – O castanho sorriu e piscou um dos olhos em flerte.
***
Quando o vencedor da corrida tirou o capacete, o casal pode reconhecer o alfa, Derek! Eles não poderiam dizer que estava surpresos, o Hale era bastante conhecido por ali, principalmente quando era mais jovem, não que eles tivessem encontrado o alfa ali, já que aparentemente ele havia parado de frequentar o local pouco antes de Scott e Isaac se mudarem para L.A. Haviam muitas pessoas ao redor do alfa, então não seria fácil se aproximarem, até porque o homem não era tão familiarizado com eles, mas haviam se encontrado algumas vezes devido a Stiles.
Ao tentar se desviar da multidão que o saldava, Derek viu duas figuras conhecidas, fazendo-se questionar se uma certa terceira pessoa também estava ali. Com um pouco de dificuldade ele conseguiu sair do meio de todas aquelas pessoas e ir até o casal que ainda permanecia na calçada onde as pessoas ficavam para assistir as corridas.
– Hmm, Oi. – O alfa mais velho cumprimentou sem jeito. – Vocês são os amigos do Stiles né?
– Sim. – Scott respondeu esticando a mãos para cumprimenta-lo. – Mas eu tenho certeza que já sabia disso. – O alfa mais velho coçou a barba sem graça devido a resposta.
– Ele também está aqui? – Derek foi direto, não era de ficar dando voltas. E naquele momento ele queria muito ver o castanho, nunca havia imaginado que pudesse sentir tanto a falta de alguém estando longe por apenas uma semana.
– Ele está lá dentro, provavelmente muito bêbado- Isaac riu, ele também já estava bem alterado. Da última vez que ele fora lá dentro buscar bebida, havia visto Stiles de joelhos no banco do balcão para poder beijar o beta bonitinho que era barman que parecia muito mais atraente e simpático que os outros dois alfas que trabalhavam ali. Mas ele não iria dizer nada, claro que não, Derek era um lobo confuso, tinha que aprender a lidar com suas próprias merdas, como não marcar alguém quando já se é noivo de outra pessoa.
Derek os agradeceu com um sinal de cabeça não querendo alongar mais o assunto. Ele andou mais depressa do que gostaria de dizer para si mesmo para entrar no bar.
Ele olhou ao redor procurando seu garoto, mas não estava preparado para o que encontrou, Stiles estava na pista de dança agarrado com um cara, eles se beijavam de uma maneira que Derek não gostaria de descrever. Ele apenas ficou ali parado, sentindo toda sua raiva sair de sus poros e ele sabia que seus olhos estavam vermelhos. Ele pode ver o beta que beijava Stiles paralisar, sentindo sua dominância e se submetendo de imediato, O Hale continuou o encarando, vendo que ele parecia desnorteado e Stiles lhe falava alguma coisa, mas sob o vermelho frio do olhar do alfa, o barman não pôde fazer nada além de se correr de volta para trás do balcão e deixar o tritão falando sozinho e extremamente confuso.
***
Hmm, o que foi – o castanho perguntou quando o aperto em sua cintura se desfez e o beijo se partiu. – Nick? – ele chamou tentando beijar o homem de novo. – Se está ocupado podemos continuar depois... em um hotel. - Stiles tentou flertando, mas o homem nem mesmo voltou a olha-lo.
– Eu preciso ir. – foi tudo que ele disse antes de se afastar e voltar para de trás do balcão. Stiles pensou em segui-lo e de fato o fez, mas quando Nick o olhou e se virou assim que Stiles ia começar a falar, pedindo para que o alfa da cicatriz o atendesse, ele entendeu que havia levado um fora.
Talvez fosse melhor terminar sua noite ali, não era como se tivesse muita coisa para fazer ainda, e depois de suas esperanças para aquela noite serem destroçadas com aquele fora, não tinha porquê insistir, era melhor ir pra casa antes que ficasse bêbado demais e perdesse a caixinha com o colar, já que o objeto mal cabia em seu bolso. O garoto se virou de uma vez, decidido a ir embora, quando trombou com tudo em um peitoral largo e musculoso coberto por uma regata branca e uma jaqueta de couro preta. Esperou que o homem se afastasse, já que estava praticamente encurralado contra o balcão e existia pouco espaço para que o tritão se desvencilhar.
– Stiles. – Os pelos da nuca do garoto se arrepiaram ao ouvir aquela voz. Fazia apenas uma semana que não a ouvia, mas parecia bem mais.
– Derek? – O garoto perguntou surpreso, ele realmente não esperava encontrar o alfa ali. - O que faz aqui? - o lobisomem queria perguntar o que o garoto fazia ali também, mas não queria respostas que fossem lhe deixar numa situação pior do que a que estava, tudo que ele queria era tirar o castanho dali e leva-lo pra casa e mostrar a ele que a única pessoa que Stiles deveria pensar em beijar era ele.
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O Tritão, o Lobo e a Maldição
FanfictionStiles e Derek não esperavam estar conectados pela lua ou que se apaixonarem um pelo outro fosse tão fácil quanto o quebrar das ondas na areia da praia. E não havia mais nada que desejassem fazer além de afogarem-se naquele sentimento.