– A Cora não está aqui. – Derek respondeu ainda um pouco desnorteado pela imagem do menino a sua frente. O cheiro da dor e da angustia, tudo afetava seu lobo.
– Oh... eu vou indo então – o garoto disse entre soluços, parecendo ter muita dificuldade pra falar.
– Vem, não vou te deixar sair daqui assim. – O mais velho disse, ganhando um olhar fixo do castanho. Como se ele não soubesse porquê o Hale falava com ele daquela maneira que parecia tão doce. Ele não conseguiu ter outra reação além de segurar a mão que o homem lhe estendia e levantar com a ajuda do mesmo, seguindo-o para dentro do apartamento.
– Sente-se um pouco. – o mais velho falou, somente agora soltando a mão de Stiles. – Vou fazer um chá pra você se acalmar.
Derek escutou por um tempo o choro do mais novo enquanto fazia o chá, achou q ele finalmente estava melhor quando o som de choro desapareceu, e o cheiro da tristeza já não era mais tão forte, mas foi surpreendido quando voltou com o chá. O castanho havia adormecido de mal jeito no sofá.
O lobisomem fitou o menor por algum tempo, ele parecia pequeno e frágil naquele estado, os olhos inchados e a pele mais pálida que o normal. Derek sabia que aquela imagem já não afetava mais somente sua parte lupina...
Com cuidado pegou o menino em seus braços, carregando-o até o quarto de hospedes e depositando-o delicadamente na cama. Ele realmente esperava que Stiles estivesse melhor quando acordasse.
***
Stiles acordou com uma terrível dor de cabeça, como se tivesse bebido muito na noite anterior, mas ele sabia que sua cabeça doía por ter chorado demais e não devido a alguma bebida alcoólica. O castanho não tinha certeza se queria abrir os olhos, na verdade ele queria poder dormir por cem anos e se esquecer de quão estupido havia sido ao confiar em Lorenzo. Se perguntava há quanto tempo o homem vinha lhe traindo, ele lhe traía antes de se mudarem? Ou começou apenas depois? Céus, o Stilinski apenas podia agradecer a si mesmo por ser paranoico o bastante para nunca transar sem preservativo, porquê sabe-se lá por quantos buracos o pênis de seu ex-namorado havia entrado.
Após devanear por algum tempo, ainda sentindo sua cabeça doendo absurdamente, o Stilinski levantou de uma vez, apenas agora se lembrando de onde estava. Ele não estava em sua casa, e muito menos na casa de Scott e Isaac! Merda, ele havia dormido no sofá dos irmãos Hale, e atenção, sua amiga Cora nem mesmo estava em casa. O castanho suspirou, apenas agora olhando para os lados, vendo que não estava mais no sofá, como havia ido parar no quarto de hospedes? Uma única resposta apitava como um alarme vermelho em sua mente, fazendo seu rosto esquentar. Merda, Derek havia lhe carregado até ali?
– Okay, apenas veja se ele está em casa, se desculpe e vá embora. – Stiles sussurrou pra si mesmo. – Espero que ele não esteja em casa. – murmurou sozinho mais uma vez. – Isso, sim. Ai eu apenas escrevo um bilhete e finjo que nada disso aconteceu.
– Bom dia. – Derek disse sem desviar o olhar do que quer que fosse que estivesse fazendo naquele fogão, assustando o menor que andava olhando para o chão, ainda falando consigo mesmo. – Espero que esteja melhor. – o mais velho disse suave e parecia tão gentil quanto na noite anterior. Realmente, Stiles achava que nunca iria entender aquele homem, que era muito gentil com ele e depois fingia que ele não existia.
– Hmm, bom dia. – o garoto respondeu com a voz falhando, provavelmente devido ao choro da noite anterior. – Eu acho que estou melhor, obrigado.
– Se está bem, que tal se sentar e almoçar comigo? – o homem ofereceu finalmente desligando as trempes acesas.
– Quantas horas? – o castanho perguntou, merda, havia dormido tanto assim? Seu celular estava sem bateria, então ele não tinha ideia de quantas horas eram.
– Já passou das três da tarde. Mas eu pulei meu horário de almoço na empresa hoje pra poder vir pra casa mais cedo. Fiquei preocupado com você acordando sozinho, você estava muito mal ontem. – Stiles olhou nos olhos de Derek o homem estava realmente perto dele agora, tudo que os separava era o balcão da cozinha. Até mesmo os olhos do lobo naquele instante exalavam gentileza e preocupação. E Stiles se sentiu um pouco balançado com aquilo sem ter certeza do porquê.
– Acho que eu dormi de mais né... – o garoto riu sem graça. – em fim, e muito obrigado por tudo. – Stiles corou mais uma vez ao pensar que provavelmente Derek o havia carregado para o quarto de hospedes e coloca-o na cama.
***
Após o almoço Stiles havia se posto a chorar mais uma vez, por algum motivo ele também havia contado a Derek o que havia acontecido. Lorenzo, o cara que namorava há mais de dois anos, e o qual morava junto há alguns meses havia lhe traído, e para completar o clichê, havia flagrado o homem com outro na cama deles. Cama a qual Stiles havia passado noites e noites se sentindo solitário sem o homem. Agora pelo menos ele sabia o porquê...
– O que acha de bebermos um pouco? – o lobisomem ofereceu. – tenho algumas bebidas especiais guardadas. Não sei se vai te fazer sentir melhor, mas talvez chorar e gritar um pouco ajude a amenizar a dor que está sentindo agora... – o moreno ofereceu. – Eu também já fui traído, e posso te garantir que foi realmente tenso, quando tentei terminar com ela, ela me deu uma facada. Por sorte eu não sou humano, ou estaria morto agora. – Stiles olhou com os olhos arregalados para o mais velho, chocado com o que ouvira. Aquilo até mesmo havia lhe feito parar de chorar, e talvez por pior q soasse aquilo, o garoto teve vontade de rir.
– Traga sua melhor bebida, então, e celebremos nossos pares de chifre. – o garoto tentou rir da própria tragédia, mas tudo que saiu foi algo parecido com um ganido.
***
– Vem, eu vou te levar em um lugar fantástico. – Um Derek levemente alterado, pegou na mão do menor, fazendo-o levantar do chão, onde estavam bebendo a algum tempo. – Aposto que nunca foi a um clube sobrenatural. – o mais novo olhou curioso para o outro, parecendo empolgado com a ideia.
– não podemos dirigir nesse estado. – Stiles disse entre soluços, devido a bebida.
– quem disse algo sobre dirigir? – E antes que Stiles pudesse dizer mais alguma coisa o Hale já havia se transformado completamente e assumido sua forma de lobo, deixando o menor embasbacado com a beleza do animal a sua frente, ele era grande a majestoso, com olhos vermelhos, um alfa... O grande lobo fez um gesto, que Stiles julgou sendo para que montasse em suas costas, ele esperava que fosse isso e que Derek não o jogasse no chão quando tentasse montar em suas costas. Eles estava certo, pois assim que se aproximou, o lobo se abaixou de maneira que Stiles pudesse se segurar nele, sem parecer se importar, com quantos andares estavam abaixo deles, e com um Stilinski muito assustado segurando com muita força seu pescoço, Derek pulou pela sacada do apartamento, e logo os dois estavam correndo pela noite. E o mais novo nunca poderia descrever aquela sensação, era como se naquele momento tudo tivesse desaparecido, ele era pura adrenalina. O vendo gelado batendo com força em seu rosto em contraste com o calor que o grande lobo sob si fornecia, por mais cosias sobre o mundo sobrenatural que o menor conhecesse, nada iria se comprar aquilo. Era simplesmente maravilhoso.
***
– Todos aqui costumam ser legais, mas tome cuidado. – Derek disse quando entraram no bar, ambos já não estavam mais tão alcoolizados. Mas Stiles ainda parecia em êxtase pela corrida, e agora vendo aquele lugar cheio de criaturas semitransformadas e algumas completamente em sua forma, era fantástico, assustador, talvez. Mas ainda assim, era fantástico.
– Aquela no balcão é a dona do bar, ela é uma fada. Não como a Lydia que é uma mensageira da morte, ela é um pouco mais assustadora. Parece conseguir ler seus pensamentos e ver sua alma. Não se deixe enganar pela beleza e os olhos azuis elétricos, a maioria diz que ela é criatura sobrenatural mais antiga ainda viva. – Derek começou a explicar quem eram aquelas pessoas e seus grupos – Bom, ali naquela mesa do canto, temos vampiros, não se meta com eles, apesar de não matarem humanos eles adoram encrenca e convencer você a lhes dar um pouco de seu sangue. Acredite, eles são bons nisso.
– E aqueles? – ele apontou para um outro grupo que estava mais próximo ao balcão do bar.
– Fadas. Aparecem aos montes aqui, por causa da Penny, a fada que te falei que é dona daqui.
– Elas parecem legais, eu gosto de fadas. – Stiles disse contente, olhando para o grupo que parecia ter saído de uma revista de moda.
– Não são muito confiáveis, tenha cuidado, são criaturas bem traiçoeiras, alguns mais que outros. Suas personalidades são bem volúveis dependendo do que desejam.
– Você é algum tipo de wikipedia do mundo sobrenatural? – Stiles perguntou sarcástico – É quase como o seu tio gostoso, o Peter. Parece que vocês tem muito em comum.
– Isso quer dizer que me acha gostoso? – Derek perguntou ignorando todo o resto.
– Eu me referi a ser uma wikipedia ambulante, mas não posso negar que esse seu maxilar, e esses músculos dos braços quase rasgando a manga da sua camisa são algo, porquê com certeza são. – Stiles não iria negar, não existia nem um ponto em negar, porquê era apenas a verdade, Derek era gostoso pra caralho e ponto. E ele tinha certeza de que o lobo tinha plena ciência disso. – Mas esse não é o ponto, vamos logo pedir alguns drinks, eu preciso esquecer desse chifre pesando na minha cabeça mais do que o daqueles centauros ali. – o garoto fez um sinal com a cabeça em direção ao grupo que não estava tão distante de onde eles estavam.
Talvez Derek devesse ter prestado mais atenção em quanto Stiles havia bebido, mas ele estava muito ocupado, assistindo o garoto dançar, para ver quantas doses ele buscava rapidamente no bar antes de voltar para a pista de dança. Mas até então ele parecia realmente feliz com algumas fadas, centauros e sátiros que formavam uma pequena roda de dança.
– Uau, eu não via um desses há algumas centenas de anos. – Penny assustou Derek que ainda estava concentrado no homem de pele banhada por pintinhas na pista de dança.
– Um desses o que? – o lobo perguntou, fitando a fada de longos cabelos azuis e sombra também azul, cheia de glitter combinando perfeitamente com seus olhos elétricos.
– Oh, você ainda não sabe, bom, é difícil distinguir um tipo de cheiro quando nunca se sentiu nada parecido antes. Não posso te julgar por não ter notado que seu garoto é um tritão, ou uma sereia como eu prefiro chamar. Uma linhagem bem rara se posso dizer, com uma história trágica, porem uma bela e rara linhagem.
– Isso explica porque ele cheira como o oceano. – Derek murmurou para si mesmo, vendo Penny sair e ir servir outro cliente. Ficou um tempo ali, perdido em seus próprios pensamentos, só voltando “ao mundo real” quando escutou muitas palmas e gritos.
– Merda. – Derek murmurou para si mesmo, se levantando do balcão e indo rumo ao Pole dance no meio do bar, onde um Stiles muito bêbado, dançava e começava a tirar suas roupas. – Stiles, chega vamos pra casa. – o lobo tentou. Mas o jovem tritão não parecia se importar com o que ele dizia.
– Aquele filho da puta vai ver o que perdeu. – Stiles gritou, recebendo vários “yeeeeah” do público que assistia seu strip. – apenas a cueca restava no corpo do garoto quando Derek subiu no pequeno palco pegando o garoto, enquanto recebia vaias por ter acabado com a festa.
– Me solta, eu quero dançar, quem se importa se eu estou pelado? Ninguém se importa com meu corpo pouco atrativo. Branco de mais, cheio de pintas e magrelo. Lorenzo nunca iria ficar comigo mesmo, eu sou apenas um cara esquisito sem atrativos. -- Ninguém ali veria nada de mais mesmo. Stiles gritava contra o ombro de Derek dando vários socos no corpo do mais velho enquanto chorava, gritando várias coisas que partiam o coração de Derek e faziam seu lobo ganir em tristeza. Derek queria que Stiles se sentisse especial, e a partir daquele momento ele teria certeza ou ao menos tentaria fazer com que o castanho se sentisse especial, mesmo que ainda não soubesse como. Porquê Derek sabia que não existia ninguém no mundo pra ele que fosse mais precioso do que aquele jovem tritão. Seu Mate.
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O Tritão, o Lobo e a Maldição
FanfictionStiles e Derek não esperavam estar conectados pela lua ou que se apaixonarem um pelo outro fosse tão fácil quanto o quebrar das ondas na areia da praia. E não havia mais nada que desejassem fazer além de afogarem-se naquele sentimento.