Cora já havia organizado tudo. Ela deixou um homem pomposo e extravagante com a responsabilidade de anunciar os nomes dos convidados e avisou aos músicos para pararem de tocar no momento em que ouvissem nossos nomes.
Zack estava dizendo quem éramos ao anunciador de roupas coloridas e estávamos prestes a ficar diante de todo mundo nas escadas principais, quando o impedi segurando seu braço. Embora pudesse ouvir as vozes das pessoas conversando e as gargalhadas de algum bêbado perdido entre a multidão, o som que retumbava em mim era o da minha respiração entrecortada. Quanto mais próximos do salão principal, mais trêmula eu ficava.
– O senhor pode esperar só um instante? – Supliquei ao homem de roupas espalhafatosas. – Zack, eu não vou conseguir! – Falei apressada. – Vai ter muitas pessoas lá embaixo, eu sinto que vou desmaiar ou vomitar... Ou os dois ao mesmo tempo...! – As palavras se acotovelaram em minha boca e um calor estremecente fervilhou no pé do meu estômago.
– Ora, Ellie, fique calma!
– Algo de ruim vai acontecer! – Exclamei. – Eu sinto que vai! – Era como se algo me avisasse para testar os limites da velocidade que minhas pernas podiam alcançar. – Leve– me de volta ao meu quarto e diga que estou passando mal, ou que estou doente e morrendo... Pronto! Diga que morri! Mortos não vão a bailes, certo?! Eu não estou certa?!
– Ellie, pelo amor de Deus...
– Zack, eu não quero descer. Eu vou fazer alguma idiotice e todos vão me odiar!
– Todos vão te adorar, Ellie!
– Também não quero ser adorada! Se gostarem de mim, arranjarei um marido, me casarei e nunca mais voltarei! Nunca mais verei meus pais e todas as outras pessoas que amo! Eu só tenho 14 anos, Zack! Pessoas com 14 anos não deveriam ter que passar por esse tipo de coisa! Não quero fazer nada disso! – Minha voz começou a ficar embargada e minha visão turva. O coração estava ficando apertado, minha garganta se fechou, comecei a tentar suprimir meus soluços enquanto minha cabeça parecia que iria explodir. Eu percebi pela expressão no rosto de Zachary de que ele estava entrando em desespero. O rapaz nunca soube como reagir a uma garota chorando, assim como qualquer outro garoto de 17 anos.
Para ser sincera, eu sempre tive a impressão de que nenhum homem sabe realmente como consolar uma mulher em crise, independente de idade.
– Elizabeth, você vai ficar com o rosto todo vermelho! Você fica horrível chorosa e vai acabar afastando todos os seus pretendentes! – Empurrei o peito de Zachary com força.
– Ora que se dane! – Queria sair de dentro daquele maldito espartilho, colocar um dos meus vestidos soltos e gritar em um travesseiro fofo até toda aquela história de baile acabar. – Para o inferno tudo isso! – Exclamei largando todas as minhas boas maneiras. – Não quero arranjar noivo nenhum nessa porcaria de baile!
– Ei, ei, ei! – Zachary colocou as mãos em meus ombros. – Tudo bem, tudo bem. Vamos esquecer essa história de pretendentes por um tempo. – Algumas lágrimas teimosas já haviam escorrido pelo meu rosto. – Agora, respire fundo.
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Coração Pirata
FantasyElizabeth Salazar foi encontrada no ano de 1700 ainda bebê por pescadores. Ninguém soube ao certo como ela sobreviveu ao frio e ao mar e o questionamento se seguiu pelos seus próximos 14 anos. Dona de um espírito curioso e destemido, Elizabeth é at...