Capítulo 21

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Voltar para o quarto foi mais fácil do que eu pensei

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Voltar para o quarto foi mais fácil do que eu pensei. Nós tomamos o mesmo caminho da vinda, furtivas pelos telhados da mansão Balthazar. Mia foi na frente guiando nossos passos de maneira rápida. Foi só durante o percurso que notei como eu sentia meu corpo mais leve e acostumado com a corrida. Fiquei repetindo para mim mesma como os sentidos atlantes estavam auxiliando o meu novo estilo de vida audacioso e fiquei me perguntando por que eles não haviam acordado antes.

Nos aproximamos da janela do quarto e eu me questionei como conseguiríamos alcança-la, mas aquela não era a primeira escapada de Mia.

— Eu vou primeiro e depois te ajudo a subir. — Ela anunciou.

Eu assenti e a assisti dar o primeiro salto, alcançando um bloco ressaltado que só ela com suas próprias experiências poderia encontrar. Aos poucos a garota escalou a parede de revestimento vermelho, até chegar na janela e impulsionar o corpo para dentro do quarto. Eu suspirei de desgosto ao perceber que teria que fazer o mesmo processo. Eu não conseguia parar de pensar em como Mia parecia um felino, daqueles bem arredios que nunca ficam em casa.

— Sua vez. — A garota sussurrou.

Eu não devo ter feito uma cara muito positiva, mas respirei fundo e tentei me lembrar do que ela tinha feito. Focalizei no bloco que ela havia se escorado primeiro e saltei. Algo deu muito errado nos meus cálculos, porque eu fui parar muito acima do que o esperado. De fato, minhas pernas estavam muito mais fortes e antes que eu ou Mia notasse, meu corpo havia saltado metros, sozinho, e minhas mãos desengonçadas agarraram desesperadas a beirada da janela.

Mia me segurou com as duas mãos e me puxou para dentro do quarto. Nós duas caímos com um baque no chão amadeirado. Não houve tempo para a surpresa ou mesmo para os meus murmúrios de reclamação, nossas reações foram engolidas pelos sons de passos vindos do corredor.

— Levante-se! Rápido, vá pra sua cama! — Mia ordenou, enquanto ela corria pelo quarto em busca de velas.

Corri para o leito da cama que eu lembrava ser a minha e me cobri com o lençol branco que ainda estava desarrumado da maneira que eu havia deixado. Foi estranho deitar no colchão macio que eu pensei ter abandonado, mas não restou tempo para reações. Mia acendeu mais uma vez a vela que ela havia deixado na beirada da janela e deitou-se no pé da minha cama. Quando as garotas entraram no quarto conversando entre si, não pareceu que tínhamos fugido, nos jogado no mar e descoberto a energia vital do mundo.

Suas vozes ecoavam pelo quarto física e mentalmente, eu consegui ouvir tudo, mas não conseguia distinguir. Era como estar no meio de uma praça cheia de burburinhos. Questionei-me como faria para desligar aquele barulho para dormir mais tarde.

— Vejo que a noite correu bem. — Disse Marisol. — Nenhuma recaída?

Eu não estava de olhos abertos, mas escutei o tom de voz de Mia soar calmo e desinteressado, como quando a conheci.

Coração PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora