Eu descobri que Oliver tinha 18 anos e que era bastante engraçado quando se tinha intimidade. E, bem... A amizade flui. Dançamos todas as músicas que pudemos e não trocamos de par em nenhum momento. Foi assim, até os sininhos tocarem e nos encaminharmos todos para a sala de jantar para nossa refeição noturna.
Cora esperava à grande porta, pronta para encaminhar qualquer convidado que estivesse perdido e precisasse se sentar. O único que parecia desnorteado era Percival e minha mãe fez questão de providenciar que o colocassem em algum quarto afastado para não importunar os outros convidados com suas palavras emboladas, seu bafo insuportável e seus passos trôpegos.
Quando vi tanta gente não pensei que houvesse comida suficiente para todos até ver a fartura das duas mesas compridas. Havia todos os tipos de carne que se podia imaginar, desde galinha a crustáceos e pratos que variavam entre o típico ensopado com batatas a elaboradas refeições com ingredientes que eu não conhecia. Tudo, desde o banquete diversificado à decoração com candelabros dourados, parecia ser uma explosão de cores e sabores que apenas surpreendia os convidados.
Eu e Oliver sentamos lado a lado e para o meu infortúnio de frente para Zachary e Serafina. Devido aos esforços do meu acompanhante, o discurso do Sr. Lackwood e da minha preocupação em manter a etiqueta enquanto comia; não fiquei distraída olhando para o casal na outra mesa. Pelo menos, não todo o tempo.
Decidi abrandar meus sentimentos e deixar que o inglês me fizesse rir, o que não foi difícil para o meu espanto. O rapaz me deixou ficar com minha sobremesa, um gesto bastante gentil. Ele me contava piadas com elogios escondidos nas entrelinhas e não precisou falar alto ou para um público muito vasto como Sr. Richard fazia naquele momento com seus amigos. A ideia de ser o centro das atenções de Oliver me trouxe uma sensação vergonhosamente boa.
Todos demoraram para comer o jantar, conversávamos bastante deixando o salão com um eco da cacofonia de vozes. O baile corria animado e a noite avançava. Oliver parou por um instante olhando para o outro lado da mesa. Não entendi por que havia pausado a conversa e segui seu olhar enquanto ele tentava voltar ao diálogo casual que havíamos adentrado.
– O que houve? – Questionei fixando os olhos no mesmo ponto em que ele havia fitado. Foi só então que me atentei que Zachary olhava para nós de tempos em tempos e que ele havia virado o rosto quando percebeu que nós havíamos notado seu ato. Oliver suspirou.
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Coração Pirata
FantasyElizabeth Salazar foi encontrada no ano de 1700 ainda bebê por pescadores. Ninguém soube ao certo como ela sobreviveu ao frio e ao mar e o questionamento se seguiu pelos seus próximos 14 anos. Dona de um espírito curioso e destemido, Elizabeth é at...