capítulo 8 ep:8

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(Millie):"Ah... Tudo bem."

Só por ouvir a citação de seu nome, meu corpo fica tenso. Devo me habituar. Aqui, ele está por toda parte. Eu fico amassando a alça de minha bolsa, pensativa.

(Jake):"Sabe... Eu não queria que as coisas chegassem nesse ponto."

(Millie):"Do que você está falando?"

(Jake):"Eu não queria te fazer mal quando eu te falei do Carter e de suas... Manias. Eu jamais me misturo em sua vida privada, eu não sei o que houve comigo."

Eu respiro bem fundo. Como eu  poderia odiá-lo por querer tentar me prevenir?

(Millie):"Eu teria preferido se você estivesse errado."

(Jake):"Eu sei... É meio idiota, mas eu fiz isso por rancor. E esse não é um sentimento que eu  quero alimentar."

Eu levanto a cabeça para fixar meu olhar no seu.

(Jake):"Sabe... Eu senti algo entre nós, quando a gente falou sobre nosso passado no bar, e eu não sei... Fiquei imaginando coisas... Desculpe por ter me comportado com tanta frieza quando eu soube sobre sua relação com o Ryan. Foi tão idiota da minha parte..."

Eu também, naquela noite, me senti próxima dele, e por um momento eu imaginei que daria certo estar com ele. Ele coloca uma mão em sua nuca e a outra em seu bolso.

(Jake):"Merda... Que vergonha...!"

(Millie):"Não... Eu... Eu fico lisonjeada."

(Jake):"Mas não interessada."

(Millie):"Não agora. Eu acho que preciso de um tempo."

(Jake):"Eu entendo."

Ele olha para baixo um tanto acanhado. Eu estou vermelha de vergonha.

(Millie):"Bom... Eu vou indo..."

(Jake):"OK."

(Millie):"Nos vemos amanhã à noite na festa de inauguração!"

(Jake):"Sim, estarei lá!"

(Millie):"Até amanhã então!"

Indo a pé em direção ao metrô, eu estou um pouco chateada. A declaração do Jake não me deixa indiferente, é até gratificante, e sinto meu ego até massageado depois da pancada que ele recebeu ontem à noite. Mas tudo parece acontecer tão rápido... Será que é o efeito desta cidade sobre os habitantes?

E já foram várias vezes que eu toquei no contato da Lisa e que desliguei logo depois. Eu preciso falar com alguém, estou quase me desmanchando em lágrimas, desde que voltei para casa. Eu dei uma de forte hoje, mas não passou de uma máscara frágil. Minha vontade é apenas me enfiar embaixo dos lençóis e passar a noite chorando. Eu chorei o bastante pela morte de meus pais, para saber que não serve para absolutamente nada mais do que se enfiar ainda mais na tristeza.

Eu decido ligar para minha amiga. Ouço tocar algumas vezes e então cai na caixa postal. Eu colo o telefone contra meu peito enquanto olho para o teto de meu apartamento. Eu me sinto sozinha. Tão sozinha... Eu me aconchego no sofá e vejo só uma parte do teto. E então subo devagar o meu cobertor. De repente eu tenho vontade de ficar aqui para sempre. Sozinha. Em casa. Ao abrigo da crueldade masculina. Ou talvez, de um único homem. Uma lágrima escorre pelo meu rosto, depois uma segunda. Eu choro.
De repente meu telefone toca, é a Lisa me retornando. Eu hesito um instante e então atendo.

(Lisa):"Oi minha linda!"

(Millie):"Oi..."

Minha voz está trêmula, irreconhecível.

(Lisa):"... Tudo bem?"

A pergunta que nunca se deve fazer quando não se está bem.

(Millie):"Não. Não está nada bem."

A última palavra é abreviada pelo soluço em meu choro.

(Lisa):"Oh... O que está acontecendo minha linda?"

Eu já sinto a Lisa vestindo sua armadura para me vingar.

𝐈𝐒 𝐈𝐓 𝐋𝐎𝐕𝐄, Ryan CarterOnde histórias criam vida. Descubra agora