(Ryan):"Os pais de meu pai."
(Millie):"Oh..."
Ele sorri de um jeito estranho.
(Ryan):"Eu não considero essas pessoas como minha família."
Eu contraio a testa para mostrar minha incompreensão. O que houve para que ele fale deles dessa forma tão rude? Ele balança a cabeça e fala baixo.
(Ryan):"Podemos dizer, senhorita Olsen, que você sabe me fazer falar!"
Eu levanto os ombros com um ar de inocente. Eu não quero pressioná-lo. Eu gosto de ouvi-lo, só isso. E se eu puder aliviar um pouco a sua dor, estarei contente. Ele respira bem fundo e joga um galho no mar.
(Ryan):"Eu precisei de muitos anos para entender... Eu precisei de tempo para viver com isso."
Sua voz é fraca, quase inaudível. Meu coração fica bem apertado.
(Ryan):"Se minha mãe pudesse ter pagado os tratamentos, as coisas poderiam ter sido diferentes."
(Millie):"Como assim? Ela não teve cuidados?"
(Ryan):"Ela já tinha dificuldades de conseguir recursos para criar eu e a Jenny. Agora, pagar um tratamento super caro para se cuidar, não era sua prioridade. Os pais do meu pai, que tinham muito dinheiro, não a viam como nada mais que alguém que teve relação com seu filho só para diverti-lo. Não levantaram nem o dedo mindinho para ajudá-la."
Que horror...! Eu tento não me afetar pelo nó em minha garganta. O Ryan fica em silêncio por um instante, olhando os reflexos do sol sobre a água calma do mar. Eu não poderia imaginar que ele tenha tido um passado tão duro. Eu não sei mais se quero continuar com essa conversa.
(Ryan):"Minha mãe sempre nos escondeu tudo, é claro... Ela queria que pensássemos que estava tudo bem. Sua prioridade sempre foi nos proteger. A mãe do meu pai acabou se sentindo culpada e convenceu seu marido acolher eu e a Jenny. A decisão dessa mulher fez com que ela fosse muito repreendida pelo seu marido. Assim como pelas pessoas de seu círculo social... Ele cedeu, afinal, tínhamos o seu sangue... E a crueldade deles não chegou a separar eu e a Jenny."
Eu tenho a impressão de ouvir uma daquelas histórias terríveis que nossos pais nos contam enquanto estamos quentinhos em seus braços.
(Ryan):"O carinho para eles era uma coisa de outro mundo. E a Jenny ainda sofreu bem mais do que eu."
Eu abaixo meu olhar. Isso é uma coisa que pode explicar bem essa garota... Ela só confia em uma pessoa: seu irmão.
Entre seu pai que a abandonou e avós adotivos nada carinhosos... Será que eu posso mesmo pensar mal sobre ela...?(Ryan):"Nós recebemos uma educação bem restrita, do jeito antigo. A vantagem é que frequentei as melhores escolas do país e que amadureci bem mais rápido que os garotos de minha idade."
(Para tudo há um tempo de qualquer forma...)
(Millie):"Seus avós... É... Eles nunca se desculparam?"
Ele dá uma risada, como se fosse algo totalmente improvável. Essa reação me surpreende. Eu não acho que o ser humano seja naturalmente maldoso. E eu acho que as mesmas pessoas, mesmo as piores, podem se arrepender um dia ou outro.
(Ryan):"Na morte deles, eu fui o herdeiro. Meu avô deixou uma carta deixando generosamente, toda sua fortuna para mim..."
Seus olhos se fixam nos meus e a dor que vejo em seu olhar me doem no coração.
(Ryan):"Como se seu dinheiro pudesse comprar tudo!"
Ele se vira de novo na direção das ondas, e sua expressão ainda é muito séria.
(Ryan):"Eu nunca vou perdoá-lo!"
Que triste que esse homem tenha dado esse pequeno passo na direção dele tão tarde... Sem dúvida ele estava bem confiante no Ryan para deixar todos os seus bens.
(Ryan):"Enfim... A morte deles pelo menos, serviu para alguma coisa. Com a herança, eu consegui juntar dinheiro suficiente para montar minha sociedade. Eu jurei montar um império e ajudar os necessitados."
(Millie):"Para que outras crianças não passem pelo que você passou?"
Ele fica em silêncio. Me sinto mal. Muito mal por ele.
(Millie):"Eu tenho certeza que... Que sua mãe estaria muito orgulhosa do homem que você se tornou..."
(Ryan):"Oh? Está falando do canalha multi-bilionário que trata as mulheres como mercadoria?"
Seu olhar com brilho malicioso acaba de voltar. Nunca está muito longe! E assim eu entendo que acabaram-se as confidências.
(Millie):"Eu não vou voltar atrás com minha palavra. Você as mereceu."
(Ryan):"Você tem razão. Eu preciso mesmo ter mais sensibilidade."
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𝐈𝐒 𝐈𝐓 𝐋𝐎𝐕𝐄, Ryan Carter
أدب الهواةAtenção: Essa história contém spoilers Millie Olsen trabalha há vários meses nas Empresas Carter, uma empresa influente em Nova Iorque e fundada pelo carismático Ryan Carter. Sua vida está bem organizada: ela tem seu apartamento, a Lisa e o Matt são...