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Nídia

Sexta feira, termino o meu trabalho no escritório e arrumo minhas coisas para ir para casa. Ver a minha filhota, apertar aquelas bochechinhas fofas e olhar aqueles olhinhos lindos que derretem o meu coração.

Antes de sair, bato a porta da sala de Aaron, não o vi o dia inteiro, mas a falta que ele me faz é surpreendente. É incrível como em tão pouco tempo, eu tenha me apegado a esse homem, ela é tão lindo, e o seu sorriso é tão apaixonante, o seu beijo, seu toque parece que o meu corpo já não me obedece, obedece apenas ele, somente ele.

- entre. - ouço do outro lado da porta.

- oi - digo meio envergonhada por meus pensamentos

- oi linda - diz aparentemente cansado
O seu rosto mostrava que ele estava esgotado, cansado como se tivesse que inúmeros problemas.

- você está bem? - pergunto

- vem cá - diz e bate em sua perna indicando que eu sente em seu colo. E eu sento.

- o que foi? - insisto

Ele me abraça forte, como se eu fosse fugir, como se eu fosse o seu porto seguro. Eu retribuo o abraço, e deposito um beijo em sua testa.

- estou perdendo as esperanças - diz melancólico - eu não sei mais o que fazer...

Sei bem do que ele fala, ele fica assim apenas nos dias que fala com o detective, provavelmente ele não teve notícias novamente.

- não diga isso - coloco minhas duas mãos em cada lado do seu rosto - ela vai aparecer, você tem que acreditar, não perca a esperança, agarre - se a ela.

Ele olha para mim, triste e melancólico, depois acena com a cabeça fazendo um sim. Então o abraço novamente.

                 
Uma hora depois, Aaron tinha se recuperado, e estava mais calmo e relaxado.

-  bom, eu já vou embora. - digo

- você vai para casa? - pergunta

- não. Vou pegar Zahara na creche primeiro. - digo

- quer um boleia? - pergunta

- Claro.

Seguimos para a creche de Zahara, no carro conversamos sobre várias coisas, Aaron é tão engraçado que me fez rir até lagrimar.

Chegamos na creche e um menino derramou sumo de uva na minha saia branca, ele estava correndo e não me viu. Ele era tão fofinho, tinha uns cachinhos cor de mel, e era muito educado, pediu desculpas e se ofereceu para me ajudar a limpar, e olha que ele só tinha 4 aninhos, muitos adultos não tem nem metade da educação dele.

Fui a casa de banho me limpar enquanto Aaron foi buscar Zahara.

Aaron

Busco pela professora de Zahara, que me entregou sua pasta e me indicou onde ela estava. Me aproximei e pude ver os seus olhinhos marejados, e uns meninos falando para ela.

Ando um pouco mais e vejo que os meninos estavam gozando com ela, dizendo que ela não tem pai, e puxando seu cabelo. São dois  rapazes com mais ou menos três ou quatro anos, eles deixaram a minha anjinha triste.

- onde está o seu pai? - gozou um dos meninos

- você é filha do vento é? - gozou o outro menino

Ver os olhinhos de Zahara brilhando de tristeza, enquanto as lágrimas caem, partiu meu coração, eu sinto uma conexão inexplicável com ela, uma necessidade enorme de protege-la de tudo e de todos.

- ela tem pai sim - falo para os meninos que só notam a minha presença naquele momento - eu sou o pai dela

- você é o pai dela? - perguntou um dos meninos desconfiado

- porquê você nunca veio buscar ela?  - perguntou o outro

- eu estava viajando. - minto - e vocês dois me escutem com atenção, eu odeio que maltratem a minha filha, então, a próxima vez que vocês fizerem isso com ela eu trago o meu bicho papão de estimação para devorar vocês.

Os dois garotos quase fizeram xixi nas calças, saíram correndo de lá, enquanto Zahara olhava para mim com se eu fosse seu super herói.

- vem cá princesa - digo enquanto a pego no colo

A minha vontade naquele momento era envolver ela numa bolha protectora que ficasse comigo o tempo todo para ninguém mais fazer mal a ela. Carrego ela no colo, e ela coloca a cabecinha dela na curva do meu pescoço, até chegarmos ao carro, mando uma mensagem para Nídia avisando que estamos no carro, quando surge uma pergunta inesperada.

- oxe é meu pai?  - a anjinha pergunta me deixando completamente sem resposta

Viro para vê-la no banco de trás, e olho para ela por incontáveis minutos. A verdade é que eu adoraria ser o pai dela.

- eu vou te contar um segredo, você é uma criança muito especial e tem um poder mágico. - falo

- tenho? - ela pergunta

- tem, você é a única criança no mundo que pode escolher o seu pai, mas você deve pensar muito bem antes de escolher- digo

- eu quelo voxe - ela diz

- você tem certeza? - pergunto

- tenho xim, voxe binca comigo, lê estolias pá mim, me leva pá pacia, voxe me dá muito cainho, voxe é namolado da mamã - ela dá uma pausa e continua - voxe é um papai muito legal.

Eu nunca pensei que Zahara me enchergasse desse jeito. Olho para ela com ternura, puxo ela para o meu colo, e a abraço bem forte. Ela ilumina a minha dor, e faz juiz ao seu nome. "Zahara" ( Luz ).

- eu quero muito ser o seu pai - digo

Continua...

               *************

Olá pessoas🙋

Já não me desculparei, eu nem tenho como 😔

Porém, aí está mais um capítulo, espero que gostem 😗















um presente do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora