4 - A dupla policial

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Continuo a minha corrida até ao café onde combinei tomar algo com o jovem Luca, esperei bastante e estava quase de saída quando ele apareceu com a minha encomenda mas não ficou para comer, fiquei preocupada mas eu não podia fazer nada. Regresso para casa, tomei um duche, a família estava fora então aproveito para ler um pouco e pesquisar empregos na internet, eu tenho o curso de professora primária mas também tirei línguas, Português, Inglês, Francês, Italiano e Espanhol. Sinto falta das crianças, da hora do recreio, enfim de trabalhar porque Rock não me deixava fazer nada, na verdade ele impedia-me de fazer tudo aquilo que eu mais gostava, não era feliz e só agora vejo isso. Lee chega a casa sozinho, aproxima-se, senta-se no sofá e olha para mim...

- Vou sair logo à noite, preciso de uma noite de copos, queres vir?

- Ir a uma discoteca? - Morria de saudades de dançar sem julgamentos.

- Sim.

- Faz anos que não vou a uma, eu aceito.

- Exelente, detesto sair sozinho.

Depois de jantar subo para trocar de roupa, jeans, saltos e um top, deixo o cabelo solto e carrego na maquilhagem dos olhos, quando desço Lee ainda está no quarto e falo com Merylin, quero que saiba que sair com o seu filho não tem um segundo significado, seremos apenas dois conhecidos que saem juntos. Lee tem um antigo Ford Mustang amarelo que não passa despercebido, todos o conhecem mas ao entrar na discoteca percebo que faz muito tempo que ele não vem aqui e muitas jovens babam por ele, é engraçada a cena e ele joga isso a seu favor. Sentamos no bar e opto por uma simples cerveja bem fresca, falamos um pouco sobre os nossos gostos, vícios, de tudo um pouco...

- Estamos aqui a quase uma hora e dá para ver que queres dançar, porque é que não vais? - Ele bebe a cerveja de olhos na pista.

- Não sei, já faz algum tempo que não piso uma pista de dança. - Exatamente desde o dia que conheci Rock.

- Dançar é como andar de bicicleta, nunca se esqueçe. - Ele estende a mão - Vamos, não sou o melhor bailarino do mundo mas devias arriscar.

- Tudo bem, quero ver isso.

Decidimos ficar no meio da pista onde ninguém repara em nós, a música toca alta e a felicidade deve estar estampada no meu rosto. Lee não se sai mal e atrai os olhares femininos, depois de umas quantas músicas faço sinal para que pare, estava cansada e com sede...

- Duas cervejas por favor! - Peço ao barman agora mais solta.

- Nada mal Aly, não perdeste o ritmo.

- Lee, não sabia que estavas aqui. - Dois homens o cumprimentam com nítida amizade.

- Olhem só a dupla Jason e Jamie. - Presto agora atenção e um deles é o homem com quem esbarrei esta manhã, seus olhos castanhos, barba do tamanho certo e corpo perfeito, porra o homem é a tentação em forma humana.

- Como vai a vida de soldado? - Eles olham para mim - Desculpa não queríamos interromper.

- Não é nada disso Aly acabou de chegar e está hospedada na casa dos meus pais.

- Sra Aly confesso que o meu amigo Lee é muito abusado mas no fundo é um bom homem. - Jamie é divertido pelo contrário Jason olha para mim sério sem dar um único sorriso.

- Tudo bem eu só precisava de conhecer a vida noturna da ilha.

- Veio de férias?

- Ainda não sei...

- Rapazes por favor... Desculpa Aly mas eles são a dupla Tenente e Comandante da Polícia do Hawai, estão habituados a interrogatórios.

- Posso deixar-vos se quiserem falar à vontade. - Pouso a cerveja no balcão pronta a voltar para casa.

- Não pelo contrário, alguns dos membros da esquadra estão por aqui, juntem-se a nós. - Jamie olha para Lee - Ela também veio.

- Vamos Aly? - Da forma que os seus olhos brilhavam dava para ver que Lee gostava dessa mulher, não podia estragar-lhe a noite.

- Tudo bem.

Ele ajuda-me a sair do banco alto e mostra-me o caminho para a zona com mesas e sofás onde se podia beber e falar tranquilamente com o som da música mais baixa, um grupo de três homens e uma mulher falavam divertidamente, assim que paramos perto da mesa reparo no olhar de Lee para ela, era desafiador, tenso...

- Olhem quem eu encontrei, Lee e a nova inquilina da Marilyn. - Jamie parece ser do tipo de homem sempre de boa disposição.

- Já ouvimos rumores de uma nova cara feminina na ilha. Benvinda!

- Obrigado.

- Vão continuar a conversa de pé ou arranjam espaço para nos sentarmos? - Jason parece irritado, já tinha percebido isso esta manhã, o seu olhar está carregado de raiva e talvez isso também seja um dos fatores que me atraiam nele.

- Alguém está de mau humor, certo chefe?

- Metam-se na vossa vida!

Ouço as conversas, histórias de perseguições policiais, assaltos, armas e vítimas, sou apenas ouvinte. Olho para todos os lados por instatantes fico na dúvida se o homem que passou a pouco é o guarda costas do meu ex-marido, pouso a garrafa e tento localiza-lo de novo mas não vejo ninguém, devo estar a ficar louca...

- Estás bem? Parece que viste um fantasma. - Jamie fala perto do meu ouvido preocupado.

- Acho que vou parar de beber. - Não posso contar o que se passa, não quero que saibam quem sou.

- Seja quem for não te preocupes não podias estar mais segura do que connosco. Vamos até a pista?

- Não sei!

- Vai lá Jamie é o bailarino do grupo. - Lee incentiva-me a ir para a pista e eu não posso ser desmancha prazer.

Detestava a forma como era observada pelo comandante Jason, ele observada cada gesto meu e eu odeio ser o centro da sua atenção. Eu sei que é a sua profissão mas ainda por cima com aquela cara de azedo... Jamie sim era divertido e bom bailarino, ele toca na minha cintura sem qualquer maldade mas isso faz afastar-me dele e o coitado percebeu o meu desconforto, é mais um dos efeitos Brandon em mim, não tocar nem ser tocada...

- Desculpa Aly não quis...

- Está tudo bem, estou apenas cansada, vou embora.

- Sozinha e Lee?

- Ele está bem, dá para ver que gosta da agente Carol. - Dou um beijo no seu rosto - Sou adulta, vou chegar inteira a casa inteira tenente.

- Bom vemo-nos por aí então.

- Claro.

Nas Garras Do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora