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Dove Cameron POV
Morumbi, São Paulo
27 de maio de 2022

Faz dois dias desde que a polícia deixou de procurar minha esposa, durante esse tempo fiquei trancada dentro do quarto me recusando a sair para fazer alguma coisa, ver meu filho tornou-se uma tarefa difícil por ele se parecer tanto com ela. Dói saber que nunca mais saberei onde ela está, se está viva ou morta, se esse sumiço foi proposital ou apenas aconteceu, serão perguntas que não irão ter respostas.

Mais uma vez estou sentada perto da janela no banco embutido, olhando para o quintal lembrando dos bons momentos em que tivemos ali. Ao fundo podia enxergar vários carros de jornalistas cercando a casa, talvez estejam sabendo da decisão do arquivamento do caso, seria questionada por isso ainda mais por ser nora dos maiores advogados de São Paulo. Batidas na porta interromperam meus pensamentos.

— Já falei, Lina. Não quero comer e muito menos ver alguém — respondi, imóvel no banco.

— Não sou a Paulina, filha. Deixe-me entrar, por favor — soltei um suspiro, saindo do banco. Caminhei pelo quarto até alcançar a porta, girei a chave devagar escutando alguns clicks e a porta se abrir revelando minha mãe.

— Entra — me afasto da porta, ficando de costas para ela. Seus passos ecoaram pelo o quarto sendo seguido pelo barulho da porta sendo fechada.

— Estou preocupada com você, filha. Tive que voltar aquele dia para casa por alguns problemas pessoais, mas hoje Paulina me ligou contando que você não queria descer para comer ou ver alguém. O que houve? — senti sua presença atrás de mim. Ela não sabia.

— A Sofia, mãe — me virei com os olhos marejados — A polícia irá arquivar o caso dela — minha visão começou a embaçar pelo acúmulo de lágrimas.

— Vem cá — abriu os braços, onde me alinhei sentindo eles abraçar forte meu corpo. Senti uma garotinha escondendo o rosto na curvatura do pescoço dela, enquanto várias lágrimas escorriam pelo meu rosto. Sinto algo molhar minha blusa, dessa forma notei que também estava chorando, sabia da forte ligação das duas desde o início do meu namoro com Sofia, sabia que minha mãe não havia ganhado apenas uma nora e sim uma outra filha. As duas eram muito apegadas, cúmplices em várias coisas o que me deixava com ciúmes às vezes, era lindo o relacionamento dela e pelo fato da minha mãe aceitar eu ser lésbica.

— Estou cansada, mãe. Não sei o que fazer, vai fazer cinco meses que não tenho uma notícia dela! Tenho o Dave para cuidar que pergunta toda hora sobre a mom — o choro se intensificou, seus braços apertaram meu corpo com força.

— Sei que está sendo tudo cansativo e que isso te abala muito, mas precisa ser forte pelo Dave. Ele é uma criança, vai precisar de todos nós quando descobrir disse.

— Estou tentando ser forte, porém não aguento mais — saio dos braços da minha mãe, dando alguns passos para trás ainda chorando.

— Que tal sair um pouco? Você precisa fugir um pouco dessa rotina ou vai acabar fazendo alguma loucura — minha mãe falou secando suas lágrimas.

— Não sei se quero sair, para todo lugar que vou acabo lembrando dela — suspirei.

— Porém, não pode ficar enfurnada nessa casa para sempre. Você precisa sair um pouco — encarei ela, vendo a mesma me encarar.

— Posso sim — andei pelo quarto voltando a me sentar no banco embutido.

— Filha, você tem uma criança linda de quase 3 anos para cuidar, uma empresa para governar... — minha mãe começa a falar, portanto interrompo a mesma com um aceno.

— Eu estou ciente disso, mas não consigo voltar para empresa por agora, já conversamos sobre isso — cruzei minhas pernas igual a de índio — Sei que tenho um filho de quase três anos para cuidar e que ele é lindo

— Volte aos poucos para sua antiga rotina, tirando a empresa — sentou ao meu lado — Você é convencida! — acusou, empurrando meu ombro.

— O que sugere, então? — questionei, soltando um suspiro. Sabia que ela não ia desistir até eu ceder.

— Comece tirando um final de semana para passear com seu filho, talvez até passar o fim de semana na casa de praia da nossa família — abri a boca para argumentar, mas ela impediu — Depois pode ir voltando a desenhar, sei que ultimamente não fez isso e depois comece a frequentar os lugares que ia antes

— A ideia do fim de semana é boa, irei pensar sobre. Mas em relação ao desenho e ir aos lugares, não estou pronta para isso — comentei.

— Pelo menos passe um fim de semana na praia com seu filho — fez carinho na minha mão.

— Vou pensar, não prometo nada — olhei pra ela.

— Pelo menos isso — sorriu — Sabe que Sofia não ia gostar de te ver assim, né?

— Sei, mãe — sorri ao lembrar de como Sofia ficava quando me via triste ou me isolando, era uma coisa que ela não gostava e ainda mais quando tínhamos discussões. Logo, ela pedia desculpas por me deixar triste e fazíamos as pazes como se nada tivesse acontecido.

— Pense direito na proposta — parou com o carinho e se levantou — Preciso ir, vou dar uma passada na empresa antes de voltar para casa. Quero saber o que o Cameron está aprontando — falou rindo.

— Tenho certeza que não está aprontando nada — ri — Ele não é louco em fazer algo sem me consultar

— Quero conferir para ter certeza — piscou — Se cuide, pense no que falei! Vê se sai desse quarto e vai comer alguma coisa, porque não quero receber ligação dizendo que você passou mal — indagou depositando um beijo na minha testa.

— Vou pensar e vê se para de mandar Cam e Lina ficar de olho em mim — arqueei a sobrancelha.

— Eu? Nunca faria isso — sorriu fingindo não saber de nada.

— E eu irei fingir que acredito — falei rindo.

— Continue assim — neguei com a cabeça — Se cuida, filha!

— Você também, mãe — vi ela ir até a porta.

— Fale para o Dave que a vovó está com saudades — indagou.

— Vocês se viram há dois dias! — olhei chocada para ela.

— Estou com saudade do meu neto, não posso? — fez careta arrancando uma gargalhada minha.

— Claro mãe, só estranhei por estar com saudade dele depois de ter visto o mesmo a dois dias —comentei.

— Sabe como amo aquele menino — concordei — Tchau filha!

— Tchau mãe — digo e ela sai do meu quarto.

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