𝐉𝐮𝐫𝐚 𝐉𝐮𝐫𝐚𝐝𝐢𝐧𝐡𝐨

「Capítulo Quatro」

Dove Cameron POV
Morumbi, São Paulo
25 de maio de 2022

Me levantei da poltrona onde estava sentada a um bom tempo, ando pelo quarto mal iluminado pela luz que entrava pelas frestas da cortina, vou para o banheiro tirar minha roupa, enquanto ligo a água na temperatura certa adentrando no chuveiro em seguida. Fiquei um tempo sentindo a água cair pelo meu corpo, arrancando alguns gemidos de dor vezes ou outra, após um tempo desliguei o chuveiro enrolando a toalha no corpo saindo do box e consequentemente do banheiro indo para o closet. Soltei um suspiro doloroso ao ver as roupas dela contrastar com as minhas, dessa vez peguei uma calça de moletom cinza minha e um top da mesma cor, aproveitei para pegar uma blusa da Minnie do lado dela, saindo do closet em seguida. 

Volto para o banheiro pegando kit de primeiros socorros apoiando sobre a pia abrindo o mesmo. Tirei de dentro algumas gazes, faixa e pomada para machucados, tirei os curativos velhos do braço e da barriga, dei uma olhada fazendo uma careta ao ver alguns machucados rosados e com um pouco de sangue, reprimir os lábios ao ver o estado deles. Faz alguns dias que comecei a me cortar para aliviar a dor que sinto nesses quase cinco meses de sumiço da Sofia, sabia que havia prometido a ela que não faria isso novamente e jurei ser uma das promessas a não ser quebradas, talvez eu seja uma mentirosa. 

Refiz os curativos sem deixar de fazer careta quando passava a pomada nos machucados, após finalizar vesti a blusa guardando as coisas de volta dentro da maleta botando em cima do armário. Sai do banheiro distraída, levantei o olhar vendo Cameron esparramado na minha cama, não tinha escutado ele entrar. 

— Mais é folgado — exclamei assustando o mesmo. 

— Porra, você me assustou — levou a mão ao peito fazendo massagem. 

— Dramático, posso saber o que está fazendo no meu quarto e na minha cama? — caminhei até a cama, sentando na ponta do lado dele. 

— Vim saber como está — me encarou — Você passou a manhã toda no quarto — sentou na cama com as costas contra o estofado da cabeceira. 

— Não preciso ficar repetindo toda hora como estou, enquanto você está ciente de como me sinto — falo desviando o olhar. 

— Dove… — interrompi ele com um gesto. 

— Estou tentando ser forte, juro. Todos os dias digo para mim mesma que essa é a nova realidade minha e vou ter que aturar a mesma pelo resto da minha vida, mas é como se algo me prendesse ao passado, a ela — as lágrimas se acumularam em meus olhos — E escutar Dave chamando por ela, pedindo por ela e dizer aquilo me deixou mal… — comecei a chorar. 

— Todos nós ficamos mal, ele é só uma criança — senti seus braços passar pela minha cintura com delicadeza e me puxar contra seu corpo, fiquei quase deitada em cima do seu corpo. 

— Só queria que isso passasse e que ela voltasse para casa — escondi o rosto no seu pescoço, sentindo os carinhos dele em meu cabelo. 

— Todos nós queríamos, Dove — seu tom de voz é caloroso — Porém, se depender da polícia isso não terá fim. 

— Por que ela me abandonou? O que fiz de errado? A culpa é minha por não ser uma ótima esposa? Me fala, Cam — pedi em meio aos soluços. 

— Você não fez nada! A culpa não é sua e você sempre foi uma excelente esposa, você é a única que fazia a Sofia sorrir nas situações mais difíceis — apertou seus braços no meu corpo. 

— Porque ela me deixou? — questionei, sentindo o choro sair mais forte. 

— Shiii — pressionou os lábios na minha testa, fazendo carinho nos meus cabelos.