Sentia o lenço balançar com força sobre sua cabeça à medida que cavalgavam com pressa fugindo dali!
Ela se agarrava ao braço forte do homem desconhecido que tinha apenas os olhos aparentes.
Assim como ela.
Já ele segurava firme as rédeas e atiçava o animal a ir cada vez mais veloz.
Sakura olhou para trás apenas para constatar que os oficiais que os perseguiam já haviam desistido, o que lhe trouxe um grande alívio.
Quando finalmente diminuíram o passo ela constatou que estavam muito além dos limites da cidade, seus olhos se perderam ao ver pela primeira vez aquela grandiosidade toda.
Eram ruínas enormes! Gigantescos templos de pedra cravados em meio ao deserto.
Assim que se aproximaram ele parou e desceu do animal.
Mesmo achando o lugar esplêndido, seus instintos estavam aguçados...aquele homem até então não falou uma só palavra e não revelara seu rosto.
Então ele selou o animal com Sakura ainda encima do mesmo diante da entrada do local e finalmente a olhou. Por detrás do hijab* de tom terroso, os olhos amendoados a miraram.
Por fim ele tendeu a ajudá-la a descer do cavalo mas ela ergueu a mão o afastando e dando um salto do mesmo. Ele pareceu surpreso com a destreza da rosada mas nada disse.
Quando o viu se virar para a entrada do enorme templo de pedra, Sakura olhou para trás, precisava arrumar um jeito de voltar para a caravana de Tuaregues, para os únicos conhecidos que tinha.Antes mesmo de adentrar no local, ela pôde ouvir a voz arrastada, macia, mas ao mesmo tempo impetuosa.
—Ma zaluu mawjudin , laysat fikratan jayidat aleawdati! (Eles ainda estão por aí, não é uma boa ideia voltar!)
Sakura franziu o cenho e o observou interrogativa, entendendo muito pouco do que dissera.
Então ele se virou e a viu parada. O homem apenas apontou para a direção de onde haviam vindo e depois para o próprio pescoço imitando o movimento de uma lâmina passando pelo mesmo.
Sakura suspirou resignada.
Talvez não tivesse sido uma boa ideia se meter naquela confusão.
Ficou mais alguns instantes observando a figura parada nas enormes arcadas da entrada e por fim se encaminhou em sua direção.
Ele nada mais disse, apenas dirigiu-se lado a lado com a rosada para o interior do local.
Sakura se surpreendeu ao constatar a grandiosidade daquele templo, tão diferente daqueles ao quais estava acostumada...o sol do entardecer adentrava pelos buracos feitos nos altos das pedras iluminando seu interior o pintando de laranja, tudo lá dentro era feito de rocha e demonstrava que o tempo apesar de ter passado a muito para aquele lugar, parecia estagnado. Algumas pinturas em arabescos eram retratadas em determinados pontos mas a maioria já estava desgastada.
Enquanto ela caminhava, admirada com tamanha beleza, o homem apenas retirou a espada da cintura e se encaminhou para um pequeno salão mais adiante, nele Sakura viu um grande tapete ornamentado estendido no chão com almofadas por cima, um baú, um cesto com frutas sendo algumas delas secas, e armas sobre um acento de pedra.
Ele era silencioso.
Em um esforço mudo juntou praticamente todo o vocabulário que sabia para formular uma frase dizendo que precisava voltar para o povo com quem estava.
Após notar ele massagear o ombro esquerdo e suspirar pesadamente, a resposta veio lenta e pausadamente.
—'Ant alan matlub. (você agora é uma procurada)
Sakura franziu o cenho ao ouvir aquilo.
Então ele pegou uma maçã no cesto próximo ao tapete e se aproximou dela.
—'Ant (você)
E apontou para ela
Sakura entendeu que ele falava de sua pessoa
—'Ant.... disse novamente lhe mostrando dessa vez a maçã, depois retirou sorrateiramente um grande punhal da parte detrás do corpo.
A rosada se inquietou
Ele levantou o punhal e disse
—Dohã!
Então jogou a maçã para o alto e a cortou ao meio com o punhal diante dos olhos da cerejeira.
Ele pegou os pedaços da fruta ainda no ar.
Acreditou ter ficado bem claro o que aconteceria com ela caso voltasse para a cidade.
Sakura passou a mão pelo rosto retirando levemente o lenço do lugar.
Então ele se aproximou....sorrateiramente.
Guardou novamente o punhal nas costas e quando estava bem próximo lhe estendeu um pedaço da fruta.
Os olhos amendoados estavam sobre ela, ele era mais alto e a observava de cima.
Ela ergueu a mão e recolheu o pedaço que era ofertado.
Ele sorriu, pôde perceber pela movimentação de seus olhos...eram levemente caídos no final e se ergueram quando ele o fez.
—'Iinaa Zayn! (Sou Zayn)
—Sakura...
Disse em resposta
Percebeu o leve franzir de cenho entre seus olhos
—Sakaaraa... ele tentou reproduzir o som fazendo a cerejeira soltar uma risada espontânea.
Ninguém ali conseguia pronunciar seu nome corretamente.
Por fim, levou a mão até o lenço até sua fronte e desfez a amarração ensinada pelas mulheres do acampamento finalmente revelando seu rosto.
O franzido na face do homem sumiu no instante em que seus traços ficaram a mostra, os olhos do homem pareceram maiores que o normal. Havia ficado surpreso.
Então ele também o fez, levou a grande mão até a parte de trás do hijab e foi desfazendo as voltas do pano na cabeça revelando os fios castanhos ondulados e selvagens, a medida que o tecido mostrava a tez masculina, captou a pele morena e os traços fortes, o queixo anguloso tomado pela barba rala e os lábios grossos.
Ela o encarava descaradamente, absorta, talvez admirada...até que por fim decidiu desviar o olhar, devia estar sendo ridícula encarando o homem daquela maneira.
—Ghybwb! (coma)
Disse lhe chamando a atenção novamente para fruta entre suas mãos, então o viu dar uma grande mordida no pedaço que tinha entre os dedos e sorrir mostrando levemente a lateral dos dentes.
Deve ter corado! Com toda certeza do mundo pois sentiu sua face esquentar como a muito tempo não acontecia.
Quando finalmente ela deu uma mordida na fruta, ele pareceu satisfeito e se afastou, retirando o punhal das costas e deitando-se despreocupadamente sobre o tapete, se recostando nas grandes almofadas.
Ele comia despreocupadamente até que os olhos oblíquos caíram sobre si ainda de pé, admirando todo o ar ostentoso daquele lugar.
—Min 'ayn hu? (De onde é)
Sakura deixou seu próprio olhar cair sobre o dele que se sentara para admira-la melhor.
—'iilaa hadin baeid... (de longe)
Respondeu suspirando
—'ant min alshrq al'aqsaa (você é do extremo oriente)
O homem lhe disse a mirando de maneira intensa e indubitável.
A cerejeira ergueu a sobrancelha rosada de forma interrogativa, o homem, de nome Zayn, apenas levou os dedos médios até o final dos olhos e os puxou de forma a imitar os olhos levemente rasgados de Sakura.
E mais uma vez ela soltou uma sonora risada balançando a cabeça em concordância.
Sim, de onde ela vinha as pessoas tinham os olhos puxados daquela forma, diferente de onde estava, em que os orbes eram grandes, arredondados e por vezes carregados de mistérios sendo a única parte do corpo a mostra devido ao calor do deserto.
O jovem Zayn se esgueirou até o baú e de lá retirou um grande castiçal com algumas velas queimadas pela metade, ascendeu as mesma dando um ar enigmático ao lugar já que a noite lá fora caía, quando acabou, passou uma das mãos pelos cabelos fazendo as ondas rebeldes se eriçarem mais ao invés de se aquietarem, arrastou-se para o lado e bateu no carpete bem trabalho indicando para que ela se juntasse a ele.
Ponderou por alguns instantes...não sentia nenhuma gota de chakra correndo pelo corpo daquele homem, assim como todos naquela região, não se sentia ameaçada mas mesmo assim não poderia bobear, já havia percebido como as mulheres eram tratadas naquela parte do mundo.
Aproximou-se sorrateiramente e sentou-se sobre os calcanhares a poucos centímetros da figura masculina.
—Shaeruk tabieiin? (seus cabelos são naturais?)
Perguntou absorto ao tom dos fios das melenas exóticas a seus olhos.
A rosada levou uma mecha para detrás da orelha pequena e ele acompanhou o movimento
—Nem! (sim)
Respondeu ainda percebendo-o atento a si mesma
Notou ele abrir a boca para dizer algo mas fechar repentinamente.
Os olhos amendoados vagaram pelo ambiente crepitante pelo queimar das velas até cair sobre ela mais uma vez vindo acompanhados das palavras perdidas a pouco
—Hal yumkinuni allams? (posso tocar?)
Ela se surpreendeu com a pergunta. Geralmente somente as crianças lhe pediam algo como aquilo.
Meio sem jeito, afirmou com a cabeça para logo em seguida sentir os dedos grossos tocarem sutilmente os fios medianos.
E sorrateiramente alcançar a pele de seu rosto.
—Jamil... (bonito)
Zayn pronunciou num tom profundo e mais baixo.
Sakura baixou os olhos ao perceber aquele toque leve em sua face
Mas assim como começou se findou
—Laylatan saeida Sakaaraa. (Boa noite Sakura)
Ele se recostou novamente sobre as almofadas e fechou os olhos.
Era cedo para dormir, mesmo assim ela também se recostou, mas diferente dele ficou a admirar o teto pouco iluminado, começou a ponderar como aquela construção poderia ter sido feita e quantos anos deveria ter, quantas pessoas trabalharam ali e quando menos se esperava o sono a alcançou.
Os acontecimentos do dia haviam sido intensos demais e seu corpo pesava pedindo por descanso.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Maktub
FanfictionDe todas as tragédias aquela era a mais cruel! -Sasuke... Tudo que conquistou estava ruindo bem diante de seus olhos -E-EU NÃO ACREDITO! COMO VOCÊ PÔDE?! A insanidade tomava conta de seu ser e ela voou sobre a figura loira com ira Sua cegueira era...