Já estava acostumado com os olhares tortos, os julgamentos... foi assim desde o momento que decidiu voltar.
Uma guerra não era o suficiente para apagar a memória de algumas pessoas.
Foi necessário mais um tempo longe, curando o mal que fez aos outros e a si mesmo para que por fim fosse perdoado, mas sua redenção veio totalmente quando ela aceitou sua mão.
Quando a iryo-nin se uniu a ele, Konoha inteira decidiu se unir também.
Começou até mesmo a receber alguns sorrisos pelas ruas despretensiosamente, sorrisos agradecidos, sorrisos de aceitação.
Mas agora, lá estavam eles novamente, ferinos, cortantes...
Alguns pais até foram contra que ensinasse seus filhos, mas não havia nada que pudesse ser feito, seu currículo ninja o fazia melhor que qualquer sensei disponível.
Sentou-se no sofá e suspirou após deixar a Yamanaka no apartamento, olhou ao redor notando como apesar dos meses terem passado, tudo continuava exatamente no mesmo lugar, como se a ex esposa tivesse apenas saído para uma missão qualquer.
Talvez fosse nisso que se agarrasse...
Levantou-se pretendendo dar logo um jeito naquilo, não poderia procrastinar mais.
Enquanto encaixotava as coisas, uma por uma, buscava na lembrança os momentos que partilhou com a ex esposa, constatou que muito dali, do lar que construíram, era mais dela do que dele.
Não era muito presente, mas havia um motivo para aquilo e ela sabia.
Talvez nunca tivesse sido um bom marido no fim das contas.
Decidiu trocar os pensamentos, não queria se sentir culpado por mais aquilo também.
Começou pelo andar inferior, não eram muitas coisas afinal de contas, a maioria utensílios de cozinha que ele nem sabia para o que serviam.
Quando chegou ao andar superior, foi em busca de lençóis para cobrir os móveis, mas assim que abriu o armário deu de cara com a infinidade de peças, a maioria em tons vermelhos.
"Ela fica bem de vermelho"
Lembrou da nota mental feita a anos atrás.
Institivamente passou os dedos de sua mão natural pelas peças, começou a retirá-las, uma a uma e deixá-las sobre a cama que antes dividiam.
Se tivesse alguém com quem contar pediria que fizesse aquilo por ele, pois naquele instante, talvez somente naquele instante percebeu que estava se despedindo dela.
Não haveria mais o cheiro, ou o fantasma da presença sorridente e carinhosa.
À medida que jogava as roupas sobre a cama, observava o símbolo de seu clã gravado em cada uma delas.
Seu clã...
Naquele momento ele não queria um clã, queria...só queria....
Respirou fundo desanuviando os pensamentos em busca de um lugar para guardar as roupas de sua ex mulher. Guardou cada coisa deixada para trás, como ela mesma dissera, da senhora Uchiha. Quando alcançou a foto do time 7 se prendeu no olhar sorridente, tendeu a levá-lo consigo mas sabia que se o fizesse seria um empecilho para que fosse um bom pai.
Queria ser um bom pai, sua criança não tinha nada a ver com aquilo.
Com a monstruosidade do que fizera.
Atos de luxuria podiam gerar coisas belas...não podiam?
Poderia surgir um amor sem medidas?
Contava com isso.

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Maktub
FanfictionDe todas as tragédias aquela era a mais cruel! -Sasuke... Tudo que conquistou estava ruindo bem diante de seus olhos -E-EU NÃO ACREDITO! COMO VOCÊ PÔDE?! A insanidade tomava conta de seu ser e ela voou sobre a figura loira com ira Sua cegueira era...