Deformada

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Estava sentada atrás da bancada observando o movimento das pessoas pela porta de vidro que dividia o estabelecimento da rua.

Passava os dias assim, vendo as pessoas passarem, com suas vidas corridas, indo e vindo...

Indo e vindo.

Suspirou.

Havia se esquecido como o trabalho em uma floricultura poderia ser monótono. Principalmente quando boa parte de seus clientes vinham de fora da vila, eram turistas ou pessoas que simplesmente não ligavam.

Ou não ficaram sabendo.

Quem compraria uma flor para a namorada ou um simples buquê de rosas para a esposa na Floricultura da Yamanaka?!

Da mulher que dormiu com o marido da melhor amiga...

Suspirou ficando de pé com dificuldade, sua barriga pesava. Olhar para aquelas flores, aquelas malditas flores, exatamente como as de sua adolescência, lhe dava um ar de fracasso.

Como se não tivesse saído do lugar, estivesse estagnada, parada.

Mas era tudo que lhe restava afinal de contas, depois de ter conseguido algo grande...a queda foi brusca, e agora estava ali, exatamente como no começo, sem ao menos poder fazer missões e ter seus méritos próprios.

Sentia-se péssima!

Grande, gorda, infeliz, incapaz, sozinha, traidora...

Quanto mais tempo passava sozinha ali, com aquelas flores, sentindo os diversos aromas lhe embrulhando o estômago devido ao estágio avançado de gravidez, mais tinha tempo de pensar em tudo.

Tudo que fez seu marido a abandonar.

Não eram um casal perfeito...mas nenhum casal é afinal de contas. Sai distribuía inúmeros sorrisos mas somente ela conhecia os traumas que ele carregava, suas dores. Quando brigavam ela não sabia se ele dizia "Sim querida" por entender a situação ou para simplesmente encerrar o assunto, Sai tinha camadas que ela não alcançava e isso a frustrava. Sempre se gabou de sua beleza, de sua jovialidade, não foi difícil se apaixonar pelo garoto que sempre a chamava de "Lindinha", até porque era exatamente isso o que ela era.

Mas quando a responsabilidade do casamento bate, bate bem forte. Sai não entendia a profundidade do que ela desejava, do que ela queria, do comprometimento, do amor, ele matara seu irmão para se provar o mais forte por culpa de Danzou!!! Mesmo com o tempo no Time 7 essas marcas permaneciam.

Alguém criado para ser frio, acaba sendo frio, e fim.


Não estavam prontos para ter filhos, e ela não queria, era jovem demais para isso, na verdade mal pensara em se casar antes dos 25 pelo menos. Mas quando se viu rendida aos encantos do ninja pálido mas extremamente charmoso, foi só ele pedir.

Sempre foi pragmática quanto aos anticoncepcionais, tomava religiosamente todos os dias, sem falta. Queria preservar o belo corpo de vinte anos e não ser mais um alvo do mito de que é só se casar para começar a engordar, não, ela se manteria sempre bela e plena como sempre foi.

Ele via os olhares que os homens lançavam em direção a esposa, se sentia orgulhosa e achava que ele também devia se sentir assim, desfilar com uma perfeita Yamanaka do lado não era para qualquer um.

Achava um absurdo ver a melhor amiga ser martirizando para tentar engravidar de um homem que sequer ficava na vila, que mal havia dito que a amava, ela devia se valorizar mais.

Por isso, quando aconteceu, quando seu marido, seu amor a deixou, ela perdeu o chão, o rumo.

O que tinha feito de errado? Ela não era uma boa esposa?

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