Uns dez minutos mais tarde depois do beijo, Max estava com sua cabeça descansada no meu peito esquerdo (ainda não tínhamos abandonado a cama, portanto, continuamos deitados). Ele deixou que eu prosseguisse com o cafuné em seu cabelo. Foi engraçado ver que, quando parei com o afeto, ele abriu um sorriso brincalhão, segurou minha mão e a direcionou de volta na região da sua nuca, pedindo por mais carinho. Eu sabia como era isso: cafuné era uma das melhoras coisas do mundo para mim. Acho que isso se aplicava a tudo que era simples. Nunca fui muito fã de exibicionismo.
— Você tem gosto de batom de cacau — Max comentou, do nada.
Ele me fez rir.
— Não, definitivamente isso não é uma coisa ruim. — Ele virou sua cabeça na minha direção, todo sorridente. — Eu gosto. Muito, para ser franco. Em época de frio, minha irmã costumava, há uns dois anos, comprar esses batons, pois seus lábios ressecavam demais, mas eu os pegava para mim escondido. Estando frio ou não, eu adorava usá-los.
Max rodeou sua mão na minha cintura e suspirou.
— Obrigado — eu agradeci.
— Não há de quê. — Ele virou um pouco mais sua cabeça, dobrando o nariz no meu peito, como se estivesse averiguando algo. Quando inspirou fundo, piscou os cílios. — Você está bem?
Eu tinha que admitir que era uma pergunta inesperada.
— Sim.
— Resolveu as coisas com a sua mãe?
Ah... Era disso que ele estava falando.
— Sim, a gente... conversou. — Uni minhas sobrancelhas e decidi mover meus dedos no cabelo de Max para a lateral de sua cabeça. — Não precisa se preocupar, tá? Não seria a primeira vez que minha mãe me irrita.
Seus olhos, ao contrário do que eu havia pedido, ficaram preocupados.
— Ela é da igreja, então... — suspirei. — Parece que isso complica as coisas para mim.
— Ela não apoia o fato de você gostar de garotos?
— Não, não é por aí... Quer dizer, no começo ela ficou muito atrás quanto a isso, mas sempre evitou falar sobre minha orientação sexual. O problema mesmo é a forma como ela quer que eu resolva a minha questão com a... depressão. — A última palavra quase não saiu. — No começo, ela queria que eu procurasse ajuda na igreja, mas eu não concordei com isso. Depois ela quis que eu fosse a um psicólogo, mas eu também recusei. A outra solução que ela arranjou foi me fazer morar com minha vó em outra cidade, achando que um ambiente novo pudesse melhorar minha tristeza. Essa me pareceu ser a opção menos dolorosa de enfrentar.
— Então você foi?
— Sim. — Observei a forma como minha mão ficava adormecida diante de tanto conforto do cabelo de Max. — Fiquei lá por pouco tempo; menos que dois meses. Voltei porque, segundo meu pai, minha mãe havia repensado sobre sua decisão de ter me mandado para lá. Retornei há três semanas.
Houve um período de silêncio, seguido por uma voz confortável:
— Você se arrepende de ter vindo?
Só me arrependo de ter que te deixar lá. Agora que você está aqui, talvez eu não me arrependa tanto.
— Não, eu gosto daqui. Gosto de ficar perto do meu pai. — Olhei para ele e sorri ligeiramente. — Além do mais, eu conheci você.
Um traço agradecido surgiu em seu rosto, mas não foi sustentado por muito tempo.
— Eu sinto muito por toda essa situação com a sua mãe — murmurou, realmente tocado pelo que eu disse.
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CONTE-ME MAIS UMA VEZ
RomanceMais surreal do que ter um namorado imaginário é descobrir que ele, na verdade, existe. Após passar por essa situação, Tales Johnson precisa descobrir como reconquistar a pessoa que um dia já amou - Max - e que agora nem sabe quem ele é. Por medo de...