chapter seven

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Vítima.
Point of view:
Jeon Jeongguk.

Nossa, como o tempo voa, não é mesmo?

Às vezes, parece que nos falta tempo para tudo, mas na verdade somos nós que não sabemos aproveitá-lo. Ficamos surpresos com a rapidez com que os dias, meses e anos passam...

Tão rápido que chega um momento em que nem tenho certeza se ainda somos amigos. Sim, eu posso ser um pouco dramático e talvez esteja exagerando. Mas exagerar é humano, afinal.

Depois de cerca de um ano afastados, nossas vidas seguiram em frente. Pelo menos a sua parecia estar bem.

Seu relacionamento aparentava ser saudável e estável aos meus olhos, e eu ficava feliz por nada pior ter acontecido ao longo do tempo. Ver você feliz me deixava feliz também, e eu nunca vou me cansar de dizer isso... Porque sim.

Quando completamos vinte anos, parecia que tudo estava nos trilhos, inclusive a minha vida.

O casamento dos meus pais ia bem, minha madrasta era um amor comigo, tudo parecia tranquilo. Até que o assunto sobre Taehyung caiu em esquecimento temporário e comecei a perceber coisas que antes passavam despercebidas por mim.

Brigas.

Logo quando pensei que tudo estava bem.

Um dia como outro qualquer, cheguei em casa e vi meu padrasto e minha mãe discutindo. Não era uma simples discussão boba. Era algo sério.

Mesmo assim, fingi não ver nem ouvir nada, subindo para o meu quarto como se nada tivesse acontecido.

Com o passar do tempo, as coisas pioraram. Cheguei a encontrar coisas quebradas pela casa e descobri o novo vício da minha mãe: a bebida.

Ela saía para beber depois das brigas e me deixava sozinho com meu padrasto. Ele prometia que as coisas iriam melhorar, que seríamos uma família unida, que ele mudaria.

Eu acreditei nele.

Era previsível que aquele relacionamento não teria um final feliz. Estava fadado ao fracasso desde o início.

Eu sabia o que estava por vir, mas não esperava sofrer tanto com isso. Estava com medo. Completamente angustiado.

Sentia-me desamparado, como um filhote de passarinho caído do ninho. Minha mãe não percebia minha angústia, e eu não a culpava.

A situação era terrível, e agravava a cada dia, semana...

Minha amiga, minha própria mãe, não notava a súbita mudança em seu filho. Meu humor, minhas atitudes, minha forma de falar e agir.

Não era raiva que eu sentia, mas sim medo. Pensei que o melhor seria ficar em silêncio, deixar as coisas passarem diante dos meus olhos opacos.

Não queria que a situação se deteriorasse.

Não desejava envolver ninguém, nem mesmo recorrer à justiça. Era como se eu estivesse coberto de lama e não houvesse água para me limpar.

Talvez pareça uma explicação tola, mas era assim. E não me sinto confortável em descrever em detalhes o que aconteceu.

Já não era tão inocente...

Estava marcado por toques indesejados, ferido em lugares nunca antes mencionados em voz alta.

- Gostou do filme que escolhi? Pensei especialmente em você ao assisti-lo.

- A-ah, não sei bem... É um pouco... adulto demais, não acha?!

- Mas Jeongguk, você já é um adulto. Um lindo Ômega adulto e sabe disso muito bem. Pode fazer o que quiser. Com quem quiser...

- O q-quê?!

- Por que não se aproxima? Está frio e Ômegas delicados como você sentem muito frio.

- N-não, obrigado.

- O que há de errado? - Perguntou, sentando-se junto a mim. - Pronto. Mais confortável agora?

- B-bem eu...

- Me diga Jeongguk, você não tem um namorado? - Balancei a cabeça negativamente, sentindo um nó na garganta se formar. - Que pena. Você é... permita-me dizer, irresistível demais para estar sozinho. Desperdiçando-se por aí...

- Você não deveria falar assim!

- Ok, posso me calar se preferir. Mas se eu não falar, vou agir...

- O q-que quer dizer com i-isso?!

- Você verá.

Foi uma das noites mais terríveis que vivenciei.

Recordo-me de me enclausurar no armário do meu quarto e chorar até que as lágrimas cessassem. No dia seguinte, a cena se repetiu.

Porém, como se você fosse um anjo protetor, naquele fatídico dia, tomaste a decisão por conta própria de pôr fim àquela situação insuportável.

Você não suportava mais a distância. Foi então que adentrou em minha casa.




Ninguém merece ser vítima de abuso. Se isso ocorrer contigo, não se cale, denuncie! Compartilhe com alguém próximo a você, pois ao optar pelo silêncio, a situação tende a se agravar.
Não cometa o mesmo erro que eu, que permaneci em silêncio... Não permita que nada te impeça de agir corretamente e fazer a denúncia!

Até o próximo capítulo.

Meu Eterno, Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora