chapter eight

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Sensibilidades insensíveis.
Point of view:
Jeon Jeongguk.

Devido à minha audição aguçada, pude ouvir você tocando a campainha, mas estava tão paralisado que não conseguia me mover.

Sentado nu no chão frio do box, deixei minhas lágrimas se misturarem com a água gelada que caía do chuveiro do meu banheiro.

Numa tentativa fracassada, peguei uma esponja, ensaboei-a com um sabonete de cheiro suave de bebê e a passei pelo meu corpo.

Eu precisava me limpar, desejava sentir-me purificado mais uma vez, apesar de saber que talvez nunca mais me sentisse assim.

Você deve ter estranhado, pois normalmente era atendido por minha mãe, padrasto ou por mim quando vinha aqui.

Porém, desta vez, permaneceu parado diante da porta da minha casa, à espera.

Ouvi quando abriu a porta da cozinha e prestei atenção em cada um dos seus cuidadosos passos até a escada.

Senti sua presença marcante se aproximando e logo você estava provavelmente no meu quarto. Então, o som estridente das batidas na porta ecoou e senti mais dor ao ouvir sua voz preocupada me chamando.

Incapaz de dizer algo, chorei ainda mais, larguei a esponja e abracei minhas pernas, tentando abafar os soluços colocando a cabeça entre elas.

E então você entrou.

Tudo o que consigo lembrar é da sua expressão preocupada e perplexa. Sim, eu devia estar horrível.

Não queria que me visse daquela forma, então tentei rapidamente pegar uma toalha, mas acabei caindo de novo no chão gélido. Foi então que você fez o que eu imaginava que faria.

Desligaste o chuveiro, envolveste-me cuidadosamente com a toalha enquanto eu ainda chorava baixinho e me ergueste nos teus braços com calma.

Ao retornarmos ao quarto, secaste meu corpo encolhido e trêmulo, marcado e machucado. Em seguida, vestiste-me, mas mesmo realizando essas ações, não desviaste teu olhar do meu.

Quando finalmente o frio passou, eu ainda mantinha a cabeça baixa sentindo teu olhar sobre mim.

Você sabia.

Não precisei dizer absolutamente nada, pois já entendia do que eu necessitava. Seus braços me envolveram e me abraçaram com ternura e conforto.

Foi nesse momento que percebi o quanto sua falta me fez.

Chorei em teus braços enquanto seu aroma de café se intensificava no quarto.

Estava usando sua arma mais poderosa contra mim; sabia que teu cheiro acalmava tanto a mim quanto ao meu lobo interior.

- O-obrigado Taetae...

- Não me agradeça. Não importa o que aconteça, estarei sempre ao seu lado.

O restante do dia transcorreu mais lentamente do que o habitual.

Assim que a calmaria me alcançou, dirigimo-nos à sua casa onde ajudou-me a relaxar, permitindo que seu aroma forte e reconfortante me embriagasse, levando-me ao sono.

Enquanto dormia sob suas cobertas, na sua cama, surpreendentemente tratavas de todas as pendências que eu deveria resolver.

Começou pela faculdade, conseguindo uma espécie de folga para nós dois; depois fizeste o mesmo em meu trabalho e ao anoitecer despertei te encontrando dormindo a meu lado.

A noite foi a parte mais difícil.

Minha mãe não mediu esforços para encontrar-me na sua casa. Chegou nervosa e desesperada, cheia de preocupação.

Você, eu e teus pais conversamos com ela, tivemos uma conversa franca.

Ela começou a chorar ao ver algumas marcas em meus pulsos e pescoço, culpando-se por ter se casado com um monstro.

Não era culpa dela, então envolvi-a em um abraço apertado e desabamos em lágrimas juntos. O problema não demorou muito para ser resolvido.

Naquele mesmo dia, denunciamos. Falei com uma policial a sós, relatando todos os acontecimentos nos mínimos detalhes. Foi tão constrangedor.

Não, constrangedor não... horrível!

No dia seguinte, a Polícia já estava atrás do meu ex-padrasto, que havia desaparecido após utilizar meu corpo de forma abusiva pela última vez.

Talvez ele já soubesse o que estava por vir.

Passar por exames periciais não é uma experiência agradável. É uma lembrança da qual se deseja esquecer, mas que persiste na memória. Momentos marcantes, sejam bons ou ruins, permanecem conosco.

Foram quase dois meses de espera, mas valeu a pena.

Ele foi preso e eu pude tentar retomar minha vida como o Jeongguk de antes. Bem, talvez não totalmente como antes, pois depois de tudo o que aconteceu, era impossível voltar ao que era.

No entanto, eu tentaria agir normalmente. Afinal, fingir indiferença em momentos assim era uma das minhas habilidades.

Nossa amizade foi restabelecida após muito tempo.

Você não me deixava mais sozinho desde então, sempre presente ao meu lado na maior parte do tempo. Porém, a atenção dedicada a mim teve consequências em seu relacionamento.

As batidas na porta ecoavam altas e fortes, como se quisessem rompê-la. Era Jimin. Ao abrir a porta, ele subiu as escadas em direção a você. Optei por ficar na cozinha e acabei ouvindo toda a discussão, sentindo-me culpado.

- É sério isso, Taehyung?! Me trocando de novo por aquele idiota!

- Limpe sua boca antes de falar do Jeongguk.

- Inacreditável.

- Jimin, tente entender. Jeongguk precisa de mim. Aconteceram coisas sérias com ele e eu NÃO vou abandoná-lo. Não posso fazer isso.

- Ok, chega! Ou você sai desta casa comigo agora ou nunca mais verá meu rosto! A escolha é sua.

- Não é apenas você que está cansado. Eu também cheguei no meu limite. Não trocaria Jeongguk por tudo o que temos.

- Você não pode estar falando sério?!

- Estou com cara de quem está brincando? Apenas vá embora...

- Taeh-

- Saia desta casa agora, Jimin, e não precisa mais me visitar ou ligar.

O Ômega mais alto passou por mim com raiva evidente e esbarrou propositalmente em meu ombro. Mas eu não me importei.

Estava hipnotizado por suas palavras. Algo dentro de mim se acendeu, aquecido pela sua presença nos últimos dias ao meu lado.

Senti um calor interno reconfortante.

As batidas do meu coração aceleraram tanto a ponto de doer, mas era suportável.

Inconscientemente, um sorriso brotou em meus lábios com essa sensação.

Até o próximo capítulo! 🤍

Meu Eterno, Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora