Lembranças

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Lembranças
Sábado, 17:00
Antiga casa dos Lee's

Lee Taemin era uma criança especial, não só por achar felicidade em tão pouco sendo que tinha muito, mas porque havia esperança em seu olhar. Tudo para o garotinho poderia ser resolvido com calma, e a confiança de que no fundo as pessoas se amavam intensamente. Seu pai, Lee Dongsik, amava a sua mamãe, Lee Jiho, e ambos amavam a Taemin e seu irmãozinho mais novo. Se pessoas eram capazes de construir famílias, criar laços e carinho, então não haveria nada mais bonito do que isso: dar continuidade a vida.
Nada vinha até Taemin, era ele quem ia atrás de tudo. E com seus 9 anos de idade ele sabia que era uma criança corajosa, saia por todos os cantos contando histórias que ele mesmo inventava. Todas as tardes a criança caminhava pelos arredores de sua casa, mesmo que sua mãe não gostasse, e procurava pequenos animais para conversar.


Era isso que ele menos gostava em sua vida, embora nunca quis reclamar, Taemin se sentia sozinho naquela casa tão grande e isolada. Ele tinha todos os brinquedos que queria, mas nenhum amigo para brincar. Por sorte, esta questão estava para mudar, o irmãozinho Jaehyun iria logo crescer e brincar consigo.

Como sempre, naquele sábado, o garoto saiu à tarde para brincar pelo quintal, o clima não era dos melhores, era inverno em Busan. A brisa batia direto contra o rosto juvenil e espantava os fios negros para trás, e logo abaixo estava o sorriso sincero de quem procurava uma companhia. Taemin iria ver o lago! Ele amava aquele lago.

Ele correu envolta, sem muita velocidade, já que os pés afundavam na neve como marshmallow afundando no chocolate quente. Aos poucos se aproximou do lago e se surpreendeu ao vê-lo totalmente congelado.

- É tão bonito! A mamãe deveria vir aqui ver isso comigo - riu baixinho e levou as pequenas mãos cobertas por luvas de lã até as próprias bochechas. - Mas.. ela ficaria brava.

O garoto se sentou no chão para observar o lago enquanto se sentia em conflito sobre chamar sua mãe, já que ela não gostava muito de vê-lo andando sozinho. Se é tão bonito, por que ela ficaria brava? eram seus pensamentos.

- Amanhã vou chamar a mamãe para vir aqui comigo! - levantou dando pequenos giros de alegria.

Aqueles olhos sinceros viam paixão pelo lago congelado. Estava com frio, mas logo empinou seu nariz corado pelo inverno e andou em passos lentos sobre o ambiente congelado, cada escorregada que dava era um novo riso, estava se divertindo sozinho afinal.
Mas quando o gelo se quebra não há como junta-lo novamente. A criança em um último escorregar caiu e o gelo se partiu, e o corpo não muito pesado afundou dentro daquele buraco escuro e frio. Taemin viu a luz refletindo na água mas não sabia como chegar até ela, bateu seus braços e pernas, lutando pelo ínfimo de vida que ainda corria em suas veias, e em algumas tentativas até chegou a agarrar as bordas de gelo do buraco em que se afundou, porém este se quebrava cada vez mais.

Aquela foi a primeira vez em que o menino se sentiu sozinho de verdade.

Aos poucos, seus movimentos se tornaram mais lentos graças ao frio, o corpo infantil tremia e tentava gritar o mais alto possível quando os lábios gordinhos chegavam até a superfície, mesmo que fosse por míseros segundos. Nem mesmo os olhos ele atrevia a abrir naquela conturbação, era tão gelado e assustador. Teve seus últimos momentos vendo algo tão bonito, que logo descobriu ser traiçoeiro. E se desse tempo de pensar em alguma coisa, ele com certeza pensaria que sua mãe tinha razão em estar brava.

Quarto 12 || LuwooOnde histórias criam vida. Descubra agora