Bastardo

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Bastardo
Sexta-feira, 23:40
Restaurante

Por quanto tempo um objeto pode se manter no ar antes de quebrar?

Aquela peça pequena de vidro parecia tão fácil de se manusear, mas se algo no seu psicológico vai mal e afeta sua tranquilidade tudo se perde. Jungwoo viu aquele objeto de vidro deslizando pelo ar, longe de sua mão, e pareceu durar tanto tempo. Uma verdadeira agonia, pois sabia que não conseguiria pegar.

Ele não podia deter tal situação. E isso era algo de se dar raiva.

- Cuidado! - a voz do Wong soou firme após o impacto contra o chão.

O som de se estar despedaçando, então era assim?

As mãos, antes cautelosas, de Jungwoo se apressaram em tentar recolher todas aquelas pistas, aqueles rastros de provas. Nada poderia ficar para trás, o local do crime sempre precisava ser deixado limpo e esclarecido, sem nenhum tipo de conexão com o culpado.
Sem pensar muito, caído pelo momento, ele recolhia os cacos de vidro sem nenhuma precisão ou calma.

- Jungwoo tudo bem, o garçom está vindo para limpar - o mais velho saiu de seu lugar e em poucos segundos se agachou de frente ao ruivo. - Você não precisa fazer isso.

Lucas segurou o pulso esquerdo do rapaz, não via o rosto dele pois se mantinha de cabeça abaixada, como se estivesse querendo esconder algo. O observando com o rosto caído, só podia ver os fios ruivos que puxavam fogo, a cor quente.

Mas ao desviar o olhar para o chão, viu uma cor mais quente ainda. O amargo vermelho se espalhando lentamente entre os cacos de vidro, havia um corte da palma do ruivo. Jungwoo se sentiu sujo com o próprio sangue, e pior, se sentiu estupido por lhe deixar acontecer um acidente assim, algo que poderia ser facilmente evitado.

Certamente esse corte foi um acidente ocasionado em si pela fragilidade do momento, mas é ele quem ocasiona esse acidente nas carnes medíocres que julga nos momentos mais dolorosos.

Se sentia mais ferido do que aquele rasgo poderia ferir, e isso era ridículo.

- Está tudo bem com o senhor? Temos bandagens aqui se precisar! - era a preocupação do garçom. - É melhor se levar, eu vou limpar isso.

Não se ouviu nada do ruivo, algo estava errado. Lucas o ajudou a se levantar e juntos foram até o toalete masculino, Jungwoo recusou as bandagens do restaurante e preferiu apenas lavar a ferida, pagar a conta e ir embora.
Do lado de fora do estabelecimento, a ferida ainda doía e deixava de sangrar aos poucos conforme o ruivo pressionava um lenço por cima.

- Ei, não se preocupe muito com isso - ditou o mais alto, jogando sua tranquilidade por cima de Jungwoo como se fosse uma lona grande e abrangente. - Acidentes assim acontecem, não importa o quanto seguros somos. - ele sabia e percebia que isso estava incomodando o amigo.

A mão gentil tocou o rosto pálido e cansado de Jungwoo, envolvendo parte da bochecha e a orelha direita. Um carinhoso afago que logo se direcionou para os fios ruivos.

Os olhos vultosos de Lucas viam a beleza envolvida ali, sentia a emoção e a fragilidade. Ele não sabe, mas até onde aquela máscara vai? Até onde é real?.

Em contrapartida, Jung tremeu o olhar para a palma que o tocou e sentiu o calor depositado. Se perguntou se era o mesmo calor que sua mãe biológica lhe dava antigamente.

Quarto 12 || LuwooOnde histórias criam vida. Descubra agora