18 anos atrás
Lee Jungwoo
9 anosA primeira neve flutuava suavemente e se juntava ao solo, coberto por um manto branco e frio. Os flocos delicados que juntos se tornavam grotescos e ásperos, queimavam a mão de quem os agarrasse. Jungwoo sempre ouviu de sua mãe que a primeira neve do ano era a mais bonita de todas, como um ser vindo à vida.
A neve nasce e é dada ao mundo.
Escorrega pelo céu sem conhecer o caminho.
Atinge o chão e se reúne a todos os seus pedaços espalhados.
O seu sacrifício é a causa da morte de todas as flores? De todo o frio grotesco, doença e fragilidade? Por isso?
Era o que Jungwoo pensava toda vez que ouvia sua nova professora explicando sobre as estações do ano, não via beleza em toda a branquidão do inverno, se sentia sozinho.
Todos os dias sua nova mãe, a senhora Lee, o buscava na escola com um motorista. Ele se sentava no banco, colocava o cinto e ouvia a mulher perguntar como havia sido a manhã na escola enquanto o homem no volante dirigia. Queria poder dizer que era chato o tempo que passava dentro da sala de aula, que seus amigos eram entediantes e que procurava não conversar com ninguém.
Havia muitas coisas que queria fazer e dizer, mas estava cansado demais para passar pelos mesmos processos. Não queria voltar ao orfanato novamente e ver as mesmas pessoas medíocres que falavam por trás de si , que judiavam de sua pele. Jungwoo procurava por liberdade, porém tinha conhecimento que a partir daquele momento sua liberdade teria muitos limites. Se comportar, sorrir, dizer que está tudo bem e ser alguém que nunca foi.
As pessoas não devem duvidar de crianças.
Mesmo com todos os esforços, a natureza de cada um é uma surpresa. Há coisas que não se controlam e que muitas vezes surgem em maus momentos. Vestir a máscara pode pesar as vezes, mesmo quando se tem a promessa de que o passado deve ficar trancado.
Aos poucos, a criança adotada se tornou o refugio de uma mãe traumatizada, a desculpa de um marido infiel e o obstáculo de um filho esquecido. Desde o começo, todos os laços da família Lee se entrelaçaram à podridão, nunca houve esperança de um relacionamento saudável, todos viviam nas suas próprias decepções, erros e mentiras, até mesmo Jungwoo, que enxergava nesses laços a oportunidade de manipulação e disfarce.
"O garotinho inteligente e educado da família Lee" era o que diziam de Jungwoo. Em quase nenhum momento se lembravam que este fora adotado, parecia que havia nascido naquele berço, como se continuasse os passos de Taemin.
Isto sempre significou como escapatória na mente infantil.
Perto do fim do mês, Lee Jiho sempre saia com sua amiga próxima, Kim Sunli, que morava no mesmo condomínio. Eram de fato parecidas, os gostos, as idades, já tinham filhos e, sobretudo, uma família bem vista. Bem, olhando detalhadamente, só uma delas tinha realmente uma boa família.
Jungwoo odiava quando Jiho o levava junto para se encontrar com Sunli, o fato de ouvir as falsas conversas, de ter que aturar a luxúria que elas gostavam de esbanjar e o pior de tudo, ter que estar junto do filho dela, Haechan, era detestável.
O garotinho sempre soube que havia poucas verdades em si e que atuava mais do que vivia, porém se garantia em não ser irritante como Haechan era.O enlouquecia.
Uma criança mimada deveria ser jogada dos céus assim como a neve.
Cair no asfalto gélido e sentir a dor de se encontrar em pedaços.
Era o que queria fazer com aquele menino da casa próxima a sua.
- Jungwoo!! - Exagerou em um tom agudo característico de sua voz e ergueu as mãos para encaixa-las em sua face. - Presta atenção em mim!
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Quarto 12 || Luwoo
FanfictionA inquietíssima jornada de Jungwoo, desde pequeno recebeu a rejeição por motivos peculiares, um órfão que sempre era devolvido e nenhuma freira se punha a rezar por si, não valia a pena. Recebia de seu único amigo crisântemos brancos e acreditava qu...