Katie.

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Olha, eu sei que não era a melhor companhia do mundo. Mas Dominic havia sobrevivido uma semana junto a mim.

E quando cito "sobreviver", é realmente o que ele fez. Ele parecia gostar de algumas coisas, como ir colher legumes e verduras na horta, ou quando passávamos perto do riacho, ou até mesmo quando não fazíamos nada.

Por outrora, ele também não gostava muito de se sujar. Nem de certos animais.

O que mais me surpreendia era o fato de que ele nunca, em momento algum havia reclamado de nada. Digo, era melhor assim. Não queria ficar ouvindo reclamação e nem resmungos, óbvio.

Na verdade, acabava ouvindo sons estranhos toda vez que Dominic pedia para ir dormir mais cedo. Não saberia dizer o que lhe incomodava, não fazia nem sequer ideia.

Em seu sétimo dia na fazenda, Dominic havia amanhecido com os olhos levemente inchados, assim uma chama curiosa acendeu dentro de mim. Tia Ma costumava acordar bem mais cedo, então quando íamos tomar o café, sobrava apenas nós. Aproveitei que estávamos então, a sós, para lhe fazer perguntas que me dessem no mínimo alguma pista.

ーVocê fez barulhos de noite.ーiniciei, mentindo, só conseguia ouvir quando passava em frente a sua porta.

ーTem certeza que fui eu?ーconcordei com a cabeça.ーDesculpe, dormi de mal jeito.

ーPor quê?

Ele pareceu pensar em uma resposta convincente o suficiente para que eu acreditasse.

ーEstudei por tempo demais, meu cérebro estava fervendo.

ーEstudar é realmente importante pra você, mesmo no verão?

Ele me pareceu surpreso quando demonstrei interesse. Novamente demorou um pouco para pensar em como responderia. Agora passava a mão em seus fios lisos e loiros.

ーBom, sempre é, na verdade.

ーVocê não parece gostar de estudar.

ーAh, é? Por quê?

ーPorque quando estuda, você morde o lábio inferior e fica fazendo caretas. É engraçado na verdade. Mas eu imagino você surtando de raiva por não conseguir lembrar o valor de pi.

ー3,14159265.ーrespondeu confiante, arqueando uma sombrancelha.

ーAs vezes eu te odeio muito.

Ele gargalhou em resposta. Na verdade, eu até achava a ideia da Tia Mariana incrível. Não sabia o quanto me sentia sozinho até Dominic chegar.

ーSei o que está pensando. ーele disse.

ーSabe?

ーSei.

Ficamos em silêncio.

ーNo que estou pensando?

ーComo eu sou uma patricinha.

ーVocê nunca esteve tão certo.

Rimos, mas eu não entendi o motivo de ele dizer algo assim. Ficava até contente por sua admissão, mas confuso. Completamente desnorteado com uma série de perguntas martelando em minha mente.

ーE você me vê como? Um peão?ーsorri, me levantando da mesa e ajeitando a calça jeans e um chapéu invisível que eu fingia ter na cabeça.

Ele riu com minha imitação, pude jurar que quase derramou seu copo.

ーSe eu disser que não vou ter que lavar a louça?

ーVocê vai ter que lavar a louça de qualquer jeito.

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