Ohana desceu as escadas, começou suas tarefas,arrumou toda a casa, cozinhou, comeu, estudou, lavou e passou todas as roupas sujas de Heitor, como sempre fazia, logo depois, viu que já havia terminado e faltava um hora para que ele chegasse, então pegou um livro dele, ela sempre fazia isso, pegava algum livro dele escondida, nesse dia, escolheu "A cidade do sol" de Khaled Hosseini, começou a ler, viajando na história de Mariam.
Larissa tentava se concentrar no dever de matemática, mas constantemente sua mente ia para Ninha, então ela estudava em sua escola, era um pouco mais fácil localizá-la, mas como? Sairia perguntando para todas as meninas do colégio se ela entrava no Skype todo dia, e se auto nomeava "Ninha"? Iam chamá-la de maluca e se a achasse ela nunca falaria, tinha que pensar em alguma coisa, ela tinha dado uma dica muito fria.
Uma hora depois, Ohana tinha os olhos molhados pelas lagrimas, se emocionara com Mariam, e sentiu que tinham algo em comum, a vida de Mariam também mudara muito com a morte da mãe, assim como a sua tinha mudado após a morte de sua mãe, limpou os olhos e subiu para guardar o livro, tinha gravado o numero de pagina que continuaria lendo amanhã, então ouviu o som do motor do carro de Heitor e engoliu em seco, hoje havia feito tudo certo, pelo menos pensava assim, não havia motivo para apanhar.
Mas ela apanhou, hoje não foi a comida e sim os moveis que não estavam limpos o bastante, e não havia sido só um tapa no rosto e sim dois ou três murros na barriga que a fizeram cuspir sangue.
Ohana chorou nesse dia deitada na cama, pelo menos o rosto já estava menos inchado e menos vermelho, e ninguém veria o roxo que estava na sua barriga na escola amanhã, esse era um dos poucos motivos que levavam Ohana a não fugir de Heitor, ele pagava sua escola, particular e uma das melhores do país, não sabia por que ele fazia isso, mas ele fazia, era o bastante e também, ela sabia que se ela fugisse ele a encontraria.
Larissa xingou alto quando tropeçou em uma pedra no jardim da escola, estava de péssimo humor, não dormira bem pensando em Ninha, meu Deus ela a estava enlouquecendo, então viu Oha a sentada em um dos bancos que ficavam no pátio de escola, será que ela sempre chegava cedo assim?
Aproximou-se dela e viu que estava lendo um livro, "A cidade do sol" ela leu silenciosamente, sentou-se ao lado dela, que aparentemente nem a notara, então pigarreou alto e viu que Ohana levantava os olhos e a encarava, Larissa sorriu, o rosto dela não estava tão mais inchado e vermelho quanto ontem.
Larissa: Oi, Ohana!
Ohana: Oi. - Ela falou tão baixo que Larissa quase não foi capaz de ouvir.
Larissa: tudo bem?
Ohana: simLarissa viu como Ohana corava e se perguntou se ela sempre corava quando falava com ela ou se era com qualquer um, sem saber o que falar, respirou fundo e falou qualquer coisa.
Larissa: Você fez o dever de matemática? - Ela assumiu uma expressão confusa e assentiu com a cabeça, ainda corada. - e você foi convidada pra festa da Nanda? - Ela assentiu novamente.
Larissa: e você vai?
Ohana: não posso.E se levantou e saiu.
Ela a viu sair, confusa, mais tarde Larissa teria uma nova dica de que Ohana era Ninha.
Ninha:
Hoje você não falou nada da sua escola.
Larissa:
Não aconteceu nada extraordinário hoje.
Ninha:
É, realmente.
Larissa:
Você também não me contou nada.
Ninha:
O que quer que eu conte?
Larissa:
Qualquer coisa nova que esteja fazendo
Ninha:
Estou lendo um livro.
Larissa:
Qual?
Ninha:
A cidade do Sol, do Khaled Hosseini.Larissa imediatamente lembrou-se de ver esse livro na mão de Ohana hoje, mas ignorou o fato.
Minutos depois, Larissa acabou nem ficando chateada, já estava se acostumando com ela sair sem dar explicações, mas o estranho era, ela estava lendo o mesmo livro que Ohana, de repente, percebeu que Ohana e Ninha tinham muito em comum, as duas liam o mesmo livro, tinham visto o mesmo filme, estudavam na escola dela, mas Ninha não poderia ser a Ohana, por quê se não por que não falaria para ela?
Ohana fez todas as tarefas o mais rápido que pode, e se sentou novamente para ler o livro, viajando na história, não viu o tempo passar e de tão distraída que estava não ouviu o som do carro de Heitor, só percebeu que ele já chegara quando ele falou com ela.
Heitor: Então você está lendo?
Ohana tomou um susto tão grande que o livro escorregou por entre sua mãos, caindo no chão e ela pulou da cadeira onde estava, olhando para ele ofegante.
Heitor: é por isso que seus trabalhos não estão mais como eram antes.
Ohana: eu...
Heitor: calada! Você quer ler? Então você vai ler!Ele se abaixou e pegou o livro que ela estava lendo.
Heitor: Esse livro é meu, quem mandou você mexer nas minhas coisas, sua vagabunda?
Ohana estremeceu de medo, ele chegou perto dela, tão perto que ela prendeu a respiração, Heitor pegou em seus cabelos com força e forçou-a a olhá-lo.
Heitor: NUNCA MAIS MEXA NAS MINHAS COISAS, ESTÁ ME ENTENDENDO?
Ohana assentiu, e ele lhe soltou de forma tão bruta que ela caiu no chão e jogou o livro em cima dela.
Heitor: leia mesmo esse livro e veja como você tem sorte, Ohana Coutinho Lefundes, eu te deixo estudar, eu te dou uma casa, eu te dou comida, você deveria ser grata a mim pelo resto da sua vida, você deveria lamber o chão que eu piso, você deveria me amar, me dar prazer, e não agir como você age comigo.
Ele se aproximou dela, seguro-a pelo queixo, em um gesto que deveria ser carinhoso, mas para Ohana pareceu muito perverso, era perverso.
Heitor: você deveria ser minha mulher, como sua mãe era, e deveria se entregar a mim... um dia isso vai acontecer, eu sei que vai.
E saiu, Ohana pegou o livro, absorvendo as palavras que ele tinha dito, ela sabia por que ele a maltratava tanto, ela se negava a ele, até mesmo antes da mãe morrer, ele deixava claro seu interesse por Ohana, a mãe dela sabia e sofria por isso, amava desesperadamente Heitor, e Ohana sabia, e por isso aguentava tudo, depois que a mãe morreu, sua guarda ficou com ele que deveria cuidar dela até ela fazer dezoito anos, e Ohana se negou a ele depois que a mãe morreu, como se negava com ela viva, isso o deixou furioso, foi isso que o fez começar a tratá-la mal, ela sabia de tudo.
Larissa chegou mais cedo do que o de costume na escola queria ver Ohana chegar, não sabia bem o por quê, mas queria falar com ela, depois que a desconfiança de que ela seria Ninha surgiu, queria saber mais sobre ela, então a viu chegando, de carro, ela saiu do carro, com passos rápidos, não se despediu da pessoa que a trouxera, Larissa se apressou na frente dela, chocando-se "acidentalmente" com ela.
Ohana: desculpa...
Ela sempre se desculpava por tudo?
Larissa: a culpa foi minha, você sempre chega cedo assim? - Sorriu de lado.
Ohana assentiu, e Larissa viu que ela olhava com um ar preocupado para trás, onde o carro que a trouxera permanecia, ela achou que, seja lá quem fosse, estava esperando Ohana entrar na escola.
Ohana: sim.
Larissa: vamos entrar.Ela sorriu, e puxou Ohana pela mão, Heitor não gostou da cena e foi embora cantando pneu.
Larissa: Ohana, tá tudo bem?
Larissa perguntou ao ver que ela estava corada, e então acompanhou o olhar dela, e viu que olhava para a mão de ambas, e então soltou a mão dela.- desculpa. - Ohana a observou corar e achou engraçado.
Ohana: tudo bem.
E saiu, Larissa pensou então, que ela poderia ser realmente Ninha, ambas saiam sem dar explicações...
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Única esperança - Ohanitta
FanfictionLarissa e Ohana estudam no mesmo colégio e na mesma sala, mas não se falam, pelo menos Larissa pensa que não fala, ela nem imagina que Ohana também é Ninha, uma menina que conheceu pela internet, aos poucos, provas de que Ohana é Ninha vão aparecend...