Depoimentos

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Desesperada, Ohana tentou fechar a porta na cara dela, foi pior, Larissa entrou com tudo, quase a derrubando no chão, se fosse Heitor, a deixaria cair no chão e depois se jogaria por cima dela, mas Larissa não, ela a segurou delicadamente pela cintura impedindo-a de cair, e puxando-a ao mesmo tempo para perto de seu corpo, olhando-a nos olhos, depois seus lábios, e logo novamente seus olhos.

Ohana tinha se esquecido da incrível sensação que sentir a respiração dela tão próxima causava, os lábios quase se tocando, ansiava por aquilo, ansiava por Larissa, tinha saudades dela, saudades enormes por tanto tempo sufocadas.

Mas quando os lábios rosados tocaram os dela, foi como se toda a magia tivesse sumido, toda a paixão tivesse ido embora, o prazer sumiu e só ficou o vazio, e no fundo, a dor, que Ohana já esperava, depois de dias sendo beijada a força, até o beijo carinhoso e amoroso de Larissa a machucava, e a deixava desiludida, de repente, lembrou de Heitor e do que vinha após o beijo, horrorizada, empurrou Larissa, que a soltou imediatamente, aquela não era a sua Ohana.

Ohana sabia que ela nunca a machucaria como Heitor fazia, mas não podia mais deixar Larissa tocá-la, ela tinha nojo de si, tinha nojo de todo o seu corpo, de todas as partes que já haviam sido tocadas pelo seu padrasto, se sentia assim todo dia de noite, mas nunca esperou sentir isso quando Larissa a tocasse, ela não a merecia, admitiu para si mesma, chorosa, segurou as lagrimas e encarou Larissa, que parecia procurar as palavras certas para falar.

Lari: o que aconteceu? 
Ohana: vai embora.
Lari: mas meu amor, eu...
Ohana: Larissa, vá embora por favor, se ficar aqui só vai piorar a nossa situação, saia!

Larissa percebeu que tinha muito mais ali do que imaginava, deu uma olhada na sala, sem se mover do hall, por isso não viu muita coisa, mas sentiu o sangue ferver quando seu olhar se dirigiu a escada, e ali tinha manchas de sangue, ficou com o olhar fixo naquele ponto, imaginado o que poderia ter acontecido.

Ohana acompanhou o olhar de Larissa e viu para onde se dirigia, e então viu o sangue, medo, foi a primeira coisa que sentiu, Heitor havia feito tudo aquilo com ela no hall, ela tinha batido a cabeça e teve um leve corte na nuca, quando subiu deveria ainda estar sangrando, distraída com o seus pensamentos, não percebeu que havia levantando a mão automaticamente para acariciar o local na nuca onde havia sido o corte, gesto que não passou despercebido por Larissa.

Lari: o que aconteceu?

Ohana então percebeu como estava, e tirou rapidamente a mão da nunca, dirigindo a Larissa o olhar mais frio que conseguiria no momento.

Ohana: nada que lhe diga respeito, por favor, se retire.

Larissa dessa vez pareceu se intimidar e então, sem dizer uma palavra, se virou e foi embora.

Ohana fechou a porta desolada, sentido-se horrível, Larissa deveria estar do mesmo jeito, ela pensou, mas não havia outro jeito, era isso, ou teria que ver a pessoa que amava se acabar junto com ela, e ela preferia morrer à ver isso.

Era a sua vida pela de Larissa.

{...}

Larissa pensou muito, não sabia direito para onde ir, se sentia horrível, pensou em ir falar com Melissa, ela se mostrava uma pessoa incrível e fez amizade com ela, mas não queria preocupá-la, também não queria falar com seu tio, ele estava ocupado preparando as provas que usaria no tribunal, se ela lembrava, os primeiros depoimentos foram marcados para a semana, e o julgamento para dali a um mês, ela ficara indignada pensando como Ohana poderia ficar mais um mês em poder de Heitor, mas seu tio disse que infelizmente não poderiam fazer nada para impedir.

Ela tomou um susto quando se viu em frente ao cemitério “Life House”, a mãe de Ohana estava enterrada ali, ela lembrava onde era.

Entrou no cemitério e se dirigiu ao tumulo da mãe dela.

Se abaixou e olhou, parecia que ninguém ia ali há meses, não tinha flores, imaginou que a Ohana não tinha como ir visitá-lo.

Saiu do cemitério, foi em uma floricultura que ficava estrategicamente ao lado do cemitério, comprou uma dúzia de flores do campo, de cores bem alegres e bonitas, voltou para o cemitério e com cuidado colocou as flores ao lado, rezou e então olhou a foto no tumulo.

Ivana era linda, e extremamente parecida com Ohana, tinham os mesmo olhos, percebeu logo.

Uma brisa suave tirou Larissa dos seus pensamentos, espalhando o delicioso perfume das flores e agitou o cabelo dela, que, ainda olhando o tumulo, sussurrou.

Lari: Seja lá onde você estiver, se puder me ouvir, ajude a Ohana, ela precisa de você...

Se sentiu um pouco tola na hora, afinal nunca fora espírita e não acreditava muito em plano superior e nada do tipo, mas essa sensação passou assim que sentiu novamente aquela brisa pelo rosto, ela sorriu.

- Obrigada!

Levantou, e sem antes olhar mais uma vez na foto, saiu do cemitério, se sentia como se tivesse sido aceita por Ivana, mas ela estava morta, e daí?

Pensou sorrindo, o mundo é muito maior do que sonha a nossa singela filosofia.

Os dois dias passaram rápido demais, até para Ohana, que vivia presa dentro de casa, sobre as vontades de Heitor.

Hoje eles iriam depor, tinha se arrumado, nada muito lindo, na verdade estava muito simples, estava sem animo para tentar se pôr bonita, Heitor a esperava no carro, tinha deixado bem claro que só estava indo por obrigação.

Ela desceu as escadas, trancou a porta e entrou no carro.

Quando chegaram no tribunal, Ohana viu logo, Felipe, Mel e nem sinal de Larissa.

Heitor se sentou e fez com que ela sentasse ao seu lado, ela conseguiu manter os olhos grudados no chão. Felipe tentou falar com ela, e Mel também, mas foram cortados grosseiramente por Heitor, então se afastaram.

Logo Larissa saiu da sala, com uma expressão calma, até que viu Ohana.

Policial: para depôr agora, senhorita Ohana Coutinho Lefundes.

Ela se levantou e foi seguida por Heitor até a sala, mas o policial disse que o depoimento era individual e secreto, obrigando Heitor a ficar fora da sala.

Ohana entrou na sala, se sentido nervosa, sentou na frente do conhecido delegado. 

Estéfano: Senhorita, quero que me conte como era a sua vida com o senhor Heitor Trigueiro do Valle antes da morte da sua mãe. - Ohana respirou fundo.
Ohana: era difícil, ele era violento, e ele e minha mãe brigavam muito.
Estefano: ele a agredia nesse tempo?
Ohana: não.
Estéfano: mas você afirmou que ele a agride, correto? - Ohana assentiu, sentido-se humilhada.
Estéfano: quando isso começou?
Ohana: quando minha mãe morreu, eu tinha 15 anos, e o Heitor já se mostrava possessivo comigo, mesmo antes da minha mãe morrer, ele já tentava me tocar. - Estéfano arregalou os olhos.
Estéfano: te tocar? Intimamente?

Ohana abaixou a cabeça, confirmando, mais humilhada do que nunca, era uma fraca que se deixava levar por Heitor.

-

Eu tô tão ansiosa pra postar o próximo capítulo... Mas depende de vocês, lembrem-se disso!
Bja ❤

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Única esperança - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora