5.

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ANGEL

Uma das piores coisas que pode acontecer comigo quando estou dormindo, é ser acordada no susto.

Eu simplesmente odeio.

Então não me julguem quando eu acordo querendo matar um animal que canta em minha janela quando ainda é madrugada.

Abro somente um olho e vejo o quão escuro ainda está o quarto. Bufo quando o galo não para de cantar.

Me levanto da cama com puro ódio, retiro minha máscara de dormir jogando em qualquer lugar pelo quarto e saio marchando e destilando ódio quarto a fora.

A luz forte do corredor me atinge junto ao sono ainda presente. E eu pude jurar que vi uma cabeleireira loira virando o corredor. Fico parada em frente à minha porta ainda tentando entender tudo.

Quando levanto rápido demais, ainda fico aérea e você pode me perguntar qualquer coisa que a resposta sempre vai ser "sim". Então eu paro e respiro fundo controlando meu sono e minha raiva.

Mas foi só o galo voltar a cantar em plenos pulmões que eu enlouqueço de vez. Estava quase descendo para matar o bicho quando a porta no fim do corredor foi aberta e Blake sai da mesma.

Ele veste uma calça jeans claro, completamente surrada e rasgada. Ela desprende de seu quadril revelando sua cueca vermelha boxer. Enormes botinas e uma camisa preta jogada ao ombro. Seus cabelos estão presos em um coque mal feito.

Estupidamente lindo.

- Dia. - me cumprimenta enquanto caminha em minha direção e me olha de cima em baixo

Estou usando somente um dos meus caríssimos pijamas de seda. Não me julguem, não sabia que viria para esse fim de mundo.

- Dia? Ainda nem clareou, é madrugada ainda. - exclama cheia de fúria

- Então volte a dormir diacho. - responde grosso

- Como? Só se você for lá matar aquele galo que cismou de cantar em minha janela.

- O madrugada? Ele é como se fosse o meu despertador.

- Faça ele parar antes que eu arranque pena por pena daquele animal asqueroso.

- Ele é asqueroso mas não tanto quanto você. - solta

- Como?

- Você garota, chegou aqui de pára-quedas e avoada como uma égua arisca. Reclama de tudo e todos. Não quer ficar aqui, vá embora. Não sei porque você está aqui para início de conversa. - diz de forma bruta e eu fico um tempo o encarando tentando processar tudo. - Aqui, acordamos cedo, junto com as galinhas antes mesmo do sol dar bom dia. Se não aguenta, os portões da fazenda estão abertas para a sua partida.

Ele termina de destilar todo seu ódio e some pelo corredor.

Que grande filho da puta, ogro do caralho e insuportável ao extremo.

Volto para o quarto com mais raiva ainda. Fecho a porta com força e me jogo na cama com o galo ainda gritando a plenos pulmões. E eu grito entre os travesseiros toda minha raiva.

Eu acabo dormindo e acordando horas depois, quando o sol já irradia para dentro do quarto. Me levanto e saio do quarto indo para o banheiro no corredor, já que aqui não tem suite, faço minha higiene e volto para o quarto onde troco de roupa.

Como eu pensava que viria para um lugar magnífico onde tiraria varias fotos, fiz minhas malas como se estivesse indo para Milão.

Que grande decepção.

Coloco meu conjunto magnífico da Chanel, ele é branco com um top franzido em cima e na parte de baixo é uma saia com as laterais trançadas revelando a minha pele. Nos pés, meus saltos pretos de fundo vermelho. Faço uma make leve e deixo meus cabelos bem presos em um rabo de cavalo.

Saio do quarto e a casa está em completo silêncio. Desço as escadas e encontro a Clara sentada à mesa com o café já posto.

- Bom dia. - digo ao entrar na cozinha e avisto uma menina ruiva de costas lavando a louça e dona Rosa sentada cortando legumes.

- Boa tarde já menina. - Diz a senhora e eu olho assustada para o relógio em cima da porta que marca quase uma hora da tarde - A mesa do café está posta para você, fique à vontade.

Sorrio sem graça e me sento. Clara vem para o meu lado e come junto a mim me fazendo companhia

- Eu dormi demais, acordei cedo com um galo cantando em minha janela. - explico ainda sem graça

- O madrugada? Me desculpa, é que já somos acostumados com ele e nem pensamos que ele poderia te acordar. Não se preocupe, essa noite prenderei ele para não te incomodar. - explica

- Não precisa, além do mais. Não planejo ficar por muito tempo por aqui. - digo - Quem é a menina? - pergunto para a Clarinha que desde que eu cheguei está calada

- É a Jade, ela ajuda a vó aqui na fazenda às vezes. - explica - Jade.

A moça vira de frente e é como está cara a cara com a Ariel. Que menina linda. Grandes olhos claros e enormes madeixas vermelhas como o fogo junto a um rosto perfeito e uma pele branca como a neve.

- Olá, sou a Jade Brunnet. Ajudo a dona Rosa aqui na fazenda de vez em quando. - ela caminha até a mim com um enorme sorriso enquanto seca suas mãos no pano de prato em seu ombro

- Olá, sou a Angel que caiu aqui de pára-quedas. - digo e retribuo seu sorriso

- Eu ouvi falar da senhora, é famosa né? - diz com os olhos brilhando

- É, digamos que sim. - respondo e me levanto da mesa levando minha xícara até a pia

- Que saltos lindos Angel. - Clara diz

- Mas você pode cair com eles e se machucar aqui pela fazenda. - Alerta dona Rosa

- É, mas me perdoem eu fiz as malas pensando que aqui fosse Milão não o campo. - digo

- Tudo bem, só tome cuidado.

- Tomarei. - respondo a mais velha

Jade é uma caipira de terra batida, essas enraizadas na roça mesmo. É lindo ver a sua admiração por mim e por toda a minha vida na "cidade urbana". Ela tem a minha idade, sou mais velha por dois meses e é lindo ver toda sua pureza, adoração e paixão por esse lugar que no meu ponto de vista só é poeira, animais e ogros.

Dona Rosa termina de cortar os legumes enquanto a Jade faz o almoço para ela e a Clara retira a mesa com a minha ajuda.

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Xxlys

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora