ANGEL
Chegamos em casa quando está quase anoitecendo. É uma bela caminhada até o açude e o tempo todo a Clara veio tagarelando.
Entramos em casa e eu fui logo em direção ao banheiro para tomar um banho. Aqui faz muito calor, é como se o sol andasse atrás de nós, bem na nossa nuca.
Tomo um banho refrescante e coloco um dos meus vestidinhos soltinhos, deixo meus cabelos soltos e desço descalça mesmo para o andar inferior.
Encontro a Clara já de banho tomado comendo o que parece ser angu doce com coco. Torço o nariz e sigo em frente até a geladeira pegando um pouco de água.
- Já chegaram meninas. - dona rosa pergunta me assustando
- Sim vovó.
- Tão cedo - diz
- A Angel não quis entrar na água comigo. - Clara responde e eu apenas dou de ombros
- Ah, que pena. Deveria ter entrado, a água do açude é tão refrescante. - diz enquanto se serve de um pouco de café.
- É, quem sabe na próxima. - digo e ela sorrir para mim
Nos sentamos à mesa e batemos um papo até que bom. A Dona Rosa conta sua história com o seu marido, e é impossível não se comover com tanto amor envolvido.
- De primeira eu não queria um cowboy. Ele fedia a cavalo. Mas ele conseguiu me conquistar, a cada dia que passava ele me mostrava o quão perfeito éramos juntos. - diz
- Tenho certeza que ele amou muito a senhora.
- E ele foi muito amado também. - diz orgulhosa
Ficamos tanto tempo ali conversando que quando vimos, a noite já tomava seu posto.
- Eita menina, deixa eu fazer a janta se não o Blake chega e não tem nada. - diz e se levanta
- Ele deve já está chegando. - Clara diz mas logo se retira da cozinha indo brincar em seu quarto
- Ele passa o dia todo pela fazenda né? - pergunto como quem não quer nada
- Ele ama esse lugar. - responde
Apenas concordo com a cabeça não querendo parecer muito interessada no ogro loiro.
- Que vontade eu estou de comer uma galinha com batata. - diz a senhora a minha frente - Você se importa de comer galinha novamente? Como já comeu ontem. - me pergunta
- Não, claro que não. Eu até prefiro carne branca. - digo com um sorriso
- A menina, eu sou apaixonada por galinha. - diz e eu acabo rindo junto com ela - Faz um favor para mim?
- Claro.
- Procure o Blake e peça para ele a galinha mais gorda.
Apenas confirmo com a cabeça e me retiro da cozinha logo saindo da casa. Com uma fazenda enorme é difícil imaginar aonde aquele cabeludo possa estar.
Descalça, ando pela fazenda inteira a procura do Blake mas nada. Avisto de longe o menino moreno que me ajudou com as malas e caminho até ele.
- Garoto. - chamo quando chego perto
- Menina bonita. - me cumprimenta e retira seu chapéu
- Sabe aonde está o Blake? - pergunto
- A última vez que o vi estava dando de comer as galinhas. - responde
Agradeço pela informação e sigo até o local onde ele apontou indicando ser o galinheiro.
A luz está acessa, e eu entro pé por pé com medo de pisar em alguma coisa.
Encontro o Blake de costas para mim, com um enorme saco de milho sendo despejado em uma grande vasilha. As galinhas todas eufóricas com o alimento me causa um pouco de medo.
- Blake. - O chamo e ele rapidamente me olho por sob os ombros
- O que? - pergunta com a voz grossa
- Sua vó pediu por uma galinha. - digo e vejo quando ele acaba de por todo o milho para os animais e descarta o saco.
Blake se vira para mim com toda sua estrutura maravilhosa e de cara fechada e bufa.
- Ela disse qual? - pergunta
- Não, apenas pediu uma bem gorda. - digo
Ele parece pensar enquanto encara as bichinhas. Blake se abaixa e pega uma enorme e a olha. Sem eu está esperando, ele me olha e segura no pescoço da galinha e o torce para o lado não dando tempo nem do animal gritar. E eu o encaro assustada
- Você está louco? - pergunto alarmada
- Está a galinha que ela pediu. - diz e me estende a galinha morta
- Você matou ela!
- Sim, e aqui está sua janta. - diz
- Eu não vou levar isso. É um cadáver.
- De onde você acha que vem o frango ou a galinha que você come garota? - pergunta agora sem paciência
- Da sessão de congelados?
Eu sei que não vem, mas na hora foi a primeira merda que saiu da minha boca.
Blake dá um sorriso debochado e eu acabo por revirar meus olhos para ele
- É muito patricinha mesmo.
- Me chamou de que? - pergunto
- Patricinha! - responde com desdém
- Você nem ao menos me conhece. - digo com raiva
- E pretendo continuar assim. - diz e passa por mim caminhando para fora do celeiro - Sabe qual o mais engraçado? - me pergunta mas fico em silêncio - Sempre imaginei as patricinhas como loiras e de olhos claros. Você é uma versão nova? - pergunta com um sorriso debochado
- Sempre imaginei cowboys lindos e sexys. - digo e ele para de andar e se vira para mim - Você é uma vergonha para eles - digo o que é mentira
Ele fica parado ainda tentando entender a minha resposta. Eu passo por ele com o maior sorriso no rosto, um sorriso de campeã.
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Tururu
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