26.

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ANGEL

Você pode imaginar o quão louco isso pode parecer?

Eu não sei o que sinto, mas sei que não é aquele ódio absurdo que sentia a algumas semanas atrás.

Acaricio o peitoral do Blake e suspiro. Ainda estamos deitados em meio ao feno no celeiro. Nenhum de nós conseguiu levantar ainda.

- Sabe o que é engraçado? - Blake quebra o silêncio

- O que? - apoio meu queixo em seu peito e o encaro

- Eu te odiei ao máximo quando você chegou. - diz e eu sorrio

- Eu também. Minha grande chance de fuga foi atrapalhada por você. - digo ao lembrar da primeira vez que o vi, eu estava tentando fugir e ele me pegou e jogou em suas costas

- Você era muito arisca, mas de primeira eu já tinha te achado bonita. - diz

- É mesmo? - pergunto e vejo ele concordar - Quando te vi também achei que não era de se jogar fora

- Nossa, assim você fere meu ego.

- Calado peão fajuto. - digo e ele acaba gargalhando

- Me chamou de que? - indaga

- Você, tem todo estilo de cowboy mas fala como um garoto da cidade.

- Será porque eu estudei e morei fora daqui? - diz

- É mesmo?

- Sim, vim para cá depois de tudo o que aconteceu. - diz e mexe em meus cabelos.

- E o que exatamente.

- A morte dos meus pais. - diz

- E como foi? - pergunto

- Acidente de barco.

- Barco? Sim, eles adoravam o mar, iam quase todo fim de semana. - diz e parecia pensar

- Me desculpa.

- Tudo bem. - da de ombros

- Quando eles partiram, a Clarinha tinha quantos anos?

- Somente três. Então decidi que seria melhor vir morar aqui, com a vó.

Ficamos em silêncio, claro que depois desse assunto, não tínhamos o que dizer.

- E você famosa. - diz e eu acabo rindo

- O que tem?

- Como é sua vida fora daqui?

- Movimentada, poluída e sem tempo para descanso. - digo

- Você gosta?

- Amo! - sou sincera

- Deve está sentindo muita falta.

- As vezes sim e às vezes não.

- Você pode voltar dizendo que fez um retiro espiritual. - diz e eu acabo gargalhando

- É, pode ser. Ou falar que estava doente, por isso que havia sumido.

- E eu seria o que?

- A doença. Tipo aqueles mosquitos venenosos. - digo e ele me olha descrente

- Mosquito? Eu estou mais para cobra. - diz e eu acabo gargalhando

- Minhoca, isso sim. - digo e ele rapidamente se levanta e me olha de cima

- Repete Angel.

- Você está mas para minhoquinha de fruta. - digo

Ele se ajoelha por cima do meu corpo e começa a me fazer cócegas, quase me fazendo engasgar com tantas gargalhadas.

- Para Blake, por favor - suplico

- Retira o que você disse. - diz

- Nunca.

- Retira Angel. - se possível, ele aumenta as cócegas e eu posso sentir meu rosto completamente vermelho.

- Eu retiro. - digo sem fôlego

- agora repete: Blake Ryan não é minhoquinha. - diz

- Blake Ryan não é minhoquinha

- Blake Ryan é muito gostoso.

- Está forçando.

- Repete Angel.

- Blake é gostoso demais. - digo e ele enfim para de me torturar

Respiro fundo e acerto tapas em seu braço

- Seu ridículo. - digo e me levanto

- Você ficou muito vermelha. - diz e gargalha

Reviro meus olhos para ele e me ajeito.

- Quase que eu tive um treco.

- Que nada. - ele vem e me abraça por trás

- Vamos, sua vó deve está preocupada com nos dois.

Eu acabamos de nos arrumar e tirar todo o feno de nosso corpo quando batem na porta.

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Então tá né

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Xxlys

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora