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ANGEL

Assistir o pôr do sol perto do açude é uma das coisas mais linda que já vi.

Ele sumindo pela imensidão do céu. A cor alaranjada tomando pose de tudo me bate uma paz.

Por isso, toda tarde eu venho a esse lugar. Me sento debaixo da grande árvore que me brinda com uma deliciosa sombra e medito e faço yoga. Não sei quando sairei daqui, e embora esteja me habituando com tudo, preciso de algo que não me faça enlouquecer em meio a tantos animais.

Me sento ao chão e fecho meus olhos sentindo a brisa fresca atingir meu rosto.

A meditação faz com que eu coloque meus pensamentos em ordem e me ajuda a pensar no meu próximo passo. Enquanto minha mãe não dá um sinal de vida e continuo sem celular, preciso de algo que me mantenha sã.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali, de mente vazia somente sentindo a energia do lugar.

Me levanto e respiro fundo me sentindo leve novamente.

O sol já está se pondo mas o calor continua o mesmo como se ainda estivéssemos no meado do dia.

Eu olho para aquele açude, cheio de água verde e que agora, com o sol na minha cabeça, parece super refrescante

É sério, mesmo estando no fim da tarde. Parece que temos um sol para cada decepção amorosa.

Por fim, resolvo entrar nessa água que a Clara tanto ama nadar.

Olho ao redor e vejo que não tem ninguém então retiro meu short e blusa ficando somente de lingerie.

Caminho ainda meio receosa em direção à água e entro. A água está fria, mas não ao ponto que me faça sair e sim, que fique horas e horas.

O fato de não ver o que está abaixo de mim e no que estou pisando, me apavora. Então decido ficar somente na beira, onde terei fácil acesso se precisar sair correndo. E preferi não mergulhar.

Fico ali, na água até anoitecer. Quando vejo que meus dedos já estão enrugados, decido sair antes que fique escuro demais e eu não enxergue mais nada.

O fundo lamacento me causa nervoso e complica um pouco a minha saída. Quando saio, vou direto a árvore onde estão as minhas roupas.

- Não acha que está tarde demais para nadar?

Quase tenho um enfarto quando escuto a voz do Blake atrás de mim.

Me viro calmamente o encontrando sem blusa e com suas costumeiras calças surradas e botas.

- Você quer me matar do coração?

- Eu não quero te matar, mas parece que você quer morrer. Nadando essa hora, aqui não tem iluminação e daqui a pouco isso tudo fica em completo escuro. - diz como sempre de forma bruta

- Se você não está vendo, eu já estava me vestindo para poder ir embora. - digo da mesma forma

Blake me olha de cima a baixo e para tempo demais olhando meu sutiã à mostra.

- Perdeu o olho aqui?

- Não! Vamos, vou te levar até lá.

- Não pedi sua ajuda. - digo e visto minha blusa

- Arisca - o ouço sussurrar e isso me enche de raiva

- Você se acha o maioral não é mesmo? Sempre andando pela casa com seus insultos para mim. Eu finjo que não escuto você me chamando de patricinha ou de égua arisca mas isso está me cansando - digo com a respiração ofegante, bufando, enquanto  cutuco seu peitoral com minhas unhas grandes

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora