Capítulo 08 : Mudanças e descobertas demais! Sossego e paz de menos...

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- Por que não saímos para comer alguma coisa? – a pergunta me pegou desprevenida. Estava deitada no sofá da sala, distraidamente lendo um livro do autor Nicolas Catalano, enquanto ele assistia a alguma coisa na tevê e a minha mãe simplesmente cochilava no outro sofá.

- Sair? – coloquei o livro de lado e me sentei, tirando meus pés de cima dele e derrubando algumas almofadas no processo.

- É... – ele desviou o olhar da televisão e me encarou. – Amanhã você volta a trabalhar e acho que seria uma boa se saíssemos para aproveitar o seu último dia de licença.

- Acho que eu prefiro ficar por aqui mesmo. – respirei fundo e, apreensiva, controlei-me para não olhar na direção da janela.

- Iara... – ele se virou, ficando totalmente de frente para mim. – Você precisa encarar o que tem lá fora. Cedo ou tarde você terá que sair e seria interessante que treinasse um pouco. – sorriu. – Principalmente comigo ao seu lado para te distrair. – levantou as sobrancelhas sugestivamente.

- Me distrair, é? – ri da insinuação e percebi que ele próprio ficara com a expressão mais leve. – Mas se mesmo assim eu tiver uma... crise? – olhei na direção da minha mãe, que parecia estar mesmo dormindo. No entanto, por precaução, quando ela estava em casa eu evitava mencionar as coisas que eu ouvia e via. Não queria preocupa-la ainda mais.

- Eu cuido de você. – passou os dedos pelo meu joelho.

Fiquei alguns minutos ponderando a oferta. Eu realmente teria que sair e, indo ou não nesse encontro, amanhã cedo era obrigatoriamente o meu deadline¹, já que precisaria voltar a trabalhar.

- Acho que você devia aceitar, não aguento mais ver vocês aqui. Quero a casa só para mim um pouco. – ouvi minha mãe resmungar e quase ri ao ver que ela nem havia se mexido para falar. Literalmente entrara na conversa de olhos fechados!

- E eu achei que você estivesse dormindo, dona Dália. – retruquei.

- Até estava, mas vocês me acordaram. – ela abriu os olhos. – Tá vendo? Por isso que preciso de vocês fora daqui. Nem consigo mais cochilar em paz! – sorriu.

- Sei... – movi os olhos de um para outro, analisando-os. – Eu tô achando que estou no meio de um complô. – apontei para ambos e os vi rir.

- Complô ou não, sua mãe tem razão. – Araí comentou se virando para poder alternar o olhar para nós duas e não ficar de costas para ninguém. – Estamos acabando com a privacidade dela.

- A privacidade dela acabou a partir do momento em que me pariu. – ri. – Depois disso, foi só ladeira à baixo para a vida intima dela.

- E eu não sei disso? – ela se espreguiçou. – Não consigo nem mais soltar um pum sem ter alguém por perto pra cheirar. É horrível!

- MÃE! – arregalei os olhos e gesticulei na direção de Araí, que ria sem parar. – Não tem vergonha, não?

- Vergonha de quê? – deu de ombros. – Ele já está tempo o suficiente aqui para já ter esse tipo de intimidade comigo. – levantou-se. – Viu como tudo isso é uma merda? – suspirou. – Nem consigo mais ser decente. Vocês estão acabando com a minha vida particular.

- Mas isso não significa que queiramos ouvir você falar de puns, pelo amor de Deus! – revirei os olhos.

- Então, é melhor saírem de casa. Senão vão ouvir outras coisas também! – bateu na barriga e nesse momento Araí quase caiu do sofá de tanto gargalhar. Nem eu mesma aguentei e comecei a rir descontroladamente. – Viu só? Minha privacidade já se tornou piada para vocês!

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