Capítulo 13 : Nas trevas nos embrenhamos...

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Depois que consegui correlacionar, com sucesso, os desaparecimentos com a criatura que mais assombrava os meus pesadelos, não consegui descansar. Constantemente sentia a necessidade de ir cada vez mais fundo naquele assunto e confirmar as minhas suspeitas.

Ainda não sabia ao certo em que isso iria me ajudar, contudo, chegar à verdade me dava a sensação de que poderia ter um pouco mais de controle sobre a minha situação, uma vez que obtivesse mais informações para me orientar.

- Araí, por favor, não fique bravo... – sentei-me ao seu lado e o vi erguer uma sobrancelha sem desviar os olhos do livro que estava lendo.

- Não sei se vou ficar bravo, mas só de você ter começado assim, já desconfio de que não vou gostar da conversa. – resmungou antes de parar sua leitura.

- Na verdade, eu acho que você vai odiar. – suspirei tensa. – Mas quero conversar mesmo assim, pois vai acabar te envolvendo.

- Desembucha, mulher. – colocou o livro de lado e se virou no sofá para poder me encarar.

- Você parece saber muito mais sobre o mundo dos anciões do que eu, obviamente... – ele torceu os lábios e fiquei ainda mais nervosa. – Quero que me ajude a confirmar se são mesmo os sectos do Cthulhu que estão por trás dos desaparecimentos.

- Pra quê? – bufou irritado. – Já disse que isso é extremamente perigoso. Não dá para brincar com esse povo fanático. Não faz sentido se arriscar dessa forma. – reclamou, passando as mãos pelo cabelo, a "marca registrada" que demonstrava o quão estressado estava com o assunto. – Por que você vai querer mexer ainda mais no vespeiro, Iara?

- Porque eu preciso descobrir mais, eu preciso ter mais informações, eu prec...

- Você precisa ficar quieta e segura aonde eu possa vê-la. – rosnou, interrompendo-me.

- Espera, deixa eu terminar de explicar. – tentei mais uma vez. – Eu preciso sentir que estou um passo a frente, que tenho o controle de algo, sabe?

- Não! Não sei, Iara. – levantou-se impaciente. – O que eu sei é que eu tenho que cuidar de você e te colocar no meio de uma seita de assassinos loucos não vai me ajudar em nada!

- Como é que é? – levantei-me também. – Você TEM que cuidar de mim? Não vai TE ajudar? – cutuquei o peito dele. – Até agora só ouvi "eu", "eu" e mais "eu".

- Que coincidência! – retrucou ácido. – Desde o momento em que te conheci, também só tenho ouvido esses "eus". – riu cínico. – Vai ver que o seu egocentrismo é contagioso!

- Acho que você deve estar falando da sua egolatria, seu babaca! – cutuquei-o mais uma vez. – Eu não pedi para nada disso me acontecer e agora tenho que ficar desconfiando de tudo e de todos! Claro que em algum momento preciso pensar em mim para não enlouquecer de vez. – retorqui ainda mais brava. – Isso não é egoísmo, é auto preservação, idiota.

- Para de falar asneiras, Iara! – passou novamente as mãos pelos cabelos, mas desta vez com movimentos mais pesados. – Também não pedi para nada disso me acontecer! Ou você ainda acha que eu queria virar um escravo da vontade daquele monstro e ser sua babá?

- Babá? – ri com escárnio. – Não preciso que ninguém cuide de mim, posso me virar sozinha.

- Pode nada! – bradou. – Sou eu quem tem que ficar cuidando de você! O tempo todo estou colocando a minha vida em jogo, me sacrificando. – ele movia as mãos freneticamente em quanto falava. – Você é minha responsabilidade. E é justamente por isso que eu te PROÍBO de sair dessa casa sem meu consentimento!

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