Claquete 1: Belo começo

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Droga. Droga. Droga. É isso que eu ganho quando resolvo dar um up na minha vida? Serio? Um pneu furado, uma roupa toda encharcada de espuma e bem no meio de um bloco de carnaval?

Valeu a todos ai de cima.

Vamos resumir os últimos acontecimentos: eu terminei com o Bruno. Bruno Santoni, o cara mais fofo e lindo que já conheci. O típico cara que toda mulher sonha em ter, desses que a gente só vê em filmes clichês.

Eu briguei com a Priscila, nada mais nada menos que a minha melhor amiga de anos. Tudo por causa de um embuste no qual ela insiste em dizer que é o amor da vida dela ( qual é? Ela tem 18 anos, não conheceu nem metade da vida dela ainda) e fui "expulsa" de casa pela minha tia. A tia Cíntia me cria desde... desde a vida toda praticamente, meus pais sofreram um acidente de carro quando eu ainda tinha 8 anos. O fato é: ela quer que eu faça faculdade de algo seguro e eu quero fazer teatro. Então, já que não quero algo que ela queira, meio que fui obrigada a sair de casa e vim parar em BH para....

Ai.

Caio com tudo no chão, sentindo minhas costas pesadas. Minha mão está apoiada no asfalto áspero e pelo desconforto na região, pelo visto ganhei alguns ralados.

- Desculpa, desculpa, desculpa... deixa eu te ajudar por favor... é que - me deparo com uma garota de 1,65cm arrumando os cabelos todos desajeitados, suada, consertando a saia que no momento esta no umbigo, ruiva de cabelos longos.- ai eu sou muito desastr...

- Calma minha filha. Eu estou bem. - consigo finalmente abrir a boca e me levantar. - Na verdade você poderia olhar para onde anda, mas levando em consideração que ninguém aqui olha por onde anda, eu ... Relevo dessa vez - digo com um ar de humor em minha voz e só então me dou conta que estamos no meio do bloco sendo quase massacradas.

- Na verdade eu estava meio que correndo, eu quero muito sair daqui, sabe... - ela se aproxima mais para que eu possa ouvir, como se fosse me contar um segredo - problemas... hã... pessoais - fazendo uma careta.

Um banheiro. É disso que ela precisa.

Um mulher, alta, morena, com cabelos Black power surge no meio da multidão, segurando um copo de cerveja e meio cambaleando.

Ela se aproxima da menina ruiva, e agarra seu braço.

- achei um banheiro para você defecar amada, vem aqui - ela puxa a garota toda desajeitada, sumindo no meio de tanta gente. A ruivinha apenas conseguiu acenar para mim, e eu devolvi o cumprimento.

Fiquei um pouco atônita, tentando entender o que foi isso que acabou de acontecer. Será que o povo daqui é assim mesmo? Enfim, está a noite e é melhor eu procurar algum lugar para dormir, afinal, dirigi o dia inteiro, e é bem capaz que eu fique aqui e acabe dormindo no meio fio, depois arrumo um jeito de tirar meu carro dessa muvuca. Pois, definitivamente, não tem jeito de tira-lo daqui mais, muito menos arrumar pneu.

Claro ,ne Diana!!! Óbvio que em pleno Carnaval, Belo Horizonte estaria lotada, ou seja, zero lugar para você passar a noite

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Claro ,ne Diana!!! Óbvio que em pleno Carnaval, Belo Horizonte estaria lotada, ou seja, zero lugar para você passar a noite. Belo começo de nova vida.

Merda!! Já são quase 22hr e nada. Ideia foi essa a minha de vir para aqui sem conhecer absolutamente NINGUÉM. "Aaa Deus, eu vou morrer".

Pera. Pera ai. Tem a Julia!! Como não pensei nisso antes??? Julia e eu fomos amigas... colegas... na verdade, conhecidas do colegial, ela era um ano a mais adiantada que eu na escola. Então ela veio fazer administração aqui na UFMG e nunca mais nos falamos. Sorte a minha tenho ela no insta, ela curte minhas fotos, então é claro que vai me ajudar, puff. Penso nisso quando estou mandando uma mensagem para a jovem garota de cabelos dourados.

Nada de resposta... Poxa, é claro, uma vez ela me disse que morava perto da faculdade. É só eu ir atrás dela. Simples.

 Simples

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3 horas.

Esse é o tempo que estou procurando a Julia, consegui o endereço dela pelo insta. É uma casa bem central e bonita, essa garota sempre teve dinheiro mesmo.

Ajeito-me na frente da porta de madeira. Bato na porta, várias vezes por sinal, e finalmente ouço passos. É então que me deparo com uma muralha de 1, 85 mais ou menos, musculoso, moreno, de uns 20 e poucos anos, com a barba feita e...só de cueca.

Meu Deus! Abana.

- Pois não? - ele me olha meio impaciente, encostado no batente da porta. Sua sobrancelha se ergue, me motivando afalar alguma coisa. Só então me dou conta que estou parada igual uma boba encarando... sua cueca, observado o tecido é claro!

- Hein?... hã...- tento me concentrar, desviando meus olhos do paraíso - A J-Julia está? Eu preciso muito de fal...

- Dianinha, meu amor, vejo que já conhece o Heitor!!- Julia aparece eufórica nos fundo, na verdade, eufórica até demais

Tanto tempo sem ve-la pessoalmente, havia me esquecido como ela consegue ser linda. Julia passa por Heitor, colocando-o atrás dela.

Adeus visão do céu.

- Eu não queria atrapalhar, mas é que estou sem lugar para ir e não conheço ninguém aqui, bem... eu pensei que talvez eu pudesse ficar- Resolvo dizer logo, sem rodeios.

Analisando as suas sobrancelhas erguidas, a forma com que ela passava as mãos pelos cabelos loiros desorganizados e para a expressão de decepção do deus grego atrás dela, me apresso falar - é só até amanhã, para que eu possa procurar um lugar para ficar.

Julia se aproxima mais e encosta a porta atrás dela , me impedindo de curtir um pouco mais aquela miragem.

- Flor, eu gosto de você, mesmo, porém, estamos meio ocupados agora - ela ergue a sobrancelha e aponta os olhos para a porta e depois para ela. Eu entendi ao que ela se referia- queria te ajudar, mas não dá para você ficar aqui.- Julia curva os lábios, dando de ombros, como se aquele pedido fosse impossível de ser atendida.

.Ai que saco. Vou para se seguir ela agora mesmo!!

Depois de me despedir dela, com a mente me pedindo para cuspir na cara lavada daquela menina. Volto para a rua sem rumo, a pé, e seuja ainda de espuma. Num piscar de olhos, meu mundo gira, tudo fica mais lento, a visão escurece... Só consigo ouvir gritos, uma dor enorme no quadril e ver uma silhueta se aproximando...

Identidade Paralela||ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora