Claquete 10:Dançarina ou prostituta?

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Deixem sua estrelinha e sua crítica construtiva.
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Acho um barzinho cujo banheiro está disponível. Ao entrar, encaro minha imagem no espelho: a maquiagem de gatinho está borrada, meu body colorido está cheirando cerveja e meu rabo de cavalo está se desfazendo.

- Dia difícil? - Uma mulher que aparenta ter uns 25 anos, vestida de diabinha, alta e loira, surge no reflexo do espelho retocando o batom.

Apenas afirmo com a cabeça. É o único movimento que consigo fazer.

- Homens babacas e grana em falta. Acho que explodiu tudo de uma vez. – consigo finalmente dizer, fico impressionada comigo mesma por ainda ter uma voz, por saber falar, porque depois estupidez é quase como se eu voltasse a me tornar aquela criança de dois anos que está aprendendo a falar direito.

A bela garota, se ajeita em frente ao espelho, encarando o meu depressivo reflexo.

-Olha, a respeito de homem eu não posso te ajudar, mas quanto a grana...- ela tira um cartaozinho do peito e estende sua mão em minha direção .- Espero que você não precise estrar nessa vida, mas é uma solução. Viro-me um pouco para o lado, ainda equilibrando na pia nojenta do banheiro. Pego de sua mão, e ela sai pela porta, na mesma rapidez que apareceu,

"RedNigth, a boate do prazer. Permitida a entrada de todos, exceto menores de idade e compromissos. Venha se deliciar com nossas dançarinas "

Quase engasgo quando termino de le, sei bem o que se trata aquele estabelecimento. E de maneira alguma eu iria ser uma espécie de prostituta. Eu nem tirar minha virgindade tirei ainda. Deve haver outra solução. Vai haver outra solução.

Com muita dificuldade consigo me recompor, limpando a maquiagem borrada, e ajeitando o rabo de cavalo. É imperceptível os estilhaços que há dentro de mim, acho que está na hora de vestir um personagem mais autentico. Ser a atriz que desejo ser, e nada melhor que a minha própria vida para eu ensaiar.

Entretanto, assim que meus pés encontram com a calçada movimentada, toda minha atuação e personagem que criei é incrivelmente rasgado. Demorei tanto para ajeita-los e basta um olhar de Tomás para serem destruídos em segundos.

"Parabéns Diana Moreno!"

- Até que enfim eu te encontrei. – Tomás corre em minha direção assim que me vê, ele passa seu longos braços em volta de mim, apertando-me contra seu peito. Nem parece que aconteceu algo entre nós a menos de meia hora.

Ou melhor, o que não aconteceu.

- Você é doida? Cheio de gente aqui, você sem celular, sem conhecer a cidade direito, resolve brincar de pique-esconde ? - Ele cruza os braços, se afastando de mim, repreendendo-me.

Alguém precisa dizer para Tomás, que ficar sem camisa não ajuda ninguém a concentrar no que ele fala.

- Eu estou em perfeito estado e sei me cuidar sozinha – reviro os olhos, vestindo uma armadura autoritária.

Tomás me encara, e pela sua expressão, ele está lembrando do episodio lamentável entre nós. Sua mão cobre meu braço, puxando-me contra ele novamente, mas dessa vez não estão olhando para baixo, eu seguro o olhar para ele.

- Eu não queria te magoar, é só que...Você estava bêbada ou está. Sei lá. Não queria aproveitar de você. – existe uma confusão em suas palavras, e um peso nelas, ele está com seus músculos contraídos.

Aquilo me desconcerta, sua preocupação comigo, me tira do eixo. Aos poucos os barulhos que nos cerca, já não estão mais tão intensos, tudo o que prevalece é nossa respiração falhada.

Identidade Paralela||ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora