Claquete 12:a festinha

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Chego em casa ainda tremendo, pela insegurança e medo do que está por vir, sempre lidei com novidades, mas essa não é o tipo de novidade que você espera ter. Quando saí de São Paulo não era esse caminho que eu esperava seguir, mas situações drásticas requerem medidas drásticas. Tudo pela minha carreira de atriz.

- Ei princesa, chegando agora, é? – Tomás surge ao meu lado, enquanto ambos tentam entrar no prédio. Fingi que não ouvi e continuo andando - Vai brincar de ficar muda agora? - ele dá de ombros - por mim tudo bem, você vai perder mesmo, não consegue ficar calada. – Tomás espera o elevador ao meu lado, com aqueles olhos dourados fixados em mim.

- Cara, você é muito chato – digo sem paciência, passando os dedos pelo meu cabelo.

- Viu? Falei que você ia perder - ele solta um sorriso convencido

Segundo andar. Primeiro andar...

- Só estou de cabeça quente. Só isso. – por que diabos eu estou dando explicações a ele?

- Você está mesmo com uma cara péssima. Quer conversar? - Eu o encaro. Seu cabelo bagunçado ilumina ainda mais com os raios de sol de tarde o iluminando. E a sua expressão...é sincera, ele realmente quer saber o que se passa comigo.

Nem pensar eu posso contar isso a ele. E todo o encantamento que ele me olha? E se Tomás não me olhar mais dessa forma delirante? E se ele sentir vergonha de mim? Até eu sinto vergonha de mim.

- Não – minha voz é pesada. Eu queria que fosse diferente, mas é isso que se tem quando mentiras começam a cercar sua vida.

Térreo. Finalmente a porta se abre e nós entramos.

A principio ele não diz nada, apenas encara seus pés, enquanto eu olho para os meus. Ele coloca as mãos no bolso, e algumas vezes Tomás abre a boca, mas a fecha em seguida. Ele quer dizer algo, mas lhe falta coragem.

Eu gosto que ele tenha que criar coragem para falar comigo.

- Vai ter uma festinha no apartamento – Tomás vira seu olhar para mim – As meninas vão, você também deveria ir – há um sorriso de esperança em seu rosto.

É quase impossível negar aquele pedido, dito daquela forma, porém ele não precisa saber disso.

- Está bem, se sobrar tempo eu irei – dou de ombros.

Tomás da uma risada debochada, um riso que me pega desprevenida. Sua risada é contagiante, uma melodia que deveria ser ouvida sempre.

- Sem tempo? A princesa terá vários compromissos com a corte por um acaso? - ele cruza os braços e para bem na minha frente- Me diz que compromissos tem uma pessoa que chegou na cidade praticamente 1 semana, já organizou toda a mudança, não trabalha ainda e os únicos amigos da cidade estão nesse prédio?

Ele espera que eu responda, Tomás ergue a sobrancelha, encarando-me a todo tempo.

-É...hã... Arrumar meu guarda roupa? Colocar minha séries em dia? - eu digo como se fosse óbvio.

O elevador para, abre a porta, mas ele coloca seu pé entre a porta, impedindo com que ela feche e criando uma parede em minha frente, deixando-me encurralada.

- Que mania você tem de me prender – bufo

- E que mania você tem de fugir de mim – ele diz como se fosse algo simples.

Como eu não respondo, fico apenas lhe encarando, esperando que ele se canse e me deixe sair, ele se aproxima mais de mim, deixando nossos rostos a poucos centímetros, posso sentir seu hálito fresco. Por um breve momento penso que ele vai me beijar, porém ele parar nos dois centímetros.

Identidade Paralela||ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora