Claquete 4: coração acelerado

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Depois de Tomás explicar toda a situação para as meninas, eu estou sentada no sofá largo, confortável. Tem uma poltrona florida no meio da sala e logo em frente uma televisão 42 polegadas. A casa tem cores vivas e muito bem decorada, um ar bem adolescente e jovial. Alguns posters de bandas pregadas nas paredes bege claro entra em contraste com os quadros de pessoas importantes na filosofia. É contraditório, de um lado pareço estar em uma casa de adolescente, mas em contra partida, por um outro ângulo pareço ter entrado no ambiente de pessoas cultas.

- Você realmente não se lembra de mim, é isso? - tento parecer desapontada, mas sai com um tom de piada, quando direciono a minha pergunta para Joana.

A garota ruiva, que nesse momento sei que chama Joana. E além disso, a garota negra, de cabelos black power, na qual hoje esta preso por um turbante maravilhoso, é sua colega de quarto e de vida, pelo que entendi Valeria e ela se conhecem há tempos.

Joana estreita os olhos na minha direção e percebo que força muito sua memória. Ate que em um momento, seus olhos se arregalam, percebo sua bochechas com sardas, quase invisíveis, corarem.

Ela se lembrou.

- Por favor!! - Joana cobre seu rosto com as mãos, não deixo de reparar nas unhas curtas pintadas cada um de uma cor, e logo em seguida torna a olhar para mim- Não vamos falar disso...Pelo menos não agora- sua voz sai entre os dentes e os olhos apontam para o rapaz alto e forte encostado na parede, prestando bastante atenção na nossa conversa. É claro que ele percebeu que se tratava dele, porém fingiu não se importar. Sempre com aquele ar de superioridade.

- Vou procurar seu carro, então me passa a placa e ponto de referência de onde você deixou ele - a voz de Tomás sai como se estivesse de saco cheio de estar ali, como se estivesse ocupado o bastante para prestar atenção em nós. No entanto, seu olhar intenso sobre mim é o oposto da ideia que ele quer passar.

- Era perto de um banco...hã...tinha uma Praça...Qual era o nome?? - falo mais baixo e tento forçar para me lembrar.- Já sei! Meu carro estragou bem onde encontrei Joana - Olho para ela- Você poderia passar o endereço para esse mal humorado ali?- direciono meu olhar a Tomás, com um tom brincalhão. Ele me disfere um olhar desafiador, no entanto.

Tomás gostou da minha provocação e eu gostei de provocar Tomás.

A gente se encara, enquanto Joana escreve o endereço no papel. De todas as coisas que vivi nessas últimas horas, acho que nada foi tão apavorante quanto o olhar daquele garoto. Enquanto eu parecia desconcertar por dentro, embora eu tentasse permanecer inabalável, ele estava ali: uma mão no bolso, um perna apoiada na parede e aquela expressão de paisagem para mim, mas sendo muito sugestivo.

Não gosto da maneira como ele me afeta. Porém, gosto de estar perto dele, adoro essa adrenalina percorrendo minhas veias.

- Não queria atrapalhar esse lance de vocês dois ai não, porem acho melhor você ir atrás do carro dela agora se quiser tomar aquela avenida vazia...- Joana entrega o papel para ele, fazendo com que ele apenas saia pela porta sem nem se despedir.

Aquilo me desaponta mais do que eu queria. Pelo menos um tchau, não iria quebrar sua mão.

- Beijinhos para você também, seu ignorante! - Grito para que Tomás escute, ele deve ter escutado, mesmo com a porta fechada, ainda é possível me ouvir.

Espero que ele tenha me escultado.

Quando olho para frente, estou com Joana de mãos na cintura, boquiaberta, me encarando.

- Ele é gatão mesmo, mas vai com calma, porque ele só paga de garanhão. Nunca vi pegando ninguém. Eu mesma já dei muito em cima dele e ele nem deu bola. - Joana faz um beicinho, mas em seguida da de ombros. Ele não a afeta na mesma proporção que me afeta.

Identidade Paralela||ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora