Abro os olhos lentamente, e percebo um clarão vindo ate meu olho. Barulhos de correria inundam meus ouvidos. Sinto meu corpo todo doendo e...
Jesus Cristo! Eu estou em um hospital?!
Se não for em um hospital é em um hospício, porque só lá para ter gente de branco, macas e o lugar mais provável que eu possa ir nesse momento.
Não que eu nunca tenha ido no hospital e por isso o susto. Eu fui parar no hospital varias vezes. Inclusive, teve um dia que tentei invadir os estúdios globo para conversar com os diretores para deixar eu fazer o teste de uma novela. Eu fui obrigada a pular o muro e eu não sabia que era tão alto, então, isso resultou em alguns hematomas, um braço que brado. Além disso, teve outra vez que eu pulei de uma cama para outra, brincando com o Bruno, estava bem legal, até eu bater com a cabeça na quina da cama e ficar desacordada. O problema é que em todas as vezes que parei em um hospital, tia Cíntia estava do meu lado para arcar com os custos ( dar bronca também) e cuidar de mim.
- Que bom que você acordou garota. Pensei que tinha te matado. Por acaso você é louca de não olhar por onde anda?- Aquele homem, de ombros largos, com os braços definidos, com a pele em um perfeito bronzeado, de cabelo um pouco desgrenhado, os olhos de mel combinando com sua pele , de aparentemente de uns 21 anos...
Deus, me belisca se eu estiver sonhando. Será que os anjos tem essa aparência devastadoramente lindo?
No entanto o seu braço cruzado em frente ao peito, com os olhos arregalados em minha direção e mandíbula flexionada, dá a entender que ele não está para muitos amigos.
- Vai com calma rapaz. Você poderia me explicar exatamente, o que está acontecendo ao invés de brigar com a minha pessoa? - falo como se fosse óbvio.
-Você só entrou bem na frente do meu carro, não é? Digamos que eu te atropelei e isso acabou em uma perna quase quebrada , alguns machucados...- ele continuou resmungando, mas meus ouvidos pararam de escutar na parte "perna quebrada ". Como eu vou cuidar disso?
Acho que ele percebeu o meu susto e parou de falar.
- Oi? Como assim eu quebrei uma perna? Isso não ajuda nada no meu começo de vida. Você já parou pra pensar que acaba de empatar minha miserável vida? - não estou controlando mais meu tom de voz, minha vontade é esganar esse gato ( pensando bem, ele nem é tão gato assim). Algumas enfermeiras que passam por nós, nos pede para falar mais baixo.
- Eu exagerei, você só torceu o pé, daqui alguns dias, talvez semanas, está pronta pra outra quase morte. - ele debocha- E olha aqui...- ele abre um sorriso de ladinho, revelando um sorriso de fazer os pulmões pararem de funcionar.- Quem quase empatou minha vida foi você, sua doida. Em pleno Carnaval na capital , a gente costuma redobrar os cuidados com a segurança. - revira o olho como se fosse a coisa mais simples de entender do mundo.
- É que eu estava com certos proble...- Presta atenção Diana! Ele meio que resolveu seu problema temporariamente. Eu tenho um lugar para passar a noite agora: o Hospital. - Obrigada - abro um sorriso largo para ele e o mesmo parece não entender minha súbita mudança de humor - Eu não tinha onde passar a noite e agora você providenciou isso para mim - dou uma picadela para o rapaz com uma barba rala enfeitando o rosto.
A confusão em sua face é evidente.
-Você esta me agradecendo por ter te atropelado, e ter te trazido aqui? - o tom de voz é repreendedora - Você é muito maluquinha mesmo.- Ele pega a blusa de frio em cima da poltrona, se distância e vai rumo a porta, porém antes que aquele desconhecido possa abri- la, ele se vira - Volto amanhã cedo para saber como você está, só por obrigação.
- Qual é? Não vai me agradecer por ter dado um pouquinho de emoção para sua noite?- digo com um ar de convencida., mas ele ignora meu senso de humor e sai pisando fundo para fora do quarto .
Olho pela janela no canto do quartinho branco, e mesmo a milhares de quilômetro de São Paulo, é inevitável meus devaneios pararem lá. Mais especificamente, na casa de Bruno. Será como ele está? O que ele está fazendo? Com 3 anos de namoro, é difícil se desligar 100% da pessoa, é como se ambos estivessem ligados por um fio imaginário. É estranho, porque nesse exato momento queria muito ligar pra ele e contar que um doidão quase me fez passar para outro plano. A gente ia rir, ele ia me fazer raiva, a gente brigaria mas eu ia saber que podia contar com ele para tudo. Depois aquele belo para de olhos azuis ia correr para BH, como se fosse bem perto de São Paulo, ia me levar para um hotel, comprar pacotes de fini e fazer com que eu me sentisse especial. Seria tudo tão mais fácil se ele fosse não fosse perfeito. Se ele tivesse sido babaca, acho que as coisas irião ser mais fáceis.
Deve ser os analgésicos que intensifica nossa melancólica, que faz nossas feridas serem escancaradas para o mundo. Com todos esses pensamento, adormeço, pedindo a Deus uma solução para meus problemas.
Quase caio da cama, quando abro os olhos e dou de cara com mal humorado que me atropelou ,tão perto aponto de fazer com que eu sentisse seu perfume forte, presente, mas ao mesmo tempo delicado...E como ele cheira bem. Eu poderia passar horas perto dele, apenas sentindo aquele perfume.
- Você costuma olhar as pessoas dormindo assim mesmo, ou eu sou a única privilegiada? - falo ajeitando meus cabelos, na tentativa de evitar com que ele me veja desarrumada.
Não sei exatamente porque a ideia de ele desagradar de minha aparência me incomoda tanto. Deve ser porque ele é absurdamente lindo.
- Vamos tentar ser maduros, okay? - aquele belo desconhecido ajeita sua postura - Vim te levar para casa!
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Identidade Paralela||Concluída
RomanceDiana Moreno se muda para Belo Horizonte, a fim de alcançar seu sonho de se tornar uma renomada atriz. Só que ela não contava que a vida na cidade grande poderia custar caro, ainda mais agora sem a ajuda financeira da tia. Para arcar com os custos d...