7 | Estou preocupado com você

181 33 19
                                    

Soltei as mãos de Jeferson, girei minhas pernas para se unirem e, num salto gracioso, fiquei de pé em frente à diretora, parecendo uma criança feliz e despreocupada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Soltei as mãos de Jeferson, girei minhas pernas para se unirem e, num salto gracioso, fiquei de pé em frente à diretora, parecendo uma criança feliz e despreocupada. Escondi minhas duas mãos para trás em um gesto de educação — quando, no fundo, eu só queria esconder os cortes que a taça causou na minha palma esquerda — e abri um sorriso triunfante.

— Foi apenas um mal entendido — comentei, usando toda a calmaria na voz.

Sandra franziu o rosto, observando Jeferson se levantar do chão.

— Alec, você conhece as regras mais do que qualquer um aqui. Sabe que não é permitido violência no colégio. — Ela balançou a cabeça na direção de Jeferson, que já estava em pé. — Você também deveria estar ciente disso, rapaz.

Ele girou a cabeça em 360° para relaxar o corpo e me encarou de maneira furiosa, declarando todo o seu rancor na expressão. Tudo o que fiz foi lhe lançar um olhar bondoso de quem dizia "Você quem começou".

— Não estávamos brigando — ele murmurou, abrindo e fechando as mãos rapidamente. — Eu só... estava correndo para a quadra quando esbarrei em Alec sem querer — mentiu, os olhos castanhos bem firmes nos meus. — No esbarrão, acabei quebrando a taça dele, e ele levou para o lado pessoal. Foi só isso. Nada demais.

Marcus me examinou de maneira desconfiada. Claro que ele era esperto demais para se deixar levar por essa mentira.

— É isso mesmo, Alec? — Sandra quis confirmar.

Meu sorriso secreto deu as caras para todos ao meu redor.

— Claro. — Olhei para os cacos de vidro da taça quebrada no chão. — Vou já limpar isso. Mas, antes, preciso ir ao banheiro. — Comecei a caminhar para trás. — Estou muito apertado mesmo. Mais um minuto aqui e eu mijarei nas calças.

A diretora só suspirou.

— Vá logo.

Lançando um olhar de aviso para Marcus e Jeferson — com habilidade suficiente para fazer Sandra não suspeitar da nossa rixa —, corri para o banheiro. Lá, puxei alguns papéis-toalha, os apertei na minha mão esquerda e fiz o que tinha que fazer ali. Voltei à pia para lavar minhas duas mãos, aproveitando para analisar os cortes. Sinceramente, minha suspeita era de que eles fossem bem mais feios do que a realidade: havia só uns riscos leves, do tipo que aconteceria se eu deslizasse uma faquinha de serra sem querer na mão ao cortar cheiro-verde. Admiti um rosto feliz destinado a mim. Orgulhoso, fitei-me no espelho enquanto me lembrava do que tinha acabado de ocorrer.

Você é forte pra caralho, elogiei-me no meu pensamento. Mais do que aqueles dois.

Ignorei a ardência da água na palma da minha mão e aguardei que o pouco sangue parasse. Esperei por um minuto, até perceber que meu objetivo iria demorar um pouco mais. Peguei mais papéis-toalha, então, e os comprimi na mão cortada, já deixando o banheiro para trás.

ALPHA: OS INTRUSOS [LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora