ALPHA: OS INTRUSOS [LIVRO 2]

9 | Eu acredito em você

[14 DE AGOSTO DE 2020 — SEXTA-FEIRA]

A região onde todos os dois pavilhões — o masculino e o feminino — de dormitórios se convergiam era, além de bastante vasta, praticamente um lugar de descanso, com sofás, livros e cadeiras disponíveis. Era nessa região também onde se encontravam dois dos diversos lances de escadas disponíveis para o térreo. Eu estava sentado em um dos sofás dela pela manhã de sexta-feira, só usufruindo das redes sociais. Alec me fazia companhia há uns cinco minutos atrás, mas teve que sair para ajudar sua amiga — Vanessa — com Química.

Não quis atrapalhá-los.

— Cara — Alessandro apareceu de algum lugar e sentou-se ao meu lado —, eram verdadeiros os boatos de que você quase ia sendo expulso?

Luca surgiu logo depois dele também, brincando com uma carta de baralho nas mãos. Ele se apoiou no escoro do sofá, ficando à minha esquerda, do mesmo lado onde Alessandro estava.

— Sim. — Cocei o nariz, subi minhas pernas e me virei para os dois. — Jeferson me acusou te tê-lo esmurrado. Dá para acreditar?

Luca arregalou os olhos.

— Quem é esse? — perguntou.

— O namorado do garoto que teve a mesma nota que Alec na prova do ALPHA.

Ele passou a mão no queixo, a expressão circunspecta.

— Mas por que ele faria uma coisa dessas com você?

— Eles são um câncer para o colégio. — Balancei a cabeça. — Não prestam. E não precisam de um motivo para bagunçar minha cabeça. — Vivem pegando no meu pé o no de Alec desde que chegaram aqui. Estão fazendo de tudo para nos sabotar.

— Como Matthew fazia antes? — comparou Alessandro, alarmado.

— Eles são bem piores que Matthew, vai por mim — garanti.

— Puta merda.

— Pois é, meu amigo, sempre tem que ter uma pedra no meu sapato. A diferença é que Alec está pagando o preço também.

Alessandro ajeitou seus óculos e se aproximou.

— Vem cá... Foi você mesmo que bateu nele? — perguntou, curioso. — Ele tá com o rosto machucado mesmo, então...

— O quê?

— Qual é, Joshua, todo mundo sabe, considerando suas brigas com Matthew, que você teria coragem de socar alguém. — Alessandro levou a mão direita ao peitoral. — Sou seu amigo, pode confiar em mim. Foi você?

Luca fez uma careta de tédio para Alessandro.

— Não, não fui eu — menti, assegurando-o com um tom bem firme. — Jeferson tropeçou no vestiário da quadra e bateu o rosto no chão. Por não ir com a minha cara, acabou me culpando.