ALPHA: OS INTRUSOS [LIVRO 2]

17 | Não faço a mínima ideia

Não sabia se eu falava alguma coisa ou partisse do corredor sem dizer nada. Supus que, considerando a expressão franzida de Rúbio, o pai de Alec, eu devesse optar pela segunda alternativa. Mesmo tendo passado alguns meses após a última vez em que o vi, ainda sentia aquela áurea esquisita e desconfortável. Achei difícil chegar um dia em que eu fosse estar diante de Rúbio e não sentir alguns nervos do meu corpo ficarem rígidos ou meu estômago embrulhar.

Isso me fez pensar no que Alec teve de suportar por anos.

Ao contrário de mim, seu pai não parecia nem um pouco surpreso em me ver.

Acabei percebendo que não precisava tomar a iniciativa para fugir: ele simplesmente massageou a barba, infiltrou uma mão no bolso da calça, passou pela minha direita e, não dirigindo uma palavra para mim, encontrou o caminho da saída. Não olhou para trás também à medida que caminhava elegantemente ao estacionamento. Obviamente, fiquei alguns segundos em choque, e, por consequência disso, não pude sair do lugar. O que diabos ele veio fazer aqui?

Soltei o ar que havia prendido sem querer e me recompus.

Tenho que falar com Alec.

Quando cheguei ao seu dormitório, o vi caminhar de um lado para o outro, a mão direita abaixo do queixo. Ele estava tão reflexivo que não me escutou ao abrir a porta — e nem ao fechá-la.

— Ei — falei, ganhando sua atenção.

Alec arqueou as sobrancelhas.

— Eu estava certo — afirmou para mim, visivelmente cauteloso. — Marcus aprontou de novo. Ele me provocou no jornal com uma pergunta que dizia que talvez eu devesse me preocupar com a possibilidade de não ganhar o campeonato, já que ele é o melhor aluno. Palavras dele.

Fiquei besta.

— Quê?!

— Tá escrito na terceira página do jornal.

— Ninguém aqui acredita que ele é o melhor. — Fui à cama pegar o jornal e, lendo a informação por uns segundos, fitei Alec. — Que merda é essa?